quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Grêmio Atlético Farroupilha realiza avaliação de atletas em Capão do Leão


O Grêmio Atlético Farroupilha, tradicional clube de futebol do bairro Fragata, em Pelotas, estará realizando no próximo sábado, 03 de Dezembro, a partir das 9 horas da manhã, no campo do Estrela, no Armazém Brasil, Capão do Leão, uma avaliação de atletas interessados em participar de suas atividades esportivas. As inscrições vão até o dia 02 de Dezembro, na Secretaria do clube no Fragata e têm uma taxa de R$ 20,00.


Releitura do romance "O Tempo e o Vento" encenada por alunos da EEEFM Presidente Castelo Branco


Disponível no canal Gauchismo Puro no YouTube. O vídeo conta com a atuação, direção e produção dos alunos da turma 2o. ano C da EEEFM Presidente Castelo Branco de 2015. A montagem foi muito bem feita. Uma das principais locações foi o CTG Tropeiros do Sul.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Instituto Histórico e Geográfico precisa da sua ajuda para exposição

Pedreira Traverssi em 1958

O Instituto Histórico e Geográfico de Capão do Leão está organizando uma exposição sobre o profissional graniteiro e as pedreiras do município. Para isso, a entidade pede a ajuda da comunidade local para que contribua com fotografias (serão escaneadas e devolvidas) ou objetos que tenham relação com o assunto (serão devolvidos também). 

Para entrar em contato com o IHGCL: Site oficial   ou contato@ihgcl.com.br
Página no facebook: https://www.facebook.com/ihgcl/ 

Colabore com este importante projeto!


Natal Solidário do Juventus F.C.


No próximo domingo,04 de Dezembro, a partir das 16 horas, na sede do Santa Tecla Futebol Clube, acontece a Campanha do Natal Solidário do Juventus F.C. e da Perfect Lavagem. O ingresso pode ser um quilo de alimento não-perecível, uma roupa ou um brinquedo em bom estado de conservação. O evento é beneficente! Para mais informações, acesse o link do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/1800819280186128/ 

Em tempo: conforme atualização da coordenação do evento, o mesmo se inicia às 15 horas e não às 16 horas, conforme exposto anteriormente acima.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Domingueira Anos 90-2000 no Alkimia Espaço Cultural


O evento ocorre no próximo domingo, dia 04 de Dezembro, a partir das 21 horas, no Alkimia Espaço Cultural, à Avenida Narciso Silva 2025, centro, Capão do Leão. De acordo com os organizadores do evento, a festa vai resgatar o melhor da música das duas décadas. Para mais informações, acesse o link do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/215482658895724/ 

domingo, 27 de novembro de 2016

Hábitos alimentares brasileiros no século XVIII


Trecho extraído de: DONATO, Hernâni. História de usos e costumes do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 2005, p. 202-203.

"Para quem tinha o que comer, o dia era uma comilança.

Antes do sol nascer, fazia-se o desjejum, com um mata-bicho - calicezinho de aguardente especial. Isso, em terras de engenhos. Para as bandas do sul, bebia-se o chá de congonha ou mate, quente, adoçado. Na área de influência guarani, mate amargo e em cuia. Na Amazônia, guaraná, frutas e sucos.

As famílias abastadas reforçavam o líquido com pão-de-ló e doces de forno. Nas vilas melhores, nas fluminenses e vicentinas, servia-se o pão de trigo. Entre os pobres, que precisavam de força para o trabalho, o desjejum obtinha o reforço de batata-doce, mandioca cozida e a jacuba - água fria açucarada ou com farinha de milho.

Farinha de mandioca: branca e amarela
O almoço, servido bem cedo, por volta das 8 horas. Não podia faltar a farinha de mandioca, o pão da terra. Se pouco torrada, ganhava mistura de um líquido, leite ou água. De vez em quando, doce ou salgado, o bolo assado, de farinha de mandioca. À medida que o monjolo se espalhava pelo interior, surgiam pratos de milho e arroz. Farinha e canjica. No litoral, arroz, mariscos, milho, peixes. Bananas e laranjas, na mistura. Pelo sertão, peixes, se houvesse rio próximo. Mas, sempre, mandioca, sob diversas formas de apresentar. E feijão com carne de porco. Carne fresca no dia do abate ou conservada por uma semana em meio à banha do próprio animal. Faltando a carne, serviam-se torresmos. Comumente, chouriço, linguiça, toucinho e fartura de ovos. Caldo de feijão por cima de tudo, até do quibebe - abóbora temperada com um pouco de açúcar e gordura. Nos festejos, a caldeirada portuguesa ou o virado, o tutu. Sobremesa: leite adoçado, com farinha ou fubá torrado. No litoral, banana verde temperada ou madura cozida com canela.
Milho - uma das bases da alimentação brasileira
O jantar, ou a janta, oferecido seis horas depois do almoço. Portanto, entre as 13 e as 14 horas. Voltavam à mesa os pratos da refeição anterior. Com mais um assado e verduras, conforme a época. No tempo do milho, a mesa ostentava o mingau com cambuquira, o curau, a pamonha. Aos domingos, abundância de carnes. Sobremesas, as do almoço.

A ceia, servida ao escurecer, à hora da Ave-Maria. À disposição, tudo o que fora oferecido às 8 e às 13 horas. Melado com mandioca melhorava a oferta de sobremesas.

