sexta-feira, 26 de maio de 2023

O bando de Jesuíno Brilhante

 



JESUÍNO ALVES DE MELO CALADO (1844-1879), natural da zona de Patu, Rio Grande do Norte, passou toda a sua curta vida envolvido em vinganças contra inimigos fortes e politicamente protegidos. Os seus biógrafos são unânimes em reconhecer-lhe o caráter reto e justiceiro. É célebre a recomendação que fazia aos cabras que se alistavam em seu bando: "Quem entra para este grupo não toca no alheio e aprende respeitar a casa das famílias honestas". Como principais asseclas podem ser mencionados seus irmãos Lúcio e João, seu cunhado Joaquim Monteiro e mais os cabras Manuel Lucas de Melo, o Pintadinho; Antônio Félix, o Canabrava; Raimundo Angelo, o Latada; Manuel de tal, o Cachimbo; José Rodrigues; Antônio do Ó; Benício; Apolônio; João Severiano, o Delegado; José Pereira, o Gato; Manuel Pajeú; e José Antônio, o Padre. Não podemos deixar de transcrever aqui o que, em 1927, o desembargador e notável estudioso dos fenômenos nordestinos, à frente, a seca, Felipe Guerra, escreveu sobre o seu conterrâneo do cangaço, em livro intitulado Ainda o Nordeste: "Há cinquenta anos, teve o Rio Grande do Norte, em município fronteiriço, o seu cangaceiro que se celebrizou, atirado ao crime por ódios e lutas de famílias. Era um chefe de bandidos que não atemorizava as populações, porquanto não depredava a propriedade particular, e nunca atentou contra a segurança e honestidade da família. Episódios de sua vida narram assassinatos de sequazes, cometidos pelo próprio chefe, por desrespeitos e atentados dessa natureza. Solicitado pela parte ofendida, obrigava o ofensor a reparar o mal, pelo casamento. É de supor que a sua justiça de bandido, nesse particular, tenha dado lugar a erros judiciários. Foi esse, Jesuíno Brilhante, o único cangaceiro do Rio Grande do Norte a chefiar bando".

Fonte: MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil. São Paulo: A Girafa, 2011, pág. 163-164.

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