quinta-feira, 28 de maio de 2020

Sobrenome Lewandowski



No dia de hoje, recebi desde às 11 horas da manhã, ao menos cinco e-mails solicitando informações acerca do sobrenome polonês Lewandowski. Havia vários questionamentos sobre a origem, significado e distribuição do sobrenome. Por esta razão, resolvi postar aqui as informações que me foram pedidas para melhor atendê-los.

Lewandowski

Significado: 

1. Relacionado à lavanda (gênero Lavandula). Por isso: um habitante de um local de plantações de lavandas, ou um cultivador de lavandas. Também pode designar genericamente o extrator de resinas vegetais com propósito cosmético.

2. Um sobrenome judeu, corruptela de Lewitów, que significa "levita, sacerdote", indicando alguém da classe sacerdotal. Também como sobrenome judeu pode ser uma corruptela de lew (=leão), indicando um membro desta etnia que, pela tradição, considera-se descendente da tribo de Judá.

3. Relacionado à palavra polaca "lewada" que significa "clareira", "prado na floresta", indicando alguém oriundo deste tipo de local.

4. Mais raramente, pode estar associado a uma palavra latina para "padrinho".

Distribuição:

É o sétimo sobrenome mais comum da Polônia e, conforme dados de 2015, conta com cerca de 108 mil habitantes com esta alcunha. Está concentrado nas voivodias da Cujávia-Pomerânia, Pomerânia Ocidental, Baixa Silésia e Pomerânia.Fonte: https://archive.is/DmAlW

Também é um sobrenome comum na Alemanha, com boa distribuição em quase todo o país. Fonte: http://wiki-de.genealogy.net/Lewandowski_(Familienname)

Por fim, o sobrenome é encontrado na República Tcheca, Rússia, Eslováquia, Países Bálticos e Estados Unidos da América, com relevância.

Espero ter ajudado!

Quantos dias do ano labutava um trabalhador do século XIX?


"Os feriados

Differe muito de um povo a outro o numero dos seus dias de trabalho.

Segundo a estatistica geral recentemente publicada na Allemanha e que um jornal brasileiro traduziu, trabalham por anno:

Os russos..... 267 dias
Os inglezes..... 278 dias
Os hespanhoes..... 290 dias
Os austriacos..... 295 dias
Os italianos..... 298 dias
Os bavaros..... 300 dias
Os belgas..... 300 dias
Os saxonios..... 302 dias
Os francezes..... 302 dias
Os suissos..... 303 dias
Os dinamarquezes..... 303 dias
Os noruegos..... 303 dias
Os prussianos..... 305 dias
Os hollandezes..... 308 dias
Os americanos do norte..... 308 dias
Os hungaros..... 312 dias

N'esta lista não figura o Brasil; mas tirados do anno os 52 domingos, os 10 dias de festa nacional e ainda os 15 santificados da igreja que o nosso povo costuma respeitar, pode-se dizer que:

Os brasileiros trabalham 288 dias por anno, e por consequencia na lista ficariamos collocados entre os inglezes e os hespanhoes.

Esta estatística prova bem uma cousa, e é que o numero de feriados não exerce influencia alguma sobre a actividade nem sobre a prosperidade de uma nação: está a Inglaterra, entre a Russia e o Brasil, n'uma extremidade da lista, e na outra a Hollanda e os Estados Unidos, perto da Hungria."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 15 de Maio de 1894, pág. 02, col. 04

Sobrenome Otero


"OTERO - Sobrenome espanhol de origem toponímica. Vem do latim 'altariu' e quer dizer 'outeiro', 'colina'."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 15 de Outubro de 1993, pág. 02

O Curupira - um estudo de 1887 - Parte 01


"LENDAS MYTHOLOGICAS

O Korupira

Entre os differentes mythos brazileiros é incontestavelmente o mais antigo o do Kurupira, companheiro inseparavel das crenças populares de todos por onde se extendeu o abanhecenga, ou lingua geral, pelo que parece ser verdadeiramente indigena, senão antes, legado pela população primitiva que habitou o Brazil, em épocas anti-Colombianas e que descendia dos invasores Asiaticos.