Mas não era tudo. Entre o almoço, o jantar e a ceia, comiam-se duas merendas. Doces, bolinhos fritos, canjica, leite com farinha, frutas. E as bebidas do amanhecer. Nas cidades, ia surgindo o requinte do chocolate e do chá da Índia.

À noite, para quem ainda aguentasse 'fazer uma boquinha', as escravas serviam pipoca, paçoca de amendoim, amendoim torrado. 

Moringa - pote de barro para armazenar água
O pote de barro matava a sede que surgia de tanto comer. Ficava na sombra do alpendre ou na sala, junto da porta. Na casa rica, uma corrente de prata com uma caneca pendia do pote. Na morada do pobre, cuia ou coco na ponta de comprido cabo de madeira.

Os pratos, feitos de estanho, ferro ou madeira. Os garfos tinham cinco dentes. A faca, na maior parte dos casos, era pontiaguda, personalizada, que ninguém deixava de carregar. O cozido e a sopa difundiram o uso da colher: poucas de prata, comuns de chifre, usualmente de pau.

De 1760 em diante, entre os abonados, surgem louças da Índia, da Holanda, de Portugal. E, refinamento social, saleiros e galheteiros de prata. Entre o povo, durante todo o setecentos, continuou predominando a louça de barro: potes, cuias, tigelas, moringas, peruleiras."











sábado, 26 de novembro de 2016

Programação da III Feira do Livro de Capão do Leão




TERÇA-FEIRA - 06 de dezembro


MANHÃ
9h - Abertura com o Patrono da 3ª Feira do Livro, Poeta Carlos Eugênio Costa da Silva

9h30min – Apresentação do Projeto Juventude Assistida da Escola Elmar da Silva Costa

10h - Premiação do Concurso de Redação

10h - Lançamento e Sessão de Autógrafos do livro
“Pedreira do Capão do Leão: Fragmentos de uma História revelados através de registros fotográficos”
Autores: Jairo Umberto Pereira Costa e Rosângela Lurdes Spironello;

10h30min - Apresentação do Grupo de Dança Raquel Louzada;

TARDE
13h30min - Hora do Conto - Branca de Neve

14h - Apresentações da Oficina Virtual "Poemas da Alma" e NETG da Escola Frederico Ozanan - Pelotas

14h30min - Sessão de Autógrafos com o Patrono Poeta Carlos Eugênio Costa da Silva

15h - Apresentações da Escola Senador Darcy Ribeiro

15h30min - Musical Infantil Kazu

16h - Apresentação Escola Girassol

18h – Grupo Vocal Los Lokos

19h – Grupo Vocal Esperança

20h - Abertura Oficial com Projeto Estação Cultura

20h30min - Show Everson Maré e Banda




QUARTA-FEIRA - 07 de dezembro


MANHÃ
9h - Premiação do Concurso de Desenho

9h30min - Apresentação de Danças da Escola Delfina Bordalo de Pinho

9h45min - Apresentação da Escola Senador Darcy Ribeiro

10h15min - Hora do Conto - Branca de Neve

10h30min - Apresentação da Escola Margarida Gastal

13h30min - Hora do Conto na Casa de Cultura - “O caso da lagarta que tomou chá de sumiço”

14h - Ensaio Aberto Projeto Estação Cultura

14h30min - Sessão de Autógrafos do Livro “Elas, dElas por Elas” Autor - Jorge Braga e Conversa com o escritor

15h – Apresentação de Dança da Escola Luiz Raphael Sampaio

15h30min – Apresentação Teatral "Aprendendo Português” – Grupo de Teatro Escola Aberta

16h30min - Invernada Mirim do CTG Tropeiros do Sul

19h - Concurso de Talentos Estudantis – Apresentação de Alci Vieira Jr. e Emerson Plotino




QUINTA-FEIRA - 08 de dezembro

9h - Apresentação Profª Vithória Braga

10h - Apresentação do Grupo de Dança Polonésia da Escola Parque Fragata

10h15min - Desfile dos alunos do 7° ano do Projeto Reutilização de Material Reciclável

10h30min – Lançamento do Opúsculo “Pra Poetizar Minha Cidade” com poemas criados pelos alunos das EMEFs nas oficinas de poesia

13h30min - Hora do Conto na Casa de Cultura - “O caso da lagarta que tomou chá de sumiço”

14h - Apresentação de danças Afro da Escola Margarida Gastal

14h30min - Apresentação de Dança Escola Bem me Quer

15h – Apresentação do Projeto Estação Cultura

16h - Apresentação do Grupo de Dança Raquel Louzada

19h - Grupo de Pagode

20h30min – Premiação do 1° Festival de Cinema Estudantil de Capão do Leão

Encontro Baixos Capão em dezembro


No sábado, 03 de Dezembro, a partir das 20 horas, na Praça João Gomes, em Capão do Leão, acontece o último encontro de carros baixos do ano na cidade. Para mais informações acesse o link do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/1773473702919183/

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

I Festival de Talentos Estudantis de Capão do Leão


O 1o. Festival de Talentos Estudantis de Capão do Leão é uma das atrações da terceira edição da Feira do Livro de Capão do Leão, que acontecerá entre 06 e 08 de Dezembro, na Praça João Gomes, centro do município. as inscrições serão feitas até o dia 01 de Dezembro, na Casa de Cultura Jornalista Hipólito José da Costa. O evento é direcionado à participação de estudantes do ensino básico.

