sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Uma nota sobre o Natal em Porto Alegre em 1867

 



Festejos de Natal no Menino Deus

Aquelle gosto que é peculiar a Monsieur Villain, que teve a bondade de encarregar-se dos ornamentos da capella e de seus arrebaldes; a luz magnetica á noite é de effeito magnifico, e centenares de lampiões de côres augmentão o effeito da illuminação de maneira maravilhosa. Tivemos no dia de Natal musica, mastro da cocanha e fogo de artificio, e a concurrencia foi extraordinaria. Os botequins offerecião opiparos manjares, excellentes refrescos e bebidas refrigerantes, e o proprio tempo esteve propicio, favorecendo a festa com uma bella e estrellada noite de verão. Tambem reinou a maior satisfação em todos os circulos; e foi uma verdadeira festa popular.

As minhas bellas e amaveis leitoras, esses mimosos anjos do Paraizo porto-alegrense, acharão-se ali naturalmente em grande numero?

Podéra não; barcas e carros não tinhão mãos a medir para o transporte de passageiros, e o madamismo ostentou as suas galas em todo o seu explendor. Havia ali toilettes do mais apurado gosto e physionomias dignas do cinzel de um Phydias ou do pincel de um Apelles.

Quanto á isto, não duvido, porque nenhuma outra localidade da provincia e quiçá do Imperio, póde rivalisar com Porto Alegre na belleza e perfeita graça de suas damas. Sinto não ter podido assistir á festa do dia de Natal, mas não perderei as dos dias 5 e 6, tanto mais quanto vamos ter cavalhadas e eu sou maniaco por esse divertimento, que ha de attrahir grande concurrencia de espectadores.

Fonte: A SENTINELLA DO SUL (Porto Alegre/RS), ano I, número 26, 29 de Dezembro de 1867, pág. 219.

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