quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Thomas Cochrane


"Thomas Cochrane influenciou a História pelo desempenho de amplas realizações. Ele se destacou na Marinha inglesa, na qual introduziu inovações na área da propulsão naval que modificariam os rumos do poder marítimo. Além disso, aproveitando uma fase em que estava afastado do serviço, cooperou no movimento pela independência no Chile, Peru, no Brasil e na Grécia. Finalmente, seus trabalhos sobre guerra química fizeram deles um gênio para alguns e um excêntrico para outros, pois são seus os primeiros planos concretos que conduziriam aos ataques com gás na Primeira Guerra Mundial.

Após o nascimento, ocorrido em 1775, em Anesfield, Lanarkshire, ele sofreu a influência do pai, que empobrecera a família com suas experiências científicas, e do tio, um oficial naval. Aos 17 anos entrou para a Marinha como aspirante e em 1800 atingiu o posto de tenente no comando do brigue da Marinha Real Speedy. Com este navio ele fez mais de 50 presas, inclusive a fragata espanhola El Gumo, em 1801.

Sua coragem pessoal e capacidade fizeram-no merecedor do respeito dos subordinados e do louvor do público inglês, mas seu idealismo e sua franqueza provocaram a ira dos superiores e a desconfiança do Almirantado. Em abril de 1809, ele comandou uma série de vitoriosos ataques com navios incendiários contra os franceses em Aix Roads, perto de Brest, mas suas críticas ao comandante da frota por não aproveitar o êxito levaram-no à corte marcial.

Também acabou prejudicando sua carreira militar, com sua eleição, em 1807, para o Parlamento, onde protestou contra o que considerava má administração da Marinha. Por volta de 1814 já granjeara inimigos na Marinha e no Governo, que o detestavam o suficiente para levá-lo a julgamento por fraudes na bolsa de valores. O júri o condenou, embora inocente; expulsou-o da Marinha e cassou seu mandato no Parlamento. Na década seguinte, ele emprestou seus conhecimentos navais a causa revolucionárias. Em maio de 1817 aceitou uma oferta para comandar a Marinha chilena na guerra da independência contra a Espanha. Com uma campanha de bloqueios navais, bombardeios de instalações litorâneas e incursões para desembarque de pequenos grupos, por volta de 1820, ele destruiu o domínio naval espanhol em águas chilenas. No ano seguinte, conduziu seus navios para o Norte, para ajudar José de San Martín a libertar o Peru.

Cochrane permaneceu no Chile como herói do recém-libertado país até, como de hábito, entrar em discussão com o Governo e ficar desencantado com a paz que ajudara a conquistar. Em 1823, novamente assumiu o comando de uma Marinha rebelde, dessa vez no Brasil contra Portugal. Com apenas duas fragatas, fustigou a frota portuguesa de 60 transportes e 13 navios de guerra, ajudando vários e impedindo outros de entrar no porto no Maranhão, para reparos e ressuprimento. Isso obrigou a frota a retornar a Portugal, assegurando a vitória dos brasileiros na guerra pela independência.

Mais uma vez ele se mostrou incapaz de manter bom relacionamento com os superiores, depois do final das hostilidades. Em 1825, aceitou o comando da nascente Marinha grega, mas não conseguiu reunir apoio suficiente do Governo para lançar uma frota de alguma expressão. Frustado, voltou à Inglaterra e, em 1829, limpou seu nome das acusações de fraude. Depois de muitos questionamentos, obteve o perdão do rei e a reincorporação na Marinha Real, em 1832.

Um tanto quanto abrandado pela idade, ele deu seu melhor com seus superiores quando comandou as estações navais americana e das Índias Orientais de 1848 a 1851, sendo promovido a almirante. Nessa época, tornou-se ardoroso defensor da propulsão a vapor e a hélice, empregando caldeiras tubulares, inovações que passou a experimentar pelo restante de sua longa vida. Morreu em Londres, em 30 de outubro de 1860, aos 85 anos."

Fonte: LANNING, Michael Lee. Líderes e Pensadores Militares. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1999, pág. 415-417.


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