terça-feira, 7 de maio de 2019

Comemorações de Carnaval no Rio Grande do Sul - década de 1860


"Carnaval. - Fazendo os nossos operarios parte dos divertimentos publicos que hoje terão lugar em honra do carnaval, nós impossibilita isto de darmos jornal amanhan."

Fonte: O BRADO DO SUL (Pelotas/RS), 21 de Fevereiro de 1860, pág. 01, col. 01

"Pelo ultimo paquete, procedente do Embaú, nos remetterão um figurino para servir de modelo no proximo carnaval. Ei-lo:

Botins de marroquim vermelho com elastico preto; calça de cazimira azul bordada a matiz; paletó branco com bolsos, dos quaes penderão dois lenços de seda de vivas côres; collete preto com grandes ramos vermelhos e alguns insectos bordados; gravata de varias cores; chapeo de palha côr de flor d'alecrim com fita preta á negligé; luvas brancas com laços de fitas encarnadas nos punhos; grande corrente de relogio da qual penderão muitos cachorrinhos, peixinhos, e todos os representantes da zoologia.

Se o mascara andar a cavallo, deverá trazer este todo guarnecido de prata, e com cabeçada vermelha e redeas da mesma côr.

Este é o figurino mais fashionable que se tem visto."

Fonte: JAGUARY: JORNAL POLITICO, LITTERARIO E INSTRUCTIVO (Porto Alegre/RS), 18 de Março de 1860, pág. 06, col. 02

"- Festejou-se o carnaval d'um modo espantozo: jogou-se muito o entrudo que desde 1855 estava abolido, tanto que já não eram sufficientes os limões, serviam bacias, jarros, canjerões, copos e canecas grandes, ceringas que levavam uma medida d'agua."

Fonte: ARCADIA: JORNAL LITTERARIO (Porto Alegre/RS), 15 de Fevereiro de 1869, pág. 02, col. 02

Comemorações de Carnaval no Rio Grande do Sul - década de 1850


"THEATRO
Sete de Setembro.

Em consequencia dos preparativos que se fazem para os bailes mascarados que devem ter lugar no mesmo theatro nos tres dias de carnaval, não póde haver o espectaculo annunciado para hoje, do que o emprezario péde desculpa aos Srs. assignantes e ao respeitavel publico."

Fonte: O RIO-GRANDENSE (Rio Grande/RS), 05 de Fevereiro de 1850, pág. 04, col. 04

"THEATRO
Sete de Setembro.
BAILES DE PHANTASIA

Nas noites de 9, 10, e 12 do corrente.

O empresario do mesmo theatro, querendo offerecer ao publico desta cidade, um divertimento condigno, dispoz das noites de 9, 10, e 12 do corrente para os bailes do carnaval.

O Theatro achar-se-ha disposto para esse fim com um magnifico tablado, e coreto de musica. O atrio do theatro achar-se-ha illuminado nas noites de divertimento, e livre para recreio dos mascaras, e concorrentes.

O escriptorio do theatro offerecerá variados vestuarios. As pessoas que os quizerem alugar, far-se-lhes-ha o aluguel em proporção á sua qualidade. Todas aquellas que quizerem vestuarios inteiramente novos, a empresa se encarrega de os mandar fazer, pelos figurinos que essas pessoas escolherem mediante o aluguel correspondente.

PREÇOS.

Entrada no salão. 2$000 rs.
Posse de camarotes. 2$000 rs.
Entrada para os camarotes. 2$000 rs.
Meninos e meninas de 8 a 12 annos. 1$000 rs.
Menores, gratis.

Observa-se porém que todas as pessoas que comprarem qualquer camarote deverão munir-se de tantos bilhetes de entrada, quantas as pessoas que o occuparem, tendo estas mesmas entrada no salão.

Os bilhetes desde já e achão á venda no escriptorio do theatro, e nas noites do divertimento serão vendidos á porta do theatro, não podendo qualquer transpol-a sem estar munido do seu competente bilhete, o qual será entregue ao porteiro que deve achar-se á porta do saguão.

O empresario para tornar mais brilhante o divertimento, tem resolvido formar uma loteria de 40 premios, entre os quaes a sorte grande será em dinheiro na quantia de dez patacões, e os mais de lindas bijotarias, e brinquedos.

Cada entrada de salão, ou camarote receberá gratis um bilhete desta loteria. A extracção principiará á meia noite em ponto, e os premios entregão-se no escriptorio do theatro.

O Baile principiará ás 9 horas, e finalisará ás 3 da manhã.

O principio do baile será annunciado por um ouvertura tocada a grande orchestra."

Fonte: O RIO-GRANDENSE (Rio Grande/RS), 07 de Fevereiro de 1850, pág. 03, col. 02

"Domingo 6 de Fevereiro foi o primeiro dia de entrudo ou carnaval, o que quer dizer, primeiro dia em que cada qual tem o direito de estragar a roupa da gente e, o que não é melhor, de lhe estragar a saude.

(...)

Porém, deixemos o nome e vamos á cousa: o carnaval dos amigos italianos, e francezes consiste particularmente em mascaras e em brinquedos: o mais que fazem é atirarem-se flôres, e confeitos, mascara á mascara, deixando em paz a gente que não quer brincar.

Nos cá entendemos o negocio por outra forma: todo o anno um homem ao passar perto de uma senhora lhe tira o chapéo, o que quer dizer que se humilha diante d'ella: chegado o tempo do entrudo acabão-se as ceremonias; em lugar da barretada o individuo olha para a individua e zas... lá vai essa meia livra de agoa, dentro de um limão de cera, lavar-lhe a cara. As meninas fazem o mesmo: todo o anno com um abaixar de cabeça muito sisudo correspondem aos comprimentos, no entrudo é com outro limão de cheiro, ou com uma caneca de agoa sem cheiro, que mostrão a sua benevolencia.

(...)

Agora a gente está menos decidida: a guerra entrudal principia no domingo, vai ficando mais crúa nos dous outros dias, e quem sabe até onde iria ella, se a quarta-feira de cinza não viesse logo dizer pax vobis!

O peior é que estando rotas as hostilidades n'esses tres dias, ninguem quer sahir á rua: as meninas então se entricheirão em casa que nem á missa vão."

Fonte: CHRONICA PORTO-ALEGRE (Porto Alegre/RS), ano 1852, edição 29, pág. 01-02


"Ahi vem o carnaval; freguezes, á elle; preparem flôres e doces, mascaras e carros; quero ver as meninas á janella sem medo dos imprudentes limões, que as occultão no inferior do gabinete fechadas á chave; o divertimento aguado fica abolido no codigo do bom tom; tudo o que fazemos é por ellas; cumpre não desterral-as por tanto tempo: brinquemos sem molestar o corpo e o juizo, que eu respondo por vós."

Fonte:  O GUAYBA: PERIODICO SEMANAL, LITTERARIO E RECREATIVO (Porto Alegre/RS), 25 de Janeiro de 1857, pág. 37, col. 02

"O Carnaval... alto lá! Nada direi... depois da carnavalesca, espirituosa e graciosa do nosso amigo 'Correio do Sul', faço calar a musa... tudo quer um principio... e do diluvio até a regeneração da sociedade passarão por certo do que 15 dias. Desappareceo o limão anti-diluviano, cessárão os baptisados publicos, succederão-lhes as mascaras, ainda em pequeno numero, mas sempre assaz para indicar as 'futuras alegrias, lembrando-se que a... creança virá á crescer'.

Tambem houverão 3 bailes masquês no - Café da Fama - e forão bem concorridos, tanto por familias, como por mascaras, entre as quaes algumas se distinguião pelo incansavel humor com qual desempenhárão os seus papeis de occasião.

Já que fallei em carnaval e mascaras, cumpre-me dizer alguma cousa do último Soirée, que na verdade foi um dos mais tristes - um Soirée que já trazia a cagula da quaresma. Um socio queixou-se-me do triumvirato da nova directoria, que tinha surgido de repente como aquellas cabeças que tanto nos fizerão rir na phantasmagoria, sem que se soubesse por certo d'onde tinhão vindo. Diz que fizerão a eleição meio ás escondidas, pois que deixárão de convidar um bom numero de socios, mas que em compensação do nascimento escuro, derão logo signaes de vida bem patentes... como: não convidar para o Soirée de sabbado aquelles socios que estavão atrazados em suas mensalidades, o que se tornou tanto mais terrivel, porque era o ultimo baile, antes do <<tempo do arrependimento>>. Eu lembrarei á estes Srs. que o temperamento brasileiro é totalmente opposto á tudo quanto cheira á <<despotismo>>; ainda que os estatutos autorisassem a exclusão dos socios pouco zelosos em seus pagamentos, teria sido bem prudente avisar primeiro, antes de ferir, principalmente depois da especie de anarchia que precedeo á nova eleição. Uma ruina não se consolida batendo com o martello em cima!"

Fonte: O GUAYBA: PERIODICO SEMANAL, LITTERARIO E RECREATIVO (Porto Alegre/RS), 22 de Fevereiro de 1857, pág. 69, col. 01-02

"Vês esta extensa rua, por onde passavão outr'ora os triumphadores romanos, que vio tantos arcos magestosos elevarem-se para premiar grandes feitos? É hoje o <<Corso>> destinado aos excessos do carnaval, presenciando annualmente o triste expectaculo de um povo, que busca sepultar as lembranças de um glorioso passado na embriaguez das festas."

Fonte: O GUAYBA: PERIODICO SEMANAL, LITTERARIO E RECREATIVO (Porto Alegre/RS), 24 de Maio de 1857, pág. 161, col. 01




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