Nos Nahuas passou aos Karaibas e destes aos Tupis e Guaranis. Parece ser uma das divindades secundarias sujeitas a Tlaloc. Como as que presidiam os ventos, as chuvas, a abundancia, o milho, as montanhas, havia tambem a que presidia e protegia as florestas.

Por Venezuela, pelas Guyanas, pelo Perú e pelo Paraguay estende-se o dominio do Korupira; vae do Karaiba até o Guarani.

Anchieta (1560), Fernão Cardin (1584), Laet (1640) e Acuña (1641) fallaram e acreditaram mesmo em sua existencia. A civilisação invadindo os centros em que a rusticidade se aninha e devassando os sertões, tem modificado ou feito desapparecer não só as lendas e contos primitivos, como a língua, envolvidos na onda do esquecimento.

Entre elles vae tambem desapparecendo a do Korupira, adulterada aqui, confundida ali, e por toda a parte mais ou menos modificada segundo o cunho especial do meio em que existe e os emprestimos que a civilisação lhe tem feito.

O Korupira, o nunem mentium, de Marcgravius, que, segundo Simão de Vasconcellos, é o espírito dos pensamentos, quer o padre João Daniel, que por espaço de 17 annos foi missionario no Amazonas, entre os annos de 1780 e 1797, que seja um espirito habitante das florestas, que não pratica só o mal, porem muitas vezes tambem o bem. Para mim não é tambem o espirito comico (neckischer waldgeist) do venerando Dr. Martius.

A crença mais geral, comtudo, confirmada pelas differentes lendas é que, o Korupira é o senhor, a mãi, (cy), o genio protector das florestas e da caça, que castiga os que as destroe, premiando muitas vezes aquelles que o obedecem, ou de quem se compadece.

A crença do genio das florestas vae tambem ao centro da Africa, onde acreditam 'que ha um demonio que anda mettido pelo matto sempre á espreita para fazer das suas. Para afugentar o porco sujo, como chamam, teem os africanos como infallivel a simples presença de um diabo fingido, que se veste de palhas e cobre o rosto com uma mascara'. Ossaim sempre armado do seu abêbê, facão de latão, seria para mim o Korupira com seu machado de casco de yaboty, se tivesse os pés ás avessas.

O Korupira, como genio mysterioso e cheio de poder, apresenta-se sempre sob varias formas e sob varias disposições de espirito.

Assim ora é phantastico, imperioso, exquisito, ora máo, grosseiro, atrevido, muitas vezes delicado e amigo, chegando mesmo a se apresentar bonanchão e compassivo, ou ainda fraco, tolo e facil de se deixar enganar. Apesar de tudo tem a virtude de ser agradecido ao bem que se lhe faz, impondo comtudo condições que, quando não cumpridas são fataes.

O estrondo que se repercute ao longe, pelas florestas, das arvores velhas que cahem; o barulho que fazem alguns pica-páos, cavando o alimento pelos troncos, ruido que echôa surdamente pelas mattas, querem que seja tambem o Korupira a causa delle.

Dizem os credulos, quando isso ouvem, que é o Korupira como seu machado, feito do casco de Jaboty (Tapajós), que anda batendo pelas çapopemas das arvores, para ver se estão seguras, e podem resistir ás tempestades.

No alto Amazonas dizem que bate com o calcanhar e no baixo, em Obidos, que com o seu penis, que é de tamanho extraordinario.

É o Korupira quem nos mostra ou esconde a caça; quem nos revela os segredos das florestas, as virtudes medicinaes das plantas, e nos dá os productos d'estas etc., conforme o seu bom ou máo humor, ficando furioso sempre que sente o piché do couro queimado d'alguma caça.

Segundo as localidades assim são as formas sob os quaes se mostra tomando a feminina quando se apresenta aos homens, e querem mesmo alguns que haja Korupiras de ambos os sexos ou que seja casado com alguma tapuya velha feia e má que o auxilia nos seus malificios e da qual dizem que tem tambem filhos, o Benjamin dos quaes é o Çacy ou Korupira pitanga ou mitanga.

Em Nogueira e Teffé dizem que a Korupira tem lindos cabellos, uma só sobrancelha no meio da testa e que as mamas são sob os braços.

Se não fosse a disposição dos pés do Korupira, eu diria tambem que era o genio dos poetas Silesianos, transformado pelos meios e pelo tempo.

A afinidade entre o Korupira e Rubenzahl, o genio dos Montes Sudetos na Alemanha, é grande. Este domina e vive nas florestas, distribuindo o ouro de suas montanhas rochosas, aquelle os productos vegetaes e protegendo a caça.

A união intima que ha entre o povo que fallou o abanêenga e o Korupira, o acreditar-se n'elle entre as tribus selvagens; a propriedade que tem este de conservar sempre, sob qualquer aspecto que se apresente, os pés voltados para traz para illudir o seu andar, separa a lenda brazileira da allemã e africana.

Filia-se comtudo ao berço semitico. Com effeito na Asia, segundo as autoridades de Plinio, Pomponio Mela, Solemo e outros, como o Dominicano Frei Gregorio Garcia havia a crença nos 'Hombrem con los pies bueltos a revés', assim como nos que tinham 'orejas tão grandes, que para dormir la uma les servia de colchon, i la otra de manta de cobrir-se'. A que o mesmo frade pregador cita de 'hombres com la pata tan grande, que les servie de defeza para el sol, i agua'; tambem eu ouvi no Tapajós, ligado ao Kurupira, assim como Herbert Smith tambem a ouvio em Santarem, sendo comtudo isso, corrente na Asia, d'onde a Alemanha importou no tempo das Crusadas.

O Vidhr, o deus das  florestas é um tivar, ou divindade dos Aryanos, filhos de Odhin, chamado tambem o Silente.

A crença oriental no solo Americano acclimou-se, modificando-se com o correr dos seculos, como sóe modificar-se tudo quanto não tem uma litteratura e se conserva pela tradição.

Em Venezuela o Máguare; na Columbia o Salvage, no Perú o Chudiachaque, dos Incas, e na Bolivia o Cauá, dos Cocamas é o mesmo genio do Amazonas, que se apresenta sob as mesmas formas, excepto em alguns lugares da Montaña peruana onde é uma especie de satyro, cabelludo até a cintura, quase negro e raptor de mulheres que leva para suas orgias.

Em Venezuela tambem elle gosta de perseguir e seduzir o sexo fraco, pelo que, penso, que n'essas republicas, o Korupira é solteirão.

O Pokái dos Makuchys, que habitam as florestas da serra de Roraimá, é o mesmo mytho. Para elles é um pequeno caboclo cabelludo, de nariz comprido, com os pés voltados para traz, coxo de uma perna, e servindo-se do calcanhar do pé desta para bater as çapopemas.

O Iworokõ, dos Parikys, do rio Yatapú, também é o mesmo mytho.

No Amazonas, geralmente, é um tapuyo pequeno, de 4 palmos, (Santarém) calvo ou de cabeça pellada (piroka), com o corpo todo coberto de longos pellos, (Rio Negro); com um olho só (RIo Tapajós); de pernas sem articulações (Rio Negro); massiço e sem anus (Pará); de dentes azues ou verdes e orelhas grandes, (Solimões); e sempre com os pés voltados para traz e dotado de uma força prodigiosa.

É o Mutaycé, do Padre Acuña.

Ouvi tambem no RIo Negro dizer: 'Korupira uatá ramé o mo ieké mamé opulare i retemá uaá o mopuka o moçupare potare ramé mira', isto é: que quando o Kurupira quer perder a gente encolhe ou espicha as pernas.

Esta versão já é producto europeu, participa do conto do Botas de sete leguas.

O tapuyo, posto que creado na sociedade dos portuguezes, outr'ora só fallava a lngua geral, que alguns deste tambem fallavam, e foi d'ahi