terça-feira, 3 de julho de 2007

Um francês em Capão do Leão


Trecho extraído de: BETEMPS, Leandro Ramos. Aspectos da Colonização Francesa em Pelotas. In: História em Revista, DHA, UFPel, volume 5, dezembro de 1999, pág. 129.
Longchamp: Jules Albert Longchamp, francês de Marselha, veio com os pais Lucien Longchamp e Veronique Dephilet para o Brasil, e tudo indica que não passaram por São Feliciano; alguns dizem que passaram por outros lugares antes de virem para o Rio Grande do Sul, mas isto não foi comprovado. O certo é que Lucien ou Lucio Longchamp já morava com dois filhos, Chiebaud Louis e Aristin ou Aristides Longchamp, no Monte Bonito, perto da colônia francesa em 1886. Chiebaud, dizem, morreu tragicamente por má digestão ou engasgasdo com algo e Aristin foi expulso do convívio familiar, ou fugiu com uma negra para o Capão do Leão, onde trabalhou nas pedreiras deste lugar.”

Elberto Madruga



Trecho extraído do jornal Diário Popular, de 14 de julho de 1985, página 06:
Madruga vitimado por parada cardíaca
Enterro hoje à tarde no seu Capão do Leão

O prefeito de Capão do Leão, Elberto Madruga, morreu ontem, às 16 hs, em sua residência em Pelotas, à rua Professor Araújo, 1314, apartamento 202, vítima de parada cardíaca, quando se recuperava de um período de internação no Hospital de Cardiologia, em Porto Alegre.
Madruga, que deixa a prantear-lhe a morte a viúva Nehytes Alves Madruga, as filhas legítimas Eliane A. Madruga e Ana Maria, será sepultado hoje, às 15h, no Capão do Leão. Ex-vereador em Pelotas por três décadas e ex-diretor do “Jornal da Tarde” em 1957. Madruga foi tenente do exército deixando a farda por ser portador de doença pulmonar, passando então a residir no então 4o. Distrito de Pelotas (hoje município de Capão do Leão) em 1942
A época, era contador da Viação Férrea, cargo que ocupou após conquistar o primeiro lugar em concurso público. Recebeu, já como político, comenda do Papa Paulo VI, em 1967, por sua destacada atuação em favor das classes mais pobres.
A mulher do prefeito falecido, ontem à tarde, disse que Madruga, que apresentava problemas cardíacos há alguns anos, “piorou” ao tomar conhecimento do passamento do seu amigo vereador Raimundo Vilela da Cunha do PMDB de Pelotas. Foi internado em Porto Alegre, no Hospital de Cardiologia. Quarta-feira passada, ele disse à esposa que desejava “ voltar para os meus”. Passou a descansar em casa, “tendo almoçado bem, ontem, aguardando a viusita médica de acompanhamento”. Estavam em seu quarto os seus amigos Waldemar Gonçalves, coordenador da Unidade de Administração de Serviços do Banco Mundial, chegando logo depois o médico Expedito Cardoso. Nesse momento, ocorreu o colapso sendo infrutífero o esforço exercido na hora para fazer seu coração voltar a bater.

Vida política começou em 51,
Sempre à base da coerência

A vida política de Elberto Madruga começa em Pelotas em 1951, quando se elege vereador à Câmara Municipal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Obtém 448 votos e classifica-se em 11o. lugar entre seus pares.
Concorre, desde então, aos pleitos subsequentes, até 1978, reelegendo-se, sempre, a partir de sua base eleitoral, o distrito do Capão do Leão, de cujo município, uma vez emancipado, viria a ser, como era, o primeiro prefeito. Exerceu a vereança durante 31 anos.
Getulista, fiel à doutrina social pregada pelo então presidente, jamais mudou de partido, a não ser para os sucedâneos do antigo PTB, ou seja, o MDB e o... PMDB, atual.
Na Câmara Municipal, exerceu seguramente todos os postos desde a presidência aos demais cargos da Mesa, das comissões técnicas, liderança da bancada e comissões especiais, assim como em diversas oportuinidades integrou o quadro de dirigentes do seu partido.
Combativo na defesa de suas idéias e das diferentes situações que sustentou ao longo dos seus sete mandatos de vereador, caracterizava-se, ao mesmo tempo, por uma serenidade invulgar. E, a despeito do seu ardor partidário, procurou sempre, quando da decisão dependiam os altos interesses do município, colocar-se ao lado de Pelotas, votando, tantas vezes, a favor dos projetos oriundos do Poder Executivo, dirigido por mandatário de partido antagonista.
Era, assim, pessoa estimada e sobretudo respeitada por políticos de todas as agremiações que o desejavam em seus quadros. Conta-se que o então prefeito Adolfo Fetter, admirador das suas virtudes, confessava que, se alguma frustração pudesse ter como dirigente político, essa, certamente, seria a de não conseguir a adesão de Elberto Madruga ao seu partido.
Esteve sempre ligado ao “seu Capão do Leão”, para onde viera doente, de Rio Grande, sem grandes esperanças de recuperação. Recobrou, contudo, a plenitude da saúde, e dedicou o resto de sua vida àquela localidade, lutando em duas ocasiões, por sua emancipação e culminando no exercício do cargo de prefeito, o primeiro da história da nova comuna, desde 1982.
Elberto Madruga, que prestou relevantes serviços a Pelotas e a esta região, há de ser sempre lembrado com saudade por uma legião enorme de amigos e admiradores, e será sempre respeitado por sua nobreza de caráter, por sua lealdade aos companheiros, por sua fidelidade aos princípios que desde moço abraçara e por inúmeras outras virtudes, que faziam dele uma personalidade de escol.
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