Histórias Curiosas XXXVI

A Selt Engenharia S/A é uma empresa de construção e montagem de torres de energia elétrica que se instalou no município de Capão do Leão entre os anos de 2004 e 2005 para uma grande obra na região, a serviço do governo federal. Muitos leonenses foram contratados e, mesmo após o fim dos trabalhos na região, boa parte "engajou" na firma, isto é, foram convidados a serem operários fixos da empresa, desempenhando serviços em outras frentes e em diversas cidades. Alguns foram remanejados para a região metropolitana, outros para o norte do estado, e mais ainda, houve a turma que foi transferida para Santa Catarina e Paraná.

Pois bem, boa parte dos leonenses que se fixaram na empresa foram transferidos para uma obra na cidade de Marau (RS). Contudo, foram alojados na pequena cidade de Vila Maria (RS), pois boa parte dos trabalhos era na zona limítrofe entre estes dois municípios. Obviamente, não era somente gente do Capão do Leão que havia na frente de trabalho. Havia gaúchos de outras paragens, catarinenses, paranaenses e gente do resto do Brasil.

Certo dia, os operários ganharam um domingo de folga e, como a maioria era de gaúchos, estavam particularmente preocupados em poder assistir um Gre-Nal válido pelo Campeonato Brasileiro. O tal jogo não iria ter transmissão em tv aberta, mas somente na tv paga. A turma descobriu então um bar na pequena Vila Maria que tinha um telão para jogos de futebol. Nem pensaram muito e se organizaram para ir ao tal bar um pouco antes do início do Gre-Nal. Capricharam no visual e lá se foram, também com planos de dar uma "esticada" após um jogo.

Dentre eles, havia um sujeito bem pitoresco, muito vaidoso, conhecido no alojamento como Gauchinho de Chapecó (o que indicava sua origem). Possuía um cabelo crespo encaracolado de tom castanho claro que gostava de exibir para as meninas. No domingo do jogo, sua preocupação não era propriamente a partida, mas a possibilidade de encontrar algumas "gatinhas" no tal bar. Preparou-se adequadamente, com camisa social, perfume, sapatênis novinho e muita beca. Em sua própria acepção, estava impecável para a caçada.

Os operários chegaram, pediram várias cervejas, uns riam, contavam piadas e outros conversavam trivialidades. O Gauchinho de Chapecó, por sua vez, sequer estava posicionado para assistir ao jogo. Apenas vasculhava o salão do bar em busca de uma conquista que lhe apetecesse. Foi então que mirou duas meninas novas, talvez na casa dos 18 a 20 anos, morenas, denotando clara ascendência italiana, muito bonitas, que estavam do outro lado do bar. O Gauchinho não perdeu tempo e começou a jogar todo o seu charme para as gurias. Entre sorrisos discretos e olhares cada vez mais incisivos, o Gauchinho acreditava firmemente estar abalando corações. A peonada só olhava, divertidamente.

Não faltou muito tempo e as duas meninas vieram em direção à mesa dos peões. A surpresa foi geral: será que o Gauchinho estava realmente com a bola toda? Uma delas, mais corajosa, vai direto ao encontro do Gauchinho e lasca:
- Oi, tio! O senhor tem fogo?

A peonada se entreolhou e com as mãos sobre tapando a boca se esforçava para não cair na gargalhada. As meninas voltaram e não rolou nada de mais naquele dia. O Gauchinho posteriormente iria ganhar no alojamento o nada honroso apelido de "Tio da Sukita".

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

I Festival de Vídeo Estudantil de Capão do Leão


No blog do projeto é possível assistir as produções em vídeo e votar, por meio de um formulário, no vídeo favorito. Clique no link do festival e conheça mais: https://festvidcapaodoleao.wordpress.com/

O que é o festival?

A idealização do 1º Festival de Vídeo de Capão do Leão nasceu de uma proposta do Prof. Dr. Josias Pereira, do Curso de Cinema e Áudio Visual da Universidade Federal de Pelotas , feito à Secretaria Municipal de Educação de nosso município que, de pronto ,abraçou tal Projeto de produção de vídeos estudantis.

Durante 10 meses nossos professores participaram de Oficinas ministradas pelo Professor Josias para apropriar-se tecnicamente da elaboração dos curtas estudantis.

Participam do 1º Festival, 6 Escolas de nossa Rede Municipal de Ensino , 9 professoras e 24 vídeos produzidos por nossos alunos.

(Trecho extraído da descrição do projeto em sua página principal)

terça-feira, 22 de novembro de 2016

III Feira do Livro de Capão do Leão


A terceira edição da Feira do Livro de Capão do Leão acontecerá no próximo mês de Dezembro, nos dias 06, 07 e 08, na Praça João Gomes, centro do município. A realização do evento é da Secretaria Municipal de Educação. O lema da feira é "pra poetizar minha cidade!" e o patrono é o Sr. Carlos Eugênio Costa da Silva, o popular "Vacaria".

