domingo, 15 de maio de 2011

História da Pedreira do Cerro do Estado - Parte X


Lista de Funções Ocupacionais dos Trabalhadores da Pedreira
                No período em que o Estado do Rio Grande do Sul esteve envolvido diretamente com a exploração da Pedreira (de 1939 até os dias atuais), através de suas diferentes autarquias (D.O.P.B.R.G., D.E.P.R.C. e, atualmente, SUPRG), existia um quadro funcional com diferentes níveis profissionais, conforme a especialização dos trabalhadores. São eles: nível I – serventes; nível II – turmeiros qualificados; nível III – auxiliares-artífices; nível IV – capatazes; nível V – artífices (carpinteiros, pedreiros, dinamiteiros, maquinistas, etc.); nível VI – encarregados; nível VII – almoxarifes e escriturários I; nível VIII – escriturários II, desenhistas, técnicos em Eletrotécnica, Comunicações, Edificações, etc.; nível superior – engenheiros. Procuraremos listar estas funções, fornecendo uma breve explicação sobre estes ofícios. Acrescentamos também ocupações que existiram somente na época das companhias estrangeiras.
Agente da Estação – é da época da Companhia Francesa. Coordenava a entrada e saída de locomotivas na área da Pedreira, bem como suas passagens nas estações de apoio do Teodósio, Parque Fragata e Estância Ribas.
Agulheiro – é a mesma função do manobreiro. Termo aparece na época das companhias estrangeiras.
Ajudante de Ferreiro – denominação encontrada na época da Companhia Francesa.
Ajustador – ocupava-se na Usina Elétrica, nas oficinas ou no recinto[1] da Pedreira realizando ajustes técnicos no maquinário e nas instalações.
Almoxarife – profissional responsável pelo Almoxarifado.
Aparelhador de Vagões – responsável pelo uso e manutenção dos vagões da linha férrea. Função existente na época das companhias estrangeiras.
Apontador – responsável pelos apontamentos (registros) de expedição de rocha via linha férrea. Existiu nas décadas das companhias estrangeiras.
Aprendiz – jovem iniciado nas artes de um ofício. Normalmente, um profissional de nível V (carpinteiro, cortador, etc.) escolhia um “bocha” para ensinar seus conhecimentos.
Auxiliar-Artífice – auxiliar direto de um artífice. Não possuía qualificação para exercer diretamente um ofício. Por isso, poderia ajudar o carpinteiro, o pintor, o ferreiro, etc.
Auxiliar de Portaria – semelhante função do vigilante, embora com menos atribuições.
Bocha – adolescente/jovem empregado no transporte de água ou ferramentas para a área da Pedreira.
Canteiro – Vide graniteiro.
Capataz – responsável direto por uma turma de trabalhadores, coordenando-lhes o serviço. Havia turmas das Oficinas, da Usina, do Escritório, da Linha Férrea, da Pedreira, etc.
Carpinteiro – ocupava-se em todos os trabalhos de carpintaria da área da Pedreira.
Chefe da Usina Elétrica – responsável por todas as atividades concernentes ao funcionamento da Usina Elétrica, coordenando o trabalho dos funcionários daquele setor.
Chefe do Tráfego – junto com o Agente da Estação, coordenava a entrada e saída de locomotivas da área da Pedreira.
Chefe-Mineiro – muito provavelmente o “capataz” dos mineiros, na época da Companhia Francesa.
Cortador – fazia o trabalho de corte nas pedras, preparando as diferentes rochas para a produção dos mais diferentes produtos.
Desenhista – responsável por todos os desenhos técnicos necessários à área da Pedreira: mapas, projetos, gráficos de produção, plantas, etc.
Dinamiteiro – responsável direto pelo manuseio de dinamite na área da Pedreira. Deveria possuir carta de blaster – documento especial que lhe garantia permissão e condição técnica para operar tal produto.
Diretor-geral – termo que designa o administrador geral da Pedreira na época das companhias estrangeiras.
Eletricista – responsável pelos trabalhos de instalação e manutenção elétrica na área da Pedreira.
Encarregado – administrador do dia-a-dia da Pedreira, imediatamente subordinado ao Engenheiro (quando este havia). A ele estavam subordinados os capatazes de turma.
Enfermeiro – havia um enfermeiro na época da Companhia Francesa, embora ao que parece não era residente no Capão do Leão, sendo mais um prestador de serviços.
Engenheiro – responsável técnico geral por toda a atividade mineradora da Pedreira, além de ser o chefe-geral. Por isso, assinava como “Engenheiro-Chefe”.
Escriturário I - realizava funções básicas de escriturário como: controle do livro-ponto, comunicação interna, expedição de ofícios e correspondências, etc.
                Escriturário II – realizava funções especializadas de escriturário como: contabilidade, controle da produção, documentação trabalhista, etc.
Estafeta – servidor direto do Escritório; ajudante-geral deste setor.
Extra-diarista – denominação dada para o trabalhador contratado ocasionalmente, por períodos curtos, utilizado em tarefas pesadas, normalmente quando a atividade mineradora na Pedreira apresentava volumes consideráveis.
Ferramenteiro – responsável pela guarda e manutenção das ferramentas utilizadas na área da Pedreira, em especial aquelas utilizadas na exploração de rocha.
Ferreiro – responsável pela Ferraria. Um detalhe interessante é que, na Pedreira, a Ferraria produzia peças de reposição ao maquinário, além de dar devida manutenção a peças usadas.
Foguista – trabalhava diretamente nas caldeiras da Usina Elétrica, alimentando e dando manutenção ao fogo. O termo também designa o responsável pela caldeira da locomotiva.
