sexta-feira, 27 de abril de 2012

Luto: Morte de Juliano Vergara

Nossa homenagem ao amigo Juliano Vergara, encontrado morto na data de hoje em sua casa à Rua Prof. Agostinho (rua do CTG Tropeiros do Sul). Juliano era enfermeiro da Prefeitura Municipal de Capão do Leão, exercendo recentemente seu ofício no CAPS Casa Vida. Alegre, sociável, camarada, idealista, era pré-candidato do Partido Socialismo e Liberdade à prefeitura. Grande e  chocante perda! Vai em paz, irmão!

domingo, 15 de abril de 2012

Lideranças Negras em Capão do Leão

Extraído de: SANTOS, José Antônio dos. Etnicidade, Nação & Culturas: Intelectuais Negros - Educação e Militância.Obs: Este trabalho foi originalmente desenvolvido, com ligeiras modificações, como um sub-capítulo da dissertação“Raiou A Alvorada: intelectuais negros e imprensa, Pelotas (1907-1957)”, defendida em 2000/2 junto ao PPG de História da Universidade Federal Fluminense. 

"Acreditamos que Antonio Baobab, mais velho que os demais, com toda a experiência acumulada na liderança operária, professor e líder da comunidade negra, onde ocupou cargo na diretoria do Asilo São Benedito, foi o iniciador e principal mentor da criação do jornal A Alvorada. Segundo Xavier no último artigo citado, era “Inteligência lúcida e trabalhada por si própria, autodidata, bastante orientou os primeiros passos da ‘Alvorada’. A morte o arrebatou quando dele muito se esperava”. Em maio de 1907, Baobab assumiu o cargo de auxiliar de redação junto com Juvenal Augusto que era o redator do jornal, teria iniciado então, verdadeiracampanha de alfabetização dos negros na cidade, interrompida de forma prematura em julho deste ano, quando morreu aos 49 anos.
Durval e Juvenal Morena Penny, considerados pelos articulistas os donos do jornal, foram alunos particulares de Baobab. No ano de fundação do hebdomadário, os irmãos trabalhavam como gráficos nas oficinas do jornal O Arauto, onde, após o expediente, começaram a organizar o pequeno jornal que se chamava A Alvorada. Durval fez parte desde muito jovem de inúmeras associações da comunidade negra pelotense, aplicado nos estudos, formou-se por correspondência em Medicina no Instituto Nacional de Ciências do Rio de Janeiro em 1914. Ele possuía farmácia e consultório médico no centro da cidade de Pelotas, onde era considerado “médico da pobreza”. Segundo seu filho, Durval foi o primeiro negro a ter carro na cidade, o que lhe facilitava o deslocamento até o terceiro distrito de Capão do Leão, local em que possuía outra farmácia, pois na cidade de Pelotas os clientes brancos eram escassos. Conforme sabemos o racismo era muito presente naquela cidade nas décadas de vinte, trinta, quarenta e cinqüenta, desta forma, não devia ser fácil para um médico negro trabalhar em Pelotas, o que pode ajudar a explicar a “opção” de Durval Penny pela pobreza. Ele facilitava o pagamento com gêneros alimentícios para obter clientes, opção que o levou até Capão do Leão, distrito de Pelotas formado por colonos alemães e negros camponeses que trocavam sua produção (galinhas, porcos e frutas) por consultas médicas." (p.07-08)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Capão do Leão na década de 1940 no relato de um viajante


Extraído de: LOPES, Francisco de Paula Chirico. O Solar dos Meiras. Local indeterminado, Juvenal & Irmãos Livreiros, 1948, p. 121-123.

“Decerto, o distrito de Capão do Leão já nos fora mais agradabilíssimo em outras épocas e a Luiza preferia voltar à capital logo nos primeiros dias. Diante de minha relutância, ficamos hospedados na chácara do Dr. Fernando até que as coisas se resolvessem. (...) O Capão do Leão já teve seus tempos coroados por causa dos franceses e da grande obra da Barra do Rio Grande do Sul. Hoje, a pedra ainda faz a riqueza do lugar, assim como o aroma dos cítricos. Falava-nos o Dr. Fernando que muitos foram embora depois das enchentes que marcaram esta década. Paralelo, vieram para o lugar esta gente sarará, mista de alemães e negros, que impressiona pela pele escurecida e pinguinhos de sardas ao redor de olhos que insistem em ser verdes.[grifo nosso] No passado, o senhor gerente do hotel descia com sua Ford Machine em direção ao Fragata. Agora, os cascos de bois pisam o solo da estrada, deixando-a como uma pequena renda tradicional, com seus rococós. (...)
No domingo, após termos feito rápido e frugal lunch na casa do Dr. Fernando, eu e Luiza e nosso anfitriões subimos rumo à estação, onde havia-se preparado prodigiosa festa para receber o juiz Magalhães e seu séquito. Os meninos descalços nos ofereciam bergamotas e laranjas a preços módicos. O aroma do café também pairava no ar. Certa aristocracia do lugar recepcionava os ilustres visitantes. Isto fez as preocupações de Luiza cessar, ao menos naquele instante.
(...)
Notável obra de engenharia a Ponte do Sr. Gastaud, junto ao Teodózio. O pic-nic ali denotava ao pequeno arroio um status de local para o swinning.”

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Propaganda Eleitoral 1994

Propaganda eleitoral de candidato à Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul nas eleições de 1994. Na foto, o Sr. Eurico Pegoraro, político da Zona Sul do estado e com grande ligação política com Capão do Leão no início da década de 1990. Pegoraro foi candidato à prefeito nas eleições municipais de 1992, a mais surpreendente de nossa história, onde o "azarão" Getúlio Victória surpreendeu os dois candidatos considerados "franco favoritos" Vilmar Schmitt e o próprio Pegoraro. A campanha de Pegoraro para prefeito em 1992 foi uma das mais intensas que já vi na história do Capão do Leão, com grande movimentação e inúmeros apoios. Todavia, a multipolarização observada naquele ano permitiu um cenário completamente diferente como resultado final e Pegoraro ficou em segundo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

As Colônias Perdidas de Capão do Leão


Brasão de Armas do Condado de Wexford, República da Irlanda
A colonização européia não-ibérica (portuguesa e espanhola, que estiveram ligadas ao processo de conquista colonial) no Rio Grande do Sul tem como marco simbólico a vinda de casais alemães à região do Vale do Rio dos Sinos em 1824. Outro importante fato histórico foi a chegada dos italianos em 1875. Houve outras levas de imigrantes, de diferentes etnias e em diferentes épocas. Contudo, os elementos alemão e italiano irão se destacar como os mais preponderantes neste processo, sendo responsáveis pelo desenvolvimento do estado a partir da 2ª. metade do séc.XIX e pelo surgimento de prósperas cidades.
Capão do Leão majoritariamente é um município constituído por descendentes de elementos portugueses, espanhóis, africanos e indígenas, porém com relevo também para italianos e alemães. Curiosamente, na área do município houve duas tentativas de colonização européia que não lograram êxito, mas que se enlevam por seu ineditismo. Uma colônia agrícola formada por irlandeses e uma colônia de profissionais graniteiros formada por gregos.
A Colônia Dom Pedro II
Primeira experiência na região de Pelotas de colonização européia não-portuguesa, anterior ao estabelecimento dos primeiros núcleos alemães, italianos e franceses. Surgiu em 1851, por iniciativa da Associação Auxiliadora da Colonização dos Estrangeiros, numa área entre os arroios Fragata e São Tomé, formada por seis famílias inglesas e 300 colonos irlandeses. Estes colonos, em sua grande maioria profissionais artífices, eram procedentes do sudeste da Irlanda, da baronia de Forth, no Condado de Wexford. Chegaram entre 1852 e 1853 provenientes do porto de Liverpool, na Inglaterra. A colônia teve problemas por falta de capital desde o seu princípio, o que levou muitos colonos a deixarem o local em direção a centros urbanos ou a outras colônias estabelecidas no Uruguay e Argentina. O último registro data de 1867. Muitas famílias, entretanto, permaneceram: Sinott, Staford, Moncks, Brião (Brian), Ennis, Carpter (Carpenter), etc.
A Colônia Dom Pedro II foi a única colônia agrícola de irlandeses do Rio Grande do Sul e uma das três únicas do Brasil.
A Colônia Grega do Cerro do Estado
Entre 1926 e 1928, 28 famílias gregas, provenientes da região da Macedônia (norte daquele país), foram trazidas pela Compañia Americana de Construcciones y Pavimentos (firma argentino-norte-americana concessionária da Pedreira do Cerro do Estado entre 1925 e 1939) para trabalhar em diversas atividades de exploração de granito. Eram trabalhadores que já tinham trabalhado na própria Grécia numa subsidiária da Pan-American Industrial Corporation no mesmo ramo de atividade. No caso, a Compañia Americana que esteve no Capão do Leão também era subsidiária desta holding. Pouco se sabe a respeito destas famílias em Capão do Leão, porém seu registro documental é evidente e aqui permaneceram até aproximadamente 1937. De acordo com um graniteiro leonense que iniciou a trabalhar nas pedreiras do Cerro do Estado em 1935 e cujo pai foi funcionário da Companhia Francesa, o local era uma verdadeira “babel de gente’, com pessoas das mais diferentes nacionalidades ali empregadas. O fato é que seu testemunho corresponde às provas documentais que acusam ao menos trabalhadores de doze diferentes países que trabalharam no Cerro do Estado entre 1911 e 1937.

Para saber mais:

Exposição de Camisas Históricas da S.R. Palmeiras em 2007


Exposição de camisas de futebol que fizeram a história da Sociedade Recreativa Palmeiras, da Fazenda da Palma, em Capão do Leão, no ano de 2007, na sede do clube. Cortesia: Luiz Teixeira

Madrinhas da S.R. Palmeiras em diferentes épocas

Foto acima: Dausa (aprox. final da década de 1960)
Foto abaixo: encontro de madrinhas de diferentes épocas em 2007
Cortesia: Luiz Teixeira
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