Produtos da Pedreira
Ao longo de um século de exploração de rochas na Pedreira, existiram os mais diferentes tipos de produtos derivados da zona mineradora e dos arredores que eram expedidos a Rio Grande e outros locais. Como vimos anteriormente no texto, até madeira foi remetida via trem. Listamos, pois, os tipos de rochas e material do subsolo que saía da Pedreira, suas características e destinações. Ressalvo, todavia, que algumas definições abaixo estão sujeitas a diferentes interpretações, pois as tipologias mudaram através dos anos.
Areia Grossa – embora não exista areia na área da Pedreira do Cerro do Estado, a linha férrea era utilizada para transporte deste tipo de material. Nos anos do D.E.P.R.C., a areia era extraída do Passo dos Carros e transportada até a Pedreira. De lá ia até Rio Grande. Nas décadas de 1920 e 1930, era embarcada areia proveniente do Fragata, da área do atual bairro Simões Lopes, em Pelotas, e do areal próximo à Estância Ribas. Cremos que esse embarque era feito no caminho da linha férrea, devido às várias estações de apoio que existiam.
Argila – material expedido durante muito tempo para as mais diferentes destinações. É o popular aterro.
Argila com Cascalho – na década de 1940, este tipo de material aparece classificado em dois tipos: argila com 40% de cascalho e argila com 25% de cascalho. Em décadas subseqüentes é simplesmente argila com cascalho, sem precisar-se a porcentagem de um ou outro. Servia para fins de construção, calçamento e aterramento.
Bloco Especial ou de 1ª. categoria – rocha com mais de 5 toneladas.
Bloco de 2ª. categoria – rocha pesando entre 3,5 e 4,9 toneladas.
Bloco de 3ª. categoria – rocha pesando entre 1,3 a 3,4 toneladas.
Bloco de 4ª. categoria – rocha pesando abaixo de 1,3 toneladas. É raro na maioria das expedições através dos anos. Normalmente, o bloco de 4ª. categoria já é considerado moellon ou tout-venant.
Carvão – ocasionalmente era expedido a Rio Grande por linha férrea.
Cinza de Carvão – a cinza do carvão das caldeiras da Usina e das locomotivas ia para Rio Grande para ser vendida como adubo em 1949.
Cobertina – pedra de cantaria destinada ao revestimento da margem do cais do Porto de Rio Grande. Em outras palavras, assemelha-se a um grande meio-fio polido.
Cordão de granito – pedra cortada em quatro faces, semelhante a um poste, destinada a servir como guia de ruas calçadas. Possui um comprimento menor que moerão. O mesmo que meio-fio. Pode ser bruta ou de cantaria, dependendo da função.
Cordão de granito curvo – tem a mesma função que o cordão de granito, porém é pedra de cantaria cortada de forma curva.
Detrito da Britadora – todo o material que sobrava das peneiras da Britadora, desde a poeira fina a pedaços disformes de pedra.
Enrocamento – o termo aparece para blocos de todos os tipos. Designa a rocha que serve como resguarda aos Molhes da Barra.
Granitulho – tipo de paralelepípedo pequeno, utilizado em obras especiais de calçamento. Na época da Companhia Americana, possuía uma bitola padrão de 6x6x6 cm. Designa, de modo geral, o paralelepípedo pequeno.
Haduquinho – Vide paralelepípedo.
Lasca de Pedra – material utilizado com função de aterramento.
Lenha – quando a Pedreira passou a ser auto-suficiente neste produto, no final da década de 1940, houve expedições deste material para Rio Grande.
Moellon – é um dos principais produtos da Pedreira em todos os tempos. A palavra francesa significa “pedra de encaixe”. É empregada para preencher espaços entre blocos dos molhes da Barra de Rio Grande, dando-lhes sustentação. Embora, o termo atualmente tenha outro significado nas empresas arrendatárias atuais, designando uma rocha com corte retangular.
Moellon Brita – tipo de moellon que não era aceito para ser remetido aos Molhes da Barra e era revertido em matéria-prima de britagem.
Moerão/Moirão – pedra cortada em quatro faces, semelhante a um poste, destinada a servir como ponto de sustentação de alambrados[1].
Paralelepípedo – pedra cúbica de menores proporções que uma pedra de alvenaria utilizada em calçamentos de ruas. Padrões produzidos na Pedreira: 9x12x13 cm (menor), 17x18x21 cm (maior). Havia também padrões intermediários.
Pedra Britada – existiam seis diferentes bitolas, que iam do número zero ao número cinco. A pedra britada de número zero também era chamada pedrisco e se destinava a revestir terrenos. A pedra britada número cinco[2] é a pedra utilizada como base para trilhos de trem.
Pedra de alvenaria – ou pedra de obra. É a pedra quadrada imperfeita utilizada como alicerce de construções. Possui várias bitolas possíveis, conforme a necessidade. Na Pedreira as mais comuns produzidas eram: 20x20x40 cm, 25x25x30 cm e 30x40x50 cm.
Pedra de cantaria – qualquer pedra que sofreu algum tipo de trabalho de polimento ou incrustação, isto é, foi lavrada. Diferencia-se da pedra bruta que é simplesmente cortada.
Peitoril de granito – pedra de cantaria que é colocada na parte inferior dos marcos de uma janela.
Pó de Pedra – enquanto o Detrito da Britadora agrupava tudo o que sobrava das peneiras da máquina, o pó de pedra era a poeira separada de resíduos maiores.
Poita – tipo especial de rocha utilizada para apontar profundidades marítimas.
Portalada – pedra de cantaria utilizada na construção de degraus. Em alguns casos, a portalada é de pedra bruta.
Soleira de granito – limiar do marco de porta, isto é, sua parte inferior. É pedra de cantaria.
Terra Vegetal – aparece em 1923, diferenciada explicitamente da Argila. Provavelmente constitui as primeiras camadas do solo descoberto para a exploração de rocha.
Tout-Venant – conjunto de rochas residuais que não podem ser utilizadas como blocos nos Molhes da Barra. Também chamado “bota-fora”. Destinava-se normalmente à britagem.
Verga de granito – pedra de cantaria que serve como anteparo de portas ou janelas. Isto é, colocada na parte superior dos marcos de uma porta ou janela.