quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Índios minuanos e charruas na região de Rio Grande no século XVIII


Destaquei o pequeno trecho do artigo por fornecer uma visão geral da presença de grupos indígenas minuanos e charruas em nossa região. Devemos lembrar que a Vila de Rio Grande no século XVIII possuía um território considerável e imenso e os deslocamentos portugueses pela região incluíam territórios que hoje incluem, além do próprio município de Rio Grande, Pelotas, Capão do Leão, Piratini, chegando até à Lagoa Mirim. O próprio Capão do Leão fazia parte do chamado distrito do Cerro Pelado da Comandância Militar de Rio Grande.


Trecho extraído de: MIRCO, Carmen Helena Braz & RODRIGUES JÚNIOR, Gonçalo. Toponímia indígena do município de Rio Grande. In: BIBLOS, Rio Grande, v.2, 1987, p. 63.


"No município do Rio Grande, através de pesquisas arqueológicas até agorrealizadas se pode constatar que sua ocupação pelo homem ocorreu por volta d500 anos antes de nossa era. Eram pequenos grupos de caçadores-coletores quocupavam sazonalmente aterros, barrancos ou dunas próximos aos cursos d'água.

Este grupo caçador-coletor desconhecia a cerâmica e, seus vestígios (material lítico) são encontrados até aproximadamente o início de nossa era. A partir daí as pesquisarevelam o aparecimento de cerâmica entre o grupo de caçadores-coletores. Supermanência na área é constatada até o início da colonização portuguesa na primeirmetade do século XVIII.

A cerâmica deste grupo de caçadores -coletores é classificada como TradiçãVieira. Estes caçadores-coletores viviam em pequenos grupos que se deslocavam continuamente devido ao seu modo de subsistência. O seu sistema econômico desenvolvia-se em um espaço geográfico determinado, sendo a divisão do trabalho baseada no sexo, e a divisão dos recursos alimentares feita através da partilha entre os componentes do grupo. Certamente havia intercâmbio matrimonial entre os diversos bandos locais pertencentes a uma mesma unidade lingüística.

No contato com os grupos horticultores desenvolvem uma agricultura incipiente, adotando também outros traços culturais inclusive elementos da sucerâmica.

Na época da chegada do europeu na região habitava o grupo denominado Charrua na zona de campo e Minuano nas margens das lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira. No entanto não há dados suficientemente esclarecedores para qupossamos afirmar que haja um vínculo entre os elementos arqueológicos e históricos.

Os Charruas e Minuanos eram nômades, ferrenhos adversários dos espanhóis e dos índios aldeados, tendo -se aliado aos portugueses auxiliando -os na defesa dobaluartes erigidos para proteger os núcleos recém fundados. Entre eles Rio Grande. Este auxilio aos portugueses já ocorre antes da fundação do Presídio de São Pedro, como se pode perceber na carta de Cristóvão Pereira a Gomes Freire de Andrada, de 8 de novembro de 1736, onde este comunica que já utilizava os préstimos dos índios Minuanos, porém com alguma desconfiança."

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