Interessados em divulgar a sua obra na feira, podem agendar sua sessão de autógrafos até o dia 02 de Dezembro. As informações estão na imagem a seguir:


Para mais informações, acesse a página da Feira do Livro no facebook: https://www.facebook.com/III-Feira-do-Livro-de-CAP%C3%83O-Do-LE%C3%83O-1265150753564097/?fref=ts 


Rodeio Crioulo na Fazenda da Amizade em 2009



Dois vídeos disponíveis no canal de alexjuniortreze de um rodeio crioulo realizado em 2009 na Fazenda da Amizade. A Fazenda da Amizade de propriedade do Sr. Edar Ribeiro é um tradicional recanto do gauchismo em Capão do Leão, às margens da estrada do Passo das Pedras, na localidade do Passo do Descanso. 

domingo, 20 de novembro de 2016

A casa colonial brasileira no século XVIII

Arqueta espanhola

Trecho extraído de: DONATO, Hernâni. História de usos e costumes do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 2005, p. 200-201.

"Esta, a recepção ao viajante que batia à porta das moradias rurais. Recebia comida e cama, por uma noite. A cama ficava na alcova, quarto sem janelas, com uma porta só e esta dando para fora. Assim, não havia comunicação com a família hospedeira.

As moradias do sítio atravessaram o século erguidos com taipa robusta, telhado de quatro águas, paredes pintadas com o branco do barro tabatinga e as portas e as janelas com anil. Madeiramento pesado, forte, de preferência usando canela preta. Na falta desta, empregavam-se a maçaranduba e a urundiúba.

A decoração, muito simples. 'Abarrados até menos de um metro, riscos azuis geralmente seguindo os cantos até o forro, algum desenho singelo. No mais, a brancura do cal. Na sala de visitas, segundo costume antigo em todo o Brasil, havia o espelho em moldura dourada no centro da parede, quase sempre fronteiro à janela, e nessa direção o tapete com sofá, e cadeiras em jacarandás e sola, com pregaria dourada...': assim Aluísio de Almeida, estudioso do assunto, descreveu as casas sulistas da época.

Se ricos e de bom gosto, os proprietários caprichavam. Na frente e no lados da casa, projetava-se o alpendre, largo e funcional. Era chamado de pretório por causa das colunas. Em certas obras havia uma sala em cada extremidade do alpendre. No fim do século, surgiu o varandão, que veio a ser a sala de jantar. Não existindo o pretório, ganhava importância o salão externo, onde as visitas eram recebidas. Nesse local, os índios e os negros recebiam a Bênção da Noite e, às vezes, assistiam à missa.

Em quase todos os cômodos havia mesas e bancos de madeira dura. Num canto da casa o sino chamava para o trabalho, convidava para a mesa e mandava para a cama.

Os ricaços de toda a colônia compravam móveis entalhados na Bahia, notabilizada também por isso. Na vila de São Paulo de 1741, o inventário de Sebastião Fernandes do Rego relacionou 18 quilos de ouro em pó e móveis baianos, entre outras riquezas.

Casa colonial mineira em Montes Claros-MG
No final da década, na parte sul da colônia, ao lado da casa tipo bandeirante, acachapada, quase um fortim, surgiu a casa mineira, assobrada, com porões servindo para a guarda de materiais e abrigo do gado. Nesse acréscimo, o detalhe importante foi o de que a cozinha voltou a entrar na casa depois de estar separada por mais de um século.

Na vila, a casa não mudou durante os anos setecentos. As do litoral puderam ser trabalhadas com pedras juntadas pela cal obtida com a queima de ostras. Vagarosamente apareceram os sobrados cercados por alpendre. Em 1772, seis sobrados se exibiam orgulhosamente em toda a São Paulo. No Recife e em São Luís eles teriam requinte na arte de construir e demonstração de poder econômico.

O fogão das moradas populares ainda foi de a tucuruva do indígena, três pedras no chão. Nas mansões mais importantes (a do governador, do bispo, do comandante militar, do contratador de impostos) brilhou a lareira portuguesa: um atijolado sobre o qual acendiam o fogo, obrigando a uma chaminé. Caldeirões pendiam do teto ou eram postos diretamente sobre as chamas.

Na maior parte das casas, funcionava e bem o fogão brasileiro que Aluísio de Almeida disse ser apenas o encompridamento do forno de torrar farinha. A mulher branca fez levantar o fogão que a índia, nos séculos anteriores, quisera no chão, pois ela trabalhava de cócoras. Na passagem do século surgiu, aqui e ali, a novidade das chapas de ferro, com diversas bocas.

As mesas chiques mostravam-se cobertas por toalhas de algodão, com guardanapos e toalhas 'de água às mãos'. Nas menos ricas, havia toalhas de mesa de oleado. Como requinte de higiene, alcatifas (tapetes) cobrindo o chão.

No quarto de dormir, o século passou deixando as camas das casas abastadas exibindo cobertores de papa, lençóis e fronhas de algodão, travesseiros e colchões recheados com macela, acolchoados de algodão ou de lã. Cortinados que protegiam contra os pernilongos começaram a ser adotados.

Redes de dormir
Mas a rede não foi abolida. Servia para o sono nas casas do povo, nos ranchos, nas pousadas, nos sítios. Convidava para a sesta nas casas de gente de bem, valendo como lugar de honra para acomodar a visita e como brinquedo para as crianças.