Graniteiro – nominalmente este termo só designa o trabalhador em Pedreiras por si só, isto é, a categoria. Convém afirmar que não encontramos um só registro de qualquer época que trouxesse a palavra como sinônima de ofício profissional específico.
Guarda-freios – denominação usada nas décadas das companhias estrangeiras a um profissional semelhante ao manobreiro.
Guarda-pontes – responsável pela guarda e manutenção das pontes ferroviárias (uma no Arroio Teodósio, outra no Arroio Fragata). Morava numa casa próximo ao local. Função encontrada em 1922.
Guardador de Animais – a razão de existir animais de tração (cavalos e burros) na área da Pedreira, para nós constitui questão ainda não solucionada. Porém, nas décadas das companhias estrangeiras, tal função exigia a presença de um responsável.
Guindasteiro – operava o guindaste que colocava as rochas nos vagões de trem.
Instalador Hidráulico – o mesmo que encanador. Responsável pelos trabalhos de instalação e manutenção hidráulica na área da Pedreira.
Jornaleiro – função comum nos primórdios da Pedreira, na época da Companhia Francesa. Era o trabalhador pago por dia em serviços de qualquer natureza.
Lenhador – existente na época da Companhia Francesa.
Lingador – colocava correntes na rocha, que deveria ser içada pelo guindaste e colocada em um vagão de trem. Era atividade técnica muito precisa.
Manobreiro – acompanhava a locomotiva, realizando a tarefa de “manobra” do trem. Cuidava das composições de vagões, unindo-as ou desunindo-as, bem como operava a chave do desvio da linha férrea no Teodósio, quando o trem atingia o trecho da Viação Estadual.      
Maquinista da Locomotiva – operador da locomotiva que conduzia rochas e produtos da Pedreira via férrea.
Maquinista da Usina – aparece somente em documentos da década de 1920. É o responsável pela operação e manutenção das máquinas “Corliss”, geradoras de energia elétrica.
Marreteiro – espécie de cortador de pedras que realizava a tarefa de “requebra” das pedras. Isto é, fazia uma espécie de novo arranjo nas pedras cortadas, transformando-as em outros produtos.
Marroeiro – responsável pelo trabalho de quebrar as pedras.
Médico – prestava atendimento médico em situações de acidentes graves na Pedreira. Tal como o enfermeiro, possuía um vínculo de prestador de serviço.
Mestre das Oficinas – difícil identificação da função existente na época da Companhia Francesa. Não foi possível relacionar se é o responsável por todas as oficinas ou pelo setor de manutenção.
Mestre de Obras – pedreiro com qualificação técnica em edificações. Só houve um caso em toda a história da Pedreira.
Mineiro – o mesmo que graniteiro ou canteiro, isto é, trabalhador que se ocupava com as atividades de exploração de rocha. Termo utilizado na época da Companhia Francesa.
Motorista – eis uma função “moderna”, que só surgiu na Pedreira, somente na década de 1950, quando apareceu a primeira camionete e, posteriormente, o primeiro caminhão.
Oficial Administrativo – denominação antiga do Escriturário II.
                Oficial Escrevente – denominação antiga do Escriturário I.
                Oleiro – responsável pela produção de tijolos e telhas. No caso da Pedreira, fazia principalmente o trabalho de manutenção na Caldeira (que é formada de tijolos refratários), pois com o tempo, o calor desgastava suas paredes, abrindo-lhes buracos.
                Operário – como na época da Companhia Francesa, houve contratação em massa de trabalhadores para atividade mineradora, os que possuíam um mínimo de intimidade com o ofício eram classificados genericamente nesta função, embora um ou outro pudesse desempenhar atividades muito diferentes.
Pedreiro – ocupava-se em todas as obras de alvenaria e construção da área da Pedreira.
Pintor – responsável pela pintura de prédios, instalações e equipamentos.
Servente – funcionário destinado a serviços gerais de qualquer natureza. Entretanto, no caso da Pedreira do Capão do Leão, a grande maioria se ocupava na manutenção da linha férrea e em atividades de limpeza.
Soldador – responsável por todas as atividades de soldagem na área da Pedreira.
Sub-capataz – auxiliar do capataz. Função existente na época das companhias estrangeiras.
Telefonista – a função existente nas épocas das companhias estrangeiras reservava-se exclusivamente a mulheres e exigia certo conhecimento técnico, pois implicava manuseio de fios e equipamentos.
Telegrafista – existente no quadro funcional da Companhia Francesa. 
Turmeiro Qualificado – espécie de servente qualificado, empregado em tarefas que iam além daquelas reservadas ao servente normal. Normalmente, o trabalhador nesta função já possuía alguns anos de experiência na Pedreira.                    
                Vigilante/Guarda – responsável pela vigilância da área da Pedreira. Supervisionava a entrada e saída de pessoas, bem como fazia o trabalho de vigilância noturna e nas ocasiões de explosão de dinamite.
                Zelador das Pedreiras – é da época da Companhia Americana. Fiscalizava toda a atividade mineradora do arrendatário, remetendo a Rio Grande relatórios e correspondências.



[1] Nota: entenda-se “área da Pedreira” como todo o complexo de instalações, maquinário e benfeitorias, e “recinto da Pedreira” o espaço de exploração de rochas.

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