sexta-feira, 1 de junho de 2018

João Jacintho de Mendonça


Por Fernando Osório

"O Duque de Caxias, em carta ao General Osório, referia-se a este notável pelotense: 'Muito me penalizou a morte do nosso comum amigo João Jacintho de Mendonça, que de certo foi uma perda para a Província do Rio Grande, pois era um talento e um ótimo caráter'.

Ao falecer (3 de junho de 1869) o seu nome ocupava o primeiro lugar na lista tríplice que ia ser submetida à escolha do imperador. Era irmão do Dr. Joaquim Jacintho de Mendonça, outro respeitável pelotense, probo magistrado, administrador e político, de palavra elegante, que governou Sergipe e a terra natal, foi deputado e mereceu o título de conselho do governo de Pedro II.

O Dr. João Jacintho de Mendonça nasceu na Vila de S. Francisco de Paula (cidade de Pelotas) em 16 de março de 1817, sendo seus pais o Capitão João Jacintho de Mendonça e D. Florinda Luiza da Silva. Em 1836 formou-se na escola médico-cirúrgica da corte. Foi, a par de Pedro Chaves, Francisco Brusque e Secco, que apareceu João Jacintho de Mendonça, eleito pela primeira vez deputado na eleição de 1852.

Estreando nobremente na senda espinhosa da política, conseguindo assinalados triunfos na tribuna, trocou mais tarde o apostolado de médico pela missão de estadista. Contudo, nunca a pobreza bateu-lhe em vão à porta, e nas quadras calamitosas em que a cólera morbus acometeu esta cidade, prestou o distinto médico serviços notáveis. Durante a legislatura de 1862 a 1865, em que o partido progressista conseguiu levar à câmara todos os deputados, o Dr. Mendonça esteve proscrito, afastado dos negócios públicos. Chamado a presidir os destinos da província de S. Paulo, e isto em uma época melindrosa, foi tão importante o seu tino administrativo, que a imprensa liberal foi a primeira a render-lhe homenagens.

Uma das datas mais memoráveis dos anais da assembleia legislativa provincial é sem dúvida aquela em que Félix da Cunha, Silveira Martins, Felippe Nery e Mendonça discutiram, além de outros assuntos de elevada política, sobre o direito de revolução. Foi uma luta brilhante, titânica! 

Em 3 de junho de 1869 faleceu na cidade do Rio de Janeiro o ilustre filho do Rio Grande, ocupando o primeiro lugar na lista tríplice para senador. Os vagalhões ameaçadores das conveniências nunca puderam minar-lhe a força de ânimo, que era sobretudo o seu mais notável atributo. A sua eloquência conquistou-lhe uma reputação brilhante: a lealdade aos princípios pagou-lhe a província do Rio Grande, conferindo-lhe por mais de uma vez o diploma de seu representante na assembleia legislativa e no parlamento."

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