Da Bahia ao Piauí as casas rurais ganhavam o copiar ou copiá, espécie de alpendre ou varanda rústica, herança da cortina feita pelos índios com folhas de palmeira. Habitadas pelo povo mais pobre, tais cabanas deram nome a duas revoltas populares: cabanada e cabanagem."

sábado, 19 de novembro de 2016

Dia Nacional da Consciência Negra

Ruínas de uma antiga senzala na propriedade do Sr. Nelson Mello, nas proximidades do Passo dos Carros
Fonte desta imagem:
 https://www.alltravels.com/brazil/rio-grande-sul/capao-do-leao/photos/current-photo-26694508

Dia 20 de Novembro - Dia Nacional da Consciência Negra e nos colocamos a buscar algo que pudesse fazer alusão a esta importante data. Pois bem, descobrimos em nossas pesquisas, uma informação curiosas, que acreditamos não ser de conhecimento do grande público. 

Em Capão do Leão, o 20 de Novembro não é feriado como em algumas cidades do Brasil, todavia existe uma lei municipal (Lei 801/2001) que institui a data como dia festivo do município e criou o Centro de Cultura Negra, subordinado à Secretaria Municipal de Educação e Cultura. 

Segue o texto da lei:

"LEI NO 801/2001

Institui o dia 20 de novembro como dia festivo em comemoração ao aniversário da morte de Zumbi dos Palmares e Resgate a cultura Negra. 

O Prefeito Municipal de Capão do Leão, Estado do Rio Grande do Sul, 
Faz saber que a Câmara Municipal aprovou e ele sanciona a seguinte 

LEI 
Art. 1° - Institui como dia festivo no Município de Capão do Leão o dia 20 de novembro em homenagem à cultura negra. 

Art. 2° - Fica criado o Centro de Cultura Negra ligada à Secretaria de Educação e Cultura do Município. 

Art. 3° - Neste dia será homenageado o grande Zumbi dos Palmares, Líder da Luta Negra.

Art, 4° - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. 

GABINETE DO PREFEITO DE CAPÃO DE LEAOf EM 27 DE DEZEMBRO DE 2001. 

VILMAR MOTTA SCHMITT 
Prefeito Municipal 

Registre-se e Publique-se 
Paulo Ricardo Leite 
Chefe de Gabinete"

Obviamente, não temos conhecimento de nenhuma comemoração específica do dia 20 de Novembro em Capão do Leão nos últimos anos, salvo no caso da parte de alguma entidade representativa. Igualmente, desconhecemos um Centro de Cultura Negra. Provavelmente, a intenção do poder público na época foi positiva, mas faltou algum tipo de articulação para fazer a lei ser aplicada de forma mais efetiva.

Aproveitamos o espaço, para destacar a presença e a importância do negro na história do Capão do Leão, mencionando sem dúvida a marcante figura de Elberto Madruga, primeiro prefeito da história do município e várias vezes vereador em Pelotas (onde chegou a presidir a Câmara de Vereadores daquela cidade). Ainda no campo da política, relembramos a figura do falecido vereador Eliézer Gonçalves (primeiro negro na história da Câmara de Vereadores do Capão do Leão) e mais recentemente o segundo negro eleito ao Legislativo leonense, José Fabrício Freitas. Na época das charqueadas, nas estâncias antigas, nas ferrovias, na pedreira, nas tropeadas, nos empreendimentos, etc., muitos negros estiveram presentes com seu trabalho e, inegavelmente, fazem parte da construção do município e de toda a sua história. Não podemos deixar de reconhecer que o racismo e o preconceito também fazem parte deste contexto, infelizmente. 

Parabéns ao Dia Nacional da Consciência Negra!

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Benefícios Eventuais: Vamos conversar?


O CRAS Jardim América promove sua palestra mensal em novembro no próximo dia 23, quarta-feira, a partir das 9 horas da manhã, tendo como palestrante a assistente social Franciele Costa da Silva. O evento é aberto ao público.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Memória do cantor Piska está sendo homenageada em curta-metragem


Falecido em julho deste ano, o popular e conhecido cantor Piska, está sendo homenageado em um curta-metragem em várias festivais de cinema pelo Brasil. A produção é da Gramáticas Cinematográficas, com direção de Nelson Brauwers e Andruz Vianna e possui 19:41 minutos de duração. Dentre os vários festivais que já foi exibido, vale destacar sua participação na sexta edição do Cinecipó, de Belo Horizonte, no último mês. 

Sobre Piska:

Dorli Benedirto Falsete, mais conhecido como Piska, teve seu auge nas décadas de 70 e 80, interpretando grandes sucessos internacionais da época. Vocalista dos grupos San Remo e MA Band, de Pelotas-RS, se firmou como um dos grandes interpretes do estilo musical. Foi calouro no clube do Bolinha e também integrou a caravana do Bolinha. Abriu shows de vários cantores como: The Platters, Roberto Carlos, Demônios da Garoa, Os Phollas, Rita Lee, Fábio Júnior, Odair José, Nelson Ned e The Fevers.



Comunidade Católica Santa Cecília realiza sua festa da padroeira


As celebrações iniciam hoje e vão até 22 de Novembro, terça-feira. As informações sobre o evento estão na imagem acima.

