sábado, 20 de junho de 2015

Mastofauna em Capão do Leão

Tatu-mulita
Espécie de morcego mais comum no Rio Grande do Sul

Graxaim-do-campo ou Sorro
Trechos extraídos de: ISLAS, Camila Alvez. Identificação da mastofauna de médio e grande porte e suas relações com moradores no entorno da UFPel, Capão do Leão, RS. Capão do Leão/RS: Monografia (Conclusão de curso), Faculdade de Ciências Biológicas, Instituto de Biologia/UFPel, 2013.
Graxaim-do-mato
 "A percepção coletiva da comunidade sobre os mamíferos silvestres baseia-se nas mais diversas situações. Cada animal apresenta uma relação diferenciada,

sendo que o mesmo animal pode despertar mais de um tipo de percepção ou relação com os moradores. Primeiramente, percebe-se que os animais possuem diferentes nomes populares. Alguns até mesmo geram confusão, como a “Raposa”, que ora refere-se ao graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) ou graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), ora refere-se ao gambá (Didelphis albiventris). Conhecer os nomes populares dos animais é fundamental para o desenvolvimento de atividades educativas ou de material educativo, pois a população deve entender e sentir-se familiarizada com os animais (SAIKI; GUIDO; CUNHA, 2009). Não é interessante utilizar o termo “Graxaim”, por exemplo, para uma localidade
Gambá-de-orelha-branca
onde as pessoas o conhecem, apenas, como “Sorro”. Embora os entrevistados saibam diferenciar os mamíferos silvestres da região, detalhes específicos que diferenciam espécie do mesmo morfotipo, não são percebidos nos casos de animais como os canídeos e felídeos da região. No exemplo do gato-do-mato, são conhecidas três espécies desse animal para a região (MAZIM; DIAS; SCHLEE JR., 2004), porém os moradores chamam qualquer uma das espécies de gato-do-mato ou jaguatirica, sendo que este último é o nome popular de apenas uma das três espécies,
Leopardus pardalis. Para uma melhor exemplificação dos locais onde os animais são avistados na região, a Fig. 11 apresenta um mapa das áreas de estudo, onde os locais citados pelos entrevistados estão identificados por números, discriminando suas nomenclaturas populares na legenda da figura. Um dos conflitos comuns citados é o hábito de alimentar-se de animais domésticos, pois, novamente, os mamíferos silvestres são identificados pela sua ocorrência nos galinheiros da região.
Leopardus pardalis
Os sujeitos reconhecem os mamíferos silvestres como dispersores de sementes de coqueiros nativos, ocorrência registrada por Avila (2011) no HBITL. O zorrilho (
Conepatus chinga) e o gambá causam dúvida na população, que não consegue definir qual destas espécies de animais que possuí o odor ruim característico, que alguns acreditam ser decorrente da urina. Esta confusão é comum por que alguns veículos de comunicação, principalmente os televisivos, apresentam uma espécie norte americana com característica de odor desagradável e que, visualmente, assemelha-se ao zorrilho, com o nome de gambá (especialmente em desenhos animados). Assim, a população desenvolve a ideia errônea de que o gambá tem aparência e características de zorrilho, muitas vezes sequer tomando conhecimento da aparência que possui um gambá regional.


