O século XVIII parece ter sido o marco temporal do contato entre o Brasil e os chineses. Foram escravos, segundo alguns autores, os que aqui primeiro desembarcaram. Contudo, o projeto do cultivo do chá verde no início do século XIX na Fazenda Imperial de Santa Cruz e naquela que mais tarde seria batizada como Jardim Botânico Real foi, de fato, o primeiro esforço sistemático e alicerçado pelo Estado no sentido de se importar asiáticos. Neste esforço, D. João VI autorizou a vinda de 2.000 chineses. Vieram, entretanto, cerca de 300. Seria a primeira imigração livre para nosso país.
Contudo, estes trabalhadores não se adaptaram à mudança de clima e às condições de vida e trabalho (maus tratos, privações, etc.) e vários conseguiram retornar à terra natal. É digno de nota, para compreender o cenário dramático destes imigrantes, a denúncia de um deputado inglês, em 1834 (portanto, mais de vinte anos desde o episódio da importação de trabalhadores), de que após o fracasso das plantações de chá “alguns desses chineses teriam sido abandonados nas florestas do Rio de Janeiro para serem perseguidos por esporte por caçadores”. Embora não conste registro probatório desta denúncia, sabe-se, todavia, que, em razão da fuga da fazenda imperial, dois chineses do Jardim Botânico foram caçados, com o auxílio de cavalos e cães, pelo filho de D. João VI.
Fonte: ARAUJO, Marcelo. Chineses no Rio
de Janeiro: O século XX e a migração em massa. In: Encontros, Depto. de
História do Colégio Pedro II, Rio de Janeiro, ano 13, n. 25, 2º. Sem. 2015,
pág. 69-70.