III Almoço Beneficente do Projeto Semear


O evento acontece no próximo domingo, 20 de Novembro, a partir das 11h30min, na sede do Projeto Semear, à rua Manoel Osvaldo Barboza 89, bairro Jardim América, Capão do Leão. Para maiores informações acesse o link do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/1783530481900555/ 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Histórias Curiosas XXXV

Cidadão leonense quando mais jovem trabalhou como recepcionista de hotel em Pelotas. Além da recepção, também executa vários serviços circunstanciais no hotel, dado o mesmo ser de um tamanho modesto.
Certa feita, um uruguaio se hospeda com a esposa no hotel. Logo à noitinha, o castelhano vai à recepção e exclama em tom de reivindicação:
- La paloma! La paloma! La paloma en mi cuarto!
Muito receoso, o recepcionista leonense fica claramente apreensivo com a queixa e pede para o castelhano esperar. Em seguida, se dirige ao gerente do hotelzinho:
- Seu Fulano, o castelhano do quarto 06 está reclamando da Paloma. Eu que não sou louco de ir lá me meter em briga de marido e mulher. Ele está dizendo que a mulher dele não quer sair do quarto. Quem sabe o senhor vai lá?!
Em resumo, o recepcionista não havia entendido que "la paloma" era um pomba que havia entrado no quarto do castelhano e se escondido. Paloma é pomba em espanhol.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

III Feira do Livro de Capão do Leão deve acontecer em dezembro


A 3a. edição da Feira do Livro de Capão do Leão deve acontecer em dezembro deste ano, conforme informações colhidas pelo autor deste blog no dia de hoje. Aguardamos mais informações e logo postaremos novidades a respeito. O local deve continuar sendo a Praça João Gomes. 

No ano passado, o evento foi muito positivo, com grande número de atrações culturais e atividades.

Festa da Melancia deve ser extinta em Capão do Leão

Extra-oficialmente podemos afirmar que a tendência mais provável sobre a Festa da Melancia de Capão do Leão é a sua extinção. De acordo com o que sabemos, devido ao fato de há muito tempo o município ter deixado de ser um grande produtor da fruta (atualmente só duas famílias seguem com o cultivo), a melancia perdeu o status de um dos principais produtos agrícolas de Capão do Leão. Inclusive, nas últimas edições do evento, a comissão organizadora teve que comprar a maior parte do produto de fora do município. 

Todavia, o que deve acontecer é que, o principal evento municipal ao ser extinto, seja substituído por outra denominação, onde o produto ou foco em questão seja outro. A nova equipe municipal provavelmente deve estar estudando uma festa ou feira relacionados a algum produto agrícola de maior destaque em terras leonenses, como o arroz ou o leite. Ou ainda um evento relacionado à agroindústria de modo geral. Não há certeza ainda. Entretanto, sabemos que não há nenhuma movimentação no atual momento em relação a uma hipotética Festa da Melancia em 2017.

O ano de 2017 deve ser de adaptação da nova equipe municipal ao governo. Como a Festa da Melancia e o Levante da Canção Gaúcha ocorrem logo em março tradicionalmente, dificilmente haverá tempo hábil para a sua organização. Porém, acreditamos que o Levante da Canção Gaúcha deve continuar, senão em 2017, certamente em 2018, dado ser um evento que tem granjeado sucesso desde sua primeira edição. E também não haveria motivos para sua interrupção.

Nossa opinião é que, infelizmente, a melancia deixou de ser realmente uma marca identitária do município. Importa, contudo, termos um evento que represente o potencial leonense, independente de sua denominação. Isso sim não pode deixar de haver.

Atualização em 15-11-2016 (21 horas): No dia de hoje, recebi algumas indagações a respeito desta postagem e cumpre aqui esclarecer o que quis dizer, caso tenha ficado meio nebulosa a questão. O que sabemos é que a PRINCIPAL FESTA MUNICIPAL deixará de ser "da Melancia", mas isso NÃO SIGNIFICA QUE DEIXARÁ DE HAVER UMA FESTA MUNICIPAL. Existirá uma outra festa com outra denominação já em estudo. Pelo menos foi isso que nos foi passado, de acordo com minha fonte. 

Balada do Will no Alkimia Espaço Cultural


O evento ocorre no dia 19 de Novembro, a partir das 23h30min, no Alkimia Espaço Cultural, na Avenida Narciso Silva 2025, Centro, Capão do Leão.

São atrações do evento: MC Will, Tonzinho Farias, MC Nego Vini e Grupo Ponto Zero. 
Para maiores informações, segue a página do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/1841580306086864/

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Aumento da Violência no Capão do Leão assusta


Há 30 anos atrás, o morador do Capão do Leão sabia o seguinte: havia situações que era melhor evitar para não sofrer um roubo. Deixar a bicicleta ao lado da casa numa madrugada qualquer, ou ainda esquecer o cavalo no campo, ou quem sabe deixar a casa sem ninguém reparar num fim-de-semana que o sujeito fosse viajar, eram atitudes que proporcionavam um determinado risco. Podia acordar pela manhã e não ver a bicicleta, ir buscar o cavalo no campo e perceber que o animal não estava mais lá, ou voltar no domingo à noite da viagem que fez e notar que a janela do quarto dos fundos estava arrombada. Pois bem, eram esses os riscos. Riscos de uma época onde a violência acontecia por descuido ou por quem a procurava.

Pasmem! Execuções, assaltos, tráfico de drogas, carnaval e festas populares sempre com muitas brigas, entre outras coisas. O município transformou-se muito rapidamente e, em vários aspectos, para pior. Assim como em toda a nossa região, no estado e no país. Ninguém se admire, se nas eleições presidenciais de 2018, a população optar por um proposta conservadora e rígida. O fato é que as pessoas não suportam mais tanta violência. De algum modo, a sociedade irá reagir.

