sexta-feira, 21 de julho de 2017

A Escravidão no Brasil


Trecho extraído de: DICIONÁRIO UNIVERSAL DE CURIOSIDADES. São Paulo: Comércio e Importação de Livros Cil S.A., 1968, p. 706-708

"Do ponto de vista econômico, o Brasil é um resultado da escravidão. Não fôssem os escravos, e o Brasil não seria o que é hoje. De seu trabalho nos veio o ouro, o café e o açúcar, tendo sido o Brasil uma das maiores potências agrícolas do mundo. 

A escravidão é condenável do ponto de vista sociológico e cristão. As mesmas riquezas poderiam ter sido produzidas dando-se aos negros a condição de homens livres. Entretanto, considerando-se hoje o fato histórico consumado, apesar de bárbaro e infame, o período escravagista do Brasil constituiu fator decisivo para a emancipação econômica brasileira. Os índios não tinham para o trabalho a aptidão dos negros, sendo ainda protegidos pelos jesuítas. No ano de 1570, S. Sebastião determinou que todo índio antropófago, feito prisioneiro de guerra, deveria ser escravizado. Em 1611, Felipe III revogou a lei da abolição dos índios; nessa época recrudesceram as Entradas para caça aos índios. Manuel Pires, através do Rio Negro, durante os anos de 1565 a 1567, trouxe do Pará mais de mil índios. No ano de 1697, por influência dos jesuítas, foi renovada a proibição do tráfico indígena. 

Portugal recebeu os primeiros escravos em 1442, procedentes da Guiné. Foram apresados por Gil Eanes, o primeiro português a dobrar o Cabo Bojador. 

Diversas foram as revoltas feitas pelos escravos, no anseio incontido de recuperar a liberdade e libertar-se do jugo dos senhores. Milhares foram os escravos mortos nessas guerrilhas. No Brasil, ficou célebre a história do Quilombo dos Palmares. Os negros foragidos reuniam-se em locais determinados, em tôrno de seus chefes. Êsses locais em que se agrupavam os escravos revoltosos recebiam o nome de quilombos. 

A 28 de setembro de 1871, por esforços do Visconde do Rio Branco, foi promulgada a lei do ventre livre, cujo teor dava liberdade aos nascituros, a partir desta data. Era a aurora da abolição futura. Mesmo que mais não se fizesse, dentro de algum tempo extinguir-se-ia o cativeiro. Entretanto, em 1887, a estatística acusava o número de 723.419 pessoas em condição de escravos, em nosso país. Mas a revolta ideológica alastrava-se com veemência. De todos os pontos da nação erguiam-se vozes e organizavam-se movimentos em favor da abolição dos escravos. Destacaram-se, nessa revolução social, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Luís Gama, bem como o poeta condoreiro, Castro Alves, que fêz da solidariedade humana, em favor dos escravos, uma das maiores fontes de inspiração épica. Por iniciativa particular, o Ceará e o Amazonas puseram têrmo a escravidão negra, a partir de 1884. Como um passo a mais para a abolição, promulgou-se a lei dos sexagenários, dando alforria automática ao escravo que completasse 60 anos de idade. Finalmente, a 13 de maio de 1888, a Princesa Regente Dona Isabel assinava a definitiva abolição da escravatura no Brasil. Essa lei, com justiça, chamou-se Lei Áurea, isto é, lei de ouro. Pelo seu conteúdo sociológico, como afirma o Prof. C.A. de Toledo, essa lei transcende os âmbitos de um decreto comum, e assume as proporções de verdadeiro ato adicional à Constituição Brasileira. No dia da abolição  dos escravos, foram libertados aproximadamente 800 mil escravos.

De 1550 a 1850, o Brasil recebeu da África mais de três milhões de escravos, havendo autores, que apresentam a cifra de seis milhões. Vinham geralmente da Guiné. Os maiores mercados brasileiros, eram os do Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e Bahia. O preço médio por cabeça era de 20 a 30 libras; havia, entretanto, negros excepcionais, verdadeiros hércules, cujo preço atingia 100 libras."

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