domingo, 31 de março de 2019

O cangaceiro Antônio Silvino


"O bandido Silvino

Cinco assassinatos

O conhecido cangaceiro Antonio Silvino, terror dos Estados do Norte, onde com um bando de salteadores mata e rouba desenfreadamente, acaba de praticar mais uma das suas façanhas, a despeito das medidas postas em pratica pelo governo de Pernambuco para a prisão desse famigerado bandido.

No logarejo denominado Machados, distante duas leguas de Bom Jardim, onde estaciona numerosa força policial, informa um telegramma de Recife, o bandido Antonio Silvino, acompanhado de mais cinco scelerados, assassinou, no dia 16 do passado, á uma hora da tarde, cinco pessoas, inclusive um inspector de quarteirão, ferindo ainda gravemente a treze, entre as quaes algumas mulheres.

Finda a carnificina, os faccinoras, que neste últimos annos têm assassinado mais de sessenta pessoas, saquearam as casas das victimas, fugindo para o sertão.

O bandido Silvino, desde o anno de 1897 que, com os seus companheiros, tem praticado os mais barbaros crimes, sendo incalculaveis os fabulosos prejuizos que, desde dessa epocha, tem causado nos Estados do Norte."

Fonte: A OPINIÃO PÚBLICA (RS), 10 de Março de 1908, pág. 02, col. 02

"Antonio Silvino

Mais proesas do bandido - No sertão da Parahyba - Encontro e tiroteio com uma força de policia - Morte de um officil parahybano - A quadrilha augmenta - Ultimas noticias do criminoso.

Continúa o bandido Antonio Silvino a augmentar a série dos crimes abominaveis a série dos crimes abominaveis que têm feito a sua triste celebridade. As ultimas notícias dos seus feitos chegam da Parahyba, cujo sertão escolheu para theatro de façanhas.

As populações temem-no como a um fantasma e a policia se sente impotente para captural-o. Talvez por isso, dia a dia, o miseravel mais audaz e mais perverso se revela.

Ainda ha pouco, um telegramma de Pernambuco para a imprensa relatava ter Antonio Silvino assassinado, em Galante, um coronel de nome Eduardo Gomes Barbosa, em seguida telegraphando ao presidente da Parahyba, communicando-lhe a façanha!

A força publica, que elle sempre evitou, enfrenta agora á bala, tendo até sustentado tiroteios renhidos com os destacamentos enviados ao seu encalço nos ultimos mezes.

O <<Diario de Pernambuco>> narra, mais ou menos, nos termos que se seguem, o ultimo encontro do bandido com uma força de policia parahybana:

<<Em dias da semana passada, Silvino sahira do município de Patos para o de Batalhão, algumas leguas distantes de Campina Grande.

Em Patos declarou ter o proposito de assassinar o alferes Mauricio, valente official, da policia parahybana, que ha muito o persegue com uma tenacidade digna de louvores.

Infelizmente o bandido cumprio a sua palavra.

Chegado nas proximidades de Batalhão, localidade populosa e prospera, Silvino mandou um emissario com a lista dos contribuintes e o <<quantum>> que lhe devia ser remettido.

Os habitantes de Batalhão responderam pela negativa, confiados no alferes Mauricio que ali se achava com 14 praças e que logo se pôz no encalço da quadrilha.

Em Santo André o official teve noticias de Silvino e então dividio, talvez imprudentemente, a sua força, em duas patrulhas de 7 praças.

Com a patrulha commandada pelo alferes Mauricio, seguio um paisano, incumbido de <rastejar> o bando de criminosos.

Caminhava essa força, quando dentre o matto rompeu cerrada descarga, sendo immediatamente mortos o official e o <rastejador> e cahindo um soldado gravemente ferido.

O alferes Mauricio foi attingido por um bala de rifle no ouvido.

O resto da força debandou e Silvino, sahindo do matto, assassinou a punhal o soldado ferido e mutilou o cadaver do desventurado official, de cuja farda arrancou os botões.

Os cadaveres do alferes Mauricio e das outras victimas foram sepultados na villa da Solidão.>>

Depois desses crimes, já o bandido commetteu um outro: o assassinato do coronel Eduardo, a que nos referimos linhas acima.

A quadrilha de Antonio Silvino, ao que parece, tem se visto ultimamente accrescida de novos e perigosos elementos. Não ha facto criminoso que se dê no interior da Parahyba ou de Pernambuco em que directa ou indirectamente não se achem envolvidos companheiros do miseravel.

A 9 de Março, um grupo de malfeitores atacou em Panellas, nesse ultimo Estado, a casa do agricultor Fernando Pereira, roubando a quantia de 12:000$000.

Avisadas as autoridades, fizeram-se importantes diligencias, de que resultaram algumas prisões, ficando provado que do grupo assaltante fazia parte Antonio Godë, de novo unido á quadrilha de Silvino.

Ha pouco tempo certos jornaes de Pernambuco, e entre elles a <Provincia>, disseram que o territorio criminoso se encontrava no logar denominado S. Vicente naquelle Estado. O <Diario>, porém, contestou essa noticia, affirmando que ha dois annos Silvino não penetrava no territorio pernambucano e reforçando essa affirmativa o seguinte telegramma enviado de Bom Jardim ao chefe de policia.

<<Ultima noticia Silvino em Trambeque, onde esteve, sabendo ter sahido dahi no dia 3, ás 11 horas, tendo arrecadado 15$. Percorri Serra Verde e Munganga, não tendo noticias, sabendo entretanto, que não entrou em territorio Pernambucano. - Major João Isidoro, delegado.>>

Entretanto, muito pouco importa saber-se onde no momento se acha o bandido. O facto é que continúa elle a praticar crimes horriveis, constantemente ameaçando os habitantes dos sertões, cuja situação é de verdadeiro e justificado terror."

Fonte: A OPINIÃO PÚBLICA (RS), 08 de Julho de 1910, pág. 01, col. 05

Trigamia em Rio Grande


"RIO GRANDE

Um complicado caso de trigamia

RIO GRANDE, 16 (Via postal). - A polícia judiciária desta cidade está no conhecimento de um complicado caso de trigamia, há poucos dias verificado.

João Larnescki, natural da Polônia, photógrapho, residente á rua General Abreu n. 127, casou-se primeiramente no seu paiz natal, e, mais tarde, sem haver dissolvido esse consórcio, contrahiu novas nupcias em Buenos Aires.

Não contente, a 27 de fevereiro ultimo consorciou-se nesta cidade com d. Francisca Arenda, viuva de Miguel Arenda, fallecido em 24 de dezembro de 1916.

Para ser celebrado este terceiro casamento, testemunharam o estado de solteiro de João Larneski os seus compatriotas Simon Visinra e Michal Juslawrica.

Nega, entretanto, João Larneski haver commettido o crime que lhe imputam, apontando como autora dessa falsa accusação a segunda das suas sedizentes esposas a qual declara elle, nunca passou de sua amazia e a quem abandonou por infidelidade.

Sustenta, porém, essa mesma pessôa, ter contraído matrimônio com João Larnescki na capital argentina e accrescenta que, no Consulado da Polônia em Santa Catharina existem documentos probantes do primeiro casamento do accusado."

Fonte: ESTADO DO RIO GRANDE (RS), 22 de Março de 1930, pág. 09, col. 02
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