O "vento lá fora" que era a violência que acontecia no quintal do vizinho mas não atingia a tua morada, agora se revela um "tornado" que leva tudo e a todos. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Vista Aérea do I Campeonato Amador de Skate em Capão do Leão


Disponível no canal Air Drone no YouTube. O evento foi organizado pelo Conselho Municipal da Juventude e ocorreu em 29 de Outubro na Avenida Três de Maio, bairro Jardim América.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

É o fluxo vem! ✩ 1a. edição ✩ no Alkimia Espaço Cultural


Na próximo sábado, 12 de Novembro, a partir das 23h50min, no Alkimia Espaço Cultural ocorre o evento "É o fluxo vem - 1a. edição". O Alkimia fica à Avenida Narciso Silva 2025.
Ingressos masculinos R$ 15,00; Ingressos femininos R$ 10,00

Para mais informações, acesse a página do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/208530729557122/

domingo, 6 de novembro de 2016

III Encontro Moleques Doidos Capão do Leão - Edition Molas


O evento acontece dia 13 de Novembro, a partir das 19 horas, na Praça João Gomes. O evento também é uma homenagem ao jovem recentemente falecido, Bruno Souza Leal.
Página do evento no facebook:https://www.facebook.com/events/183290352098218 

Caça aos Marajás!


Marajá é um antigo título feudal hindu que correspondia a uma espécie de governante geral de uma vasta região da antiga Índia, proporcional ao título ocidental de rei. Até a independência daquele país em 1947, existia 565 territórios governados por marajás ou rajás (um título imediatamente inferior ao primeiro) na Índia. No século XVI, quando os navegadores portugueses aportaram na Índia, o refinamento e o luxo da nobreza da região embasbacaram os europeus. Por isso, marajá virou sinônimo de alguém muito rico, poderoso e que usufrui vários privilégios por sua posição. Quase sempre, o marajá também dispunha de uma vida com inúmeras esposas e de plena ociosidade - o que historicamente é discutível, mas não é este o nosso objeto.

No Brasil, o termo marajá virou uma espécie de alcunha para funcionários públicos que recebem altos salários, possuem inúmeras vantagens decorrentes da profissão e trabalham muito pouco ou mesmo sequer trabalham, remetendo aquela velha imagem do paletó colocado sobre o espaldar da cadeira mas que nunca encontra seu dono. Em 1987, quando Fernando Collor de Mello assumiu o governo do estado de Alagoas, o termo ganhou relevância nacional, pois Collor se auto-intitulou "caçador de marajás" e passou a realizar várias reformas administrativas para coibir a ação destes funcionários públicos, chegando mesmo a requerer judicialmente a devolução de valores salariais recebidos ou exonerar funcionários. O fato é que a imagem de Collor como moralizador da máquina pública o catapultou dois anos mais tarde à vitória nas eleições presidenciais.

Capa de uma edição da Revista Veja de 1987
abordando o problema dos "marajás" no serviço
público.

Vez ou outra, nos últimos anos, o termo marajá aparece na Imprensa para denunciar o problema dos funcionários públicos que recebem altos salários sem trabalhar ou ainda para aqueles cuja eficiência no turno de trabalho é bastante irregular. De fato, os vícios da máquina pública brasileira nas três esferas ainda são recorrentes e o mal dos marajás não terminou por completo, mesmo com todas as reformas que foram feitas no processo de gestão e fiscalização dos recursos humanos. Todavia, o uso da palavra não deixa de ter também o seu aspecto pejorativo e generalizante. Principalmente se falarmos em ambientes de disputa política. Uma ou outra facção tende a denominar funcionários e/ou cargos de confiança da gestão antagônica como marajás. A depreciação normalmente repercute com impacto na opinião pública e serve para desqualificar o oponente e seu governo. Mesmo que até o termo seja usado de forma desproporcional ou inverídica. Vou explicar o porquê.

No meu entendimento e na compreensão de várias pessoas de bom senso, marajá é o funcionário público que recebe e não trabalha, não exerce suas funções como deveria. Pode ir desde aquele funcionário fantasma que consta na folha de pagamento, mas ninguém nunca ouviu falar dele na respectiva repartição ou autarquia, até o funcionário ou cargo comissionado que nunca está em seu setor porque "tem coisas fora para fazer" (o que quase sempre é uma desculpa falsa). Que existe pessoas assim no serviço público, é óbvio que sim. Na última década, a própria prefeitura municipal possuía um CC que se enquadrava muito bem numa destas descrições. Só que a generalização é algo que me incomoda pela distorção que causa na apreciação que a opinião pública faz sobre a questão. Em suma, é extremamente irresponsável afirmar que "todo mundo é marajá!".

Em Capão do Leão, com a mudança política que se conclui após o resultado das últimas eleições municipais, algumas vozes mais afoitas passaram a conclamar o "fim da teta" e a "caça aos marajás". Que haverá inegavelmente uma mudança no quadro de cargos comissionados é mais do que evidente, até mesmo por uma questão de reagrupamento das forças políticas no município. Mas colocar todos que estavam como marajás ou como sugadores do erário público é desconhecer por completo a própria estrutura do serviço público. Alguns cargos comissionados são diretamente ligados à gestão de setores. Isto é, se o sujeito não responde profissionalmente, mesmo que de modo mínimo, por aquele setor, nada daquela área funciona. Simples assim. Você pode discordar da maneira como determinado cargo comissionado ou funcionário concursado exerce sua função, mas você tem que ponderar que mesmo que considere o sujeito inadequado para aquele setor, não poderá afirmar que ele ociosamente recebe um salário pela função. 