Animais como o ouriço e o mão-pelada (Procyon cancrivorus) são citados como animais que eram avistados em épocas anteriores. Destaca-se essa informação por apontar uma probabilidade de redução nas populações destes animais na região. Salienta-se que o mão-pelada foi encontrado no levantamento de mamíferos deste trabalho.
Zorrilho
O gambá é reconhecido como um animal sinantrópico, que tem muito contato
com as pessoas, o que causa uma série de conflitos como será discutido a seguir. A característica deste animal ser um marsupial e possuir uma bolsa para carregar seus filhotes é conhecida pelos entrevistados, demonstrando novamente um conhecimento mais específico sobre a biologia destes animais. Cabe salientar que o gambá não é tão conhecido por este nome (como já foi dito o zorrilho é chamado de gambá), mas sim como raposa. Uma informação que merece atenção é a de que existem alguns espécimes de cervos que são relatados pelos moradores. A questão é que existe a dúvida se estes animais são nativos da região ou se são animais que viviam em cativeiro e acabaram fugindo, pois há relatos de moradores que os criavam como animais de estimação. A família Cervidae teve registros no levantamento de mamíferos na região, porém são necessários maiores estudos sobre suas populações.
Mão-pelada
As capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) e os ratões-do-banhado (Myocastor coypus) são animais citados por terem explosões populacionais durante as enchentes, informação que deve ser levada em conta para o manejo, já que nestes períodos podem entrar em conflito com a população. Esta informação se mostra importante na tomada de decisão de órgãos ambientais, que, quando necessitam de informações imediatas podem utilizar o conhecimento da população para realizar o controle populacional das espécies. Na análise quantitativa das expressões, percebe-se que a maior parte dos sujeitos relata que os animais silvestres aparecem (Fig. 12), confirmando a ideia presente neste DSC. O DSC2 reflete o discurso dos moradores que não percebem os mamíferos silvestres no entorno de suas casas e nas matas da região. É inquestionável que os mamíferos ocorrem na área, no entanto, é possível que algumas espécies silvestres sinantrópicas estejam presentes apenas durante a noite próximas das moradias. Além disso, fatores ambientais que diferem entre as residências, especialmente ausência das fontes de alimento já citadas e presença de cães, não permitam sua presença em algumas das casas, ou simplesmente esses moradores dispensem menor atenção à presença de animais ou aos ecossistemas do entorno." (p. 44-47)

Ratão-do-banhado
Capivara
(...)


"A partir da tabela podemos perceber que alguns animais que não foram encontrados durante o levantamento de mamíferos são citados pelos entrevistados como, por exemplo, Sphiggurus spinosus (ouriço-cacheiro) e Galictis cuja (furão). Com esses animais ocorrem as seguintes situações: podem existir em pequenas populações; não existir mais, devido à caça e a fragmentação de habitat; ou nunca ter estabelecido populações nas áreas estudadas (MAZIM; DIAS; SCHLEE JR, 2004).
Ouriço-cacheiro
Myocastor coypus (ratão-do-banhado), Lontra longicaudis (lontra), Chiroptera (morcegos) e Cavia sp. (preá) são espécies que provavelmente existam nos locais de estudos, porém como não foram utilizadas metodologias específicas para mamíferos aquáticos, mamíferos voadores e pequenos mamíferos, não se obteve registros destas espécies. Para informações mais detalhadas sobre populações destes animais é necessário um estudo de campo mais aprofundado, porém, a partir do relato dos moradores, já é possível desenvolver hipóteses sobre a existência destes animais nos locais de estudo. Também se percebe que embora alguns animais como Didelphis albiventris (gambá-de-orelha-branca) e Hydrochoerus hydrochaeris (capivara) tenham sido pouco registrados no levantamento de mamíferos, são muito citados entre os entrevistados.
Lontra sul-americana
Esse resultado nos mostra que mesmo que estes animais sejam aparentemente
pouco abundantes nas matas de região, aparecem próximo às residências. A capivara é um animal de banhado, por isso foi pouco encontrada nas parcelas de areia, porém o gambá é considerado sinantrópico e de hábitos alimentares generalista (ALÉSSIO; PONTES; SILVA, 2005) Esse comportamento propicia mais conflitos com os moradores, pois como foi visto anteriormente o gambá-de-orelha branca é o animal mais citado em conflitos com a razão principal de ataques aos galinheiros. Quando se observam os dados referentes à Dasypodidae (tatu), Canidae (sorro) e Procyon cancrivorus (mão-pelada), percebe-se que obtiveram muito mais registros na pesquisa de campo do que citações nas entrevistas. Isto provavelmente decorre do fato destes animais apresentarem hábitos noturnos e serem menos tolerantes à presença humana (MARQUES-
Preá

AGUIAR et al., 2002).
Consequentemente, são animais menos citados em conflitos com os moradores. Estas informações são importantes para determinar quais espécies são mais envolvidas em conflitos com a população e assim, definir ações educativas que busquem a minimização desses conflitos." (p. 59)








Furão



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