quarta-feira, 29 de março de 2023

O fantástico número 12

 Nossa contagem de tempo esbarra várias vezes em múltiplos do número 12. São 12 meses em um ano, 24 horas num dia, 60 minutos em uma hora, 60 segundos num minuto.

As primeiras explicações dadas a esse respeito dizem o seguinte: em um ano, a Lua fica cheia 12 vezes. E, portanto, é natural dividirmos um ano em 12 pedaços (os meses). Isso não é exatamente correto.

A incomensurabilidade, sobre a qual já falamos, nos garante que haverá anos com 12 luas cheias e anos com 13 luas cheias. Portanto, a opção pelo número 12 não passa de uma escolha.



Há quem diga que são 12 as constelações zodiacais e que por isso deveríamos repartir o ano em 12 pedaços. De novo caímos em uma escolha arbitrária, visto que as constelações foram criadas pelo homem e portanto poderiam haver duas, cinco ou 18 constelações zodiacais.

Na verdade, de acordo com os limites atuais das constelações, estabelecidos em 1930 pela União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês), o Sol, em seu caminho aparente ao longo do ano, percorre 13 (e não 12!) constelações.

Mais uma vez voltamos à nossa pergunta original: por que 12?

O historiador da matemática Georges Ifrah apresenta uma tese interessante. Ele argumenta que os sumérios (reconhecidamente a primeira civilização a estudar os céus para fins práticos) usavam uma inusitada forma de contar os números por meio dos dedos.

As falanges dos dedos da mão direita (com exceção do polegar, que era usado como "marcador") eram usadas para contar os números de 1 a 12: os dedos da mão esquerda (inclusive o polegar) eram usados para contar as dúzias, inaugurando o que hoje chamamos de aritmética posicional (o valor de um número depende de sua posição e, portanto, 21 é diferente de 12, pois as posições dos números um e dois neste exemplo simples são diferentes).

As mãos dos sumérios formavam um ábaco improvisado, que marcava, sem muito esforço, qualquer número de 1 a 60. Com uma aritmética posicional de base 12, não é por acaso que as divisões arbitrárias que inventaram para a contagem do tempo sejam múltiplas deste número.

Fonte: CHERMAN, Alexandre & VIEIRA, Fernando. O tempo que o tempo tem: Por que o ano tem 12 meses e outras curiosidades sobre o calendário. Rio de Janeiro/RJ: Jorge Zahar, 2013, pág. 43-44.

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