Anos atrás, creio que na gestão municipal anterior a esta que se encerra agora em 31 de Dezembro, houve um debate político acalorado sobre a chamada "farra dos estagiários". Reclamava-se que a Prefeitura tinha muitos estagiários, do processo de seleção, etc. Tudo muito justo se nos concentrarmos nestes pormenores. Só que vozes mais irresponsáveis questionavam o valor humano dos estagiários. Isto é, a validade que tinham. Daí pergunto: quem pode apontar um estagiário que não cumpria suas funções? Um ou outro talvez. Mas o fato é que a maioria trabalhava muito e dedicava-se com diligência à oportunidade.

Por isso, compreendo que o uso de generalizações e lugares-comuns atrapalha e desqualifica uma real avaliação do serviço público. Muitas vezes, usa-se das expressões pejorativas de modo totalmente irresponsável. Um pouco de equilíbrio é necessário. Até mesmo para que não se cometam injustiças. Embora, muito conscientemente concorde que sempre haverá laranjas podres no meio da sacola de frutas. E estas sim devem ser extirpadas do serviço público.

sábado, 5 de novembro de 2016

Histórias de Vida VI


Entrevista com a Sra. Hermelina Camacho de Corrêa
Realizada pelo autor em 12-03-2004
Referência: a entrevistada possui 102 anos, mora no interior do município e sabe alguns detalhes sobre a presença de irlandeses na região de Pelotas

"A senhora lembra-se que a senhora comentou que o seu pai contava de uma gente estranha que ele conheceu e que era da colônia de Pelotas?
Sim. Era uns alemães...não, não era alemão. Era um pessoal que vendia manteiga no Mercado Público. Papai comprava fumo e banha lá. Papai contava que tinha umas pessoas estranhas que iam lá e vendiam manteiga e outras coisas.
Dona Hermelina, seu pai sabia dizer se eram estrangeiros? Dizia se eram alemães ou italianos? Dizia de onde eram, digo, de qual colônia ou região?
Moço, papai contava para nós o seguinte: era um pessoal estranho que vendia manteiga no Mercado Público e que ele nunca tinha visto antes. Ele encontrou com eles algumas vezes, pelo que me lembro, mas quando era mais novinho. Papai trabalhou muito tempo levando burras para o Boqueirão e passava por Pelotas. Depois papai morou num monte de lugar e fazia um monte de coisa para sobreviver. Mas lembro que papai falava sempre do Mercado Público de Pelotas e nos dizia dessa gente. Ele dizia que eram uns ruivos que falava uma língua que ninguém entendia. Isso que ele dizia. 
Mas o seu pai não foi morar em Jaguarão depois?
Não. Papai conheceu mamãe por aqui mesmo. Ela que veio de Jaguarão. Papai morou em um monte de lugar, mas não foi para Jaguarão. Papai colocava a gente no meio da sala e ficava contando um monte de histórias da época dele. Ele disse até da revolução, sabe?! Da revolução aquela. Papai falava muito da revolução. Falava dos degolados. Papai era um homem muito forte também.
(...)
Dona Hermelina, mas voltando à questão dos ruivos ou da gente estranha que seu pai falava, ele não sabia dizer então se eram colonos? Se era gente da colônia alemã? A senhora me comentou que várias vezes vocês iam nos bailes da colônia "para fora" e que tinha muito alemão?
Meu filho, papai falava e xingava em alemão. Ele trabalhou com tanto alemão na colônia que aprendeu. Esse pessoal dos 'alemão' gostava muito do papai, porque ele era um homem forte que não...como se diz...repunava serviço. Papai cortava muita lenha nos matos. Eles faziam aqueles almoços grandes e convidavam papai e também davam uns tarros de leite para ele. Mas papai dizia que essa gente, os ruivos, ele nunca tinha visto igual.
Seriam de outra procedência, então?
Eu não me lembro muito, mas sei de uma história que o papai contava. Tinha um alemão, o Walter que botou uma casa de comércio em Pelotas, mas falava que nem nós o 'brasileiro'. Ele era muito amigo do papai. Do Walter eu me lembro quando era mocinha ainda. Pois é, daí papai dizia que uma vez essa gente chegou na venda do Walter e o Walter foi falar alemão com eles e não adiantou. Daí o Walter foi tentar falar pomerano e também não adiantou. Mas igual parece que se entenderam misturando 'brasileiro' na conversa. O Walter sabia de onde era esse pessoal. Mas eu não sei de onde era esse pessoal. Quem sabe o senhor conversa com a Simone. A Simone do Nico, é neta do Walter (nota: informação inconclusa).
(...)"

Obs.: a entrevista obviamente foi "polida" na ortografia e concordância gramatical. (Nota minha de 2009)
Obs.: os trechos separados dizem respeito ao tema anunciado no início do artigo, pois partes da entrevista possuem detalhes íntimos e não diretamente relacionados. (Nota atual na publicação desta postagem).

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