sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

A História dos Sobrenomes Alemães - Parte 01

 


Os chineses foram os primeiros, introduzindo nomes de família já por volta de 2.850 a.C. Os antigos romanos vieram em seguida na Europa; eles geralmente tinham três nomes. Para as regiões de língua alemã, a história dos nomes de família começa aproximadamente no século XII. Durante muitos séculos, um único nome próprio era suficiente para identificar uma pessoa. Isso devido ao natural isolamento entre as populações e a lenta mudança das estatísticas demográficas. No entanto, a cristianização consolidada na Europa Central provocou cada vez mais o surgimento de homônimos de inspiração religiosa. Além disso, houve o declínio de nomes arcaicos germânicos, de modo geral, já por volta do século XI.

Soma-se a isso, o fato da população ter crescido drasticamente entre os séculos XII e XIV. Em algum momento havia, por exemplo, três pessoas chamadas Johann em uma aldeia. Assim, um nome não era mais suficiente para identificar claramente uma pessoa específica.

Por este motivo, uma palavra descritiva (ocupação ou aparência física, caráter, local de nascimento ou residência) foi acrescentada ao nome próprio de cada um dos Johann. A partir de agora havia Johann ferreiro, Johann de cabelo encaracolado, Johann raivoso, Johann de Bremen, etc. Essas denominações particulares foram chamadas de sobrenomes. A partir de agora, cada pessoa tinha um nome próprio e um sobrenome. O sobrenome foi usado apenas para essa pessoa. Por isso, é importante anotar que neste período inicial (séculos XII à XIV) o sobrenome não era ainda transmitido de pai para filho, ele funcionava como um apelido diferenciador. Queremos dizer que, se o Johann ferreiro tivesse um filho Peter, e se ele não seguisse os passos do pai e fosse padeiro, ele seria o Peter padeiro.

Tornou-se problemático nos casos em que o filho do ferreiro também tivesse herdado o ofício do pai. Principalmente, se ostentassem o mesmo nome próprio. Então vamos considerar que Johann ferreiro tivesse batizado seu primogênito também como Johann. Ele também seria Johann ferreiro. Dois Johann ferreiro na mesma aldeia? Por este motivo, acréscimos de nomes como jovem, loiro, ruivo, pequeno...etc, foram desenvolvidos com o tempo. 

Havia o caso também de pessoas que trocavam de sobrenome durante a vida. Supondo um jovem soldado da Baviera no século XIII que era conhecido como Heinrich pescoçudo. Pois bem, Heinrich serviu as tropas de um nobre qualquer em campanhas na Renânia. Por serviços prestados, recebeu terras por lá. Com o tempo, os seus novos vizinhos, impressionados com seu dialeto estranho, passaram a chamá-lo de Heinrich o bávaro, Heinrich bávaro. Na Baviera, ele era o pescoçudo, na Renânia tornou-se bávaro...e morreu assim.

Em lugares pequenos onde todos os residentes se conheciam este método de denominações simples funcionou talvez por mais de dois séculos ou três. Todavia, aproximadamente a partir do século XV (certamente...ou até antes em algumas regiões), nas cidades e burgos maiores isso já não mais funcionou. As cidades cresceram rapidamente e os governos precisaram registrar cada vez mais detalhes de seus assuntos em seus arquivos. A tributação e principalmente o serviço militar tornaram necessária a identificação exata de uma pessoa. Mesmo nas áreas rurais e no seu enorme mundinho de feudos das mais diversas formas jurídicas, os governantes tinham livros sobre a propriedade e/ou o uso das terras e as famílias que ali residiam.

Por razões administrativas, foi necessário encontrar uma nova forma de nomear as pessoas que correspondesse a estes padrões: o nome tinha de ser oficialmente obrigatório, tinha de ser válido durante todo a vida da pessoa e tinha de ser transmitido a próxima geração. Como consequência, o sobrenome-apelido-mutável-particular desapareceu e o sobrenome enquanto nome de família, imutável e transmissível, foi estabelecido. Johann ferreiro e permaneceu inalterado mesmo que Johann assumisse outra ocupação ou se mudasse para outro lugar. Seus filhos recebiam o sobrenome ferreiro, que era transmitido a netos, bisnetos, trisnetos e etc.

Essa evolução do nome próprio + sobrenome-apelido-mutável-particular em direção ao nome de família fixo não ocorreu da noite para o dia. Começou no sudoeste da Europa (principalmente na Península Ibérica) e se espalhou para o nordeste nos séculos XIII e XIV. A nova forma de nomear se aplicava mais às cidades do que às pequenas aldeias. Em áreas remotas, a antiga forma de nomenclatura foi parcialmente mantida até o século XVII ou mesmo XVIII.

Geralmente existem cinco categorias principais de sobrenomes germânicos. E uma sexta categoria mais rara. São elas:

✤ Sobrenomes originários de ocupações profissionais;

✤ Sobrenomes originários de locais de residências num burgo ou aldeia;

✤ Sobrenomes originários de burgos, cidades, regiões ou países;

✤ Sobrenomes originários de características físicas ou traços de caráter;

✤ Sobrenomes originários da filiação paterna;

✤ Sobrenomes originários da filiação materna (mais raros e mais comuns na Escandinávia).

Fonte: https://www.beyond-history.com/

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