quarta-feira, 31 de maio de 2006

Dados gerais sobre Capão do Leão

A localidade remonta ao século XVIII, época da disputas territoriais entre lusos e espanhóis. Os primeiros habitantes europeus datam da década de 1780 e eram sesmeiros. Isto é, em geral, pessoas que recebiam da Coroa Portuguesa, como retribuição aos serviços prestados, lotes de terra. Na região de Pelotas isto foi muito comum e, no Capão do Leão, acusa-se a existência de três sesmarias dessa época: Sant'ana, São Thomé e Pavão.
Durante o século XIX, a localidade converteu-se num importante paradouro de tropeiros que traziam gado da Campanha para as charqueadas pelotenses. Em 1893, Capão do Leão foi elevado à condição de distrito de Pelotas(quarto). Com o início das obras para a construção dos molhes da barra do porto de Rio Grande, no início do século XX, Capão do Leão contribui muito com este projeto. Dado que era (e é) uma das principais reservas de granito do estado.
Pois bem, retirou-se grande quantidade de blocos de pedra de granito de Capão do Leão nessa época, o que trouxe certo desenvolvimento à vila (que já datava da década de 1880), com a migração de vários operários que vieram trabalhar nas minas. Um dos aspectos importantes desse processo foi a instalação da Compagnie du Port du Rio Grande du Sud, em 1909.
Durante o século XX, mais e mais migrações contribuíram para o aumento da vila, bem como o surgimento do bairro Jardim América, nos anos 50.
Em agosto de 1963, houvera uma primeira tentativa emancipacionista que, entretanto, foi anulada na justiça. Somente em 03 de maio de 1982 a emancipação tornou-se uma realidade.
Posteriormente, elegeu-se o primeiro prefeito (Elberto Madruga) e a primeira câmara de vereadores. O atual prefeito é o Sr. Vilmar Schmitt (PDT).

Um crime contra o patrimônio histórico

Datando do início do século XX, a Estação Ferroviária do Teodósio é um dos testemunhos da Vila de Capão do Leão nos seus primórdios. Entretanto, o cidadão que passa por perto vê a construção ruindo! O tempo, cronológico e meteorológico, encarrega-se de demolir suas estruturas, contudo, não pode-se esquecer do vandalismo que não poupa nem o passado.
Indago: em que situação está a associação comunitária que recebeu aquele prédio em permuta no final dos anos 90? Posso estar enganado, mas uma das primeiras cláusulas que se coloca num contrato de permuta de um prédio, é aquele que garante a sua preservação.
O poder público e a comunidade também podem se mobilizar... Parte importante da história de Capão do Leão está se perdendo. Que fim terá a estação do Teodósio? O mesmo que teve a Casa de Pedra próxima à escola Barão de Arroio Grande? Ou irão dizer que a estação do Teodósio não é "histórica" e sim "um prédio velho"?
Aguardo comentários.

História de Capão do Leão

Em 2003, trabalhando como estagiário do Núcleo de Documentação Histórica da UFPel, tive contacto com o Acervo Histórico da Bibliotheca Pública Pelotense. Desenvolvi trabalho de pesquisa sobre a escravidão em Pelotas, sob orientação da professora Beatriz Ana Loner. Minhas fontes de pesquisa foram jornais pelotenses da década de 1880. Nesta experiência, pesquisei jornal por jornal, edição por edição. O fato que mais me chamou atenção, entretanto, não foi o que coletava sobre o assunto em que estava pesquisando, mas, sobretudo, a quantidade de referências e notícias que saíam sobre Capão do Leão. Isto em jornais de 1884, 1885, 1886... Pensei o seguinte: "Capão do Leão?! Este nome já esta época?"
Aprofundei-me e coletei alguns dados sobre a localidade. Cheguei até pensar que poderia, por meio daqueles jornais, descobrir alguma coisa sobre o nome da localidade, quem sabe descobria um tal "seu" Leão?
O mais importante de tudo é que descobri uma fonte riquíssima para descobrir dados sobre as origens do município de Capão do Leão: o acervo do Museu da BPP. De facto, como não existe bibliografia suficiente, ou bem estruturada, sobre a História de Capão do Leão, creio ser este o caminho.
A propósito, sobre o nome não perdi a curiosidade. Fiz uma pesquisa diletante sobre tal, procurando achar indícios que pudessem esclarecer a origem do nome Capão do Leão. Publiquei um ensaio com os resultados no Informativo do Legislativo Leonense, edição de maio de 2004. Neste defendo a tese que o nome seja em razão da existência do leão-baio (Felis concolor) na região do atual município.
Em 2005, parti para a tarefa de descobrir mais fatos sobre a história leonense. Tenho achado alguma coisa e quero compartilhar estas descobertas.

Grupo Pró-Cultura de Capão do Leão

Em setembro de 2005, nasceu o Grupo Pró-Cultura de Capão do Leão, em meio as comemorações da Semana Farroupilha no C.T.G. Tropeiros do Sul. O contato e a posterior união de duas entidades(Instituto Leonense para o desenvolvimento da Educação e Cultura e Chácara Rincão Dourado) que tinham dificuldade de agrupar pessoas foi o fato fundamental para que surgisse o grupo. Hoje estamos trabalhando em várias frentes de trabalho, tentando fazer algo pela cultura em Capão do Leão. Há o projeto "Conhecendo Capão do Leão" - concurso de caráter didático-cultural - que é direcionado às escolas de rede pública de ensino básico do município. Um outro projeto do grupo prevê a recuperação do prédio da antiga sub-prefeitura, localizado nas dependências do C.T.G. Tropeiros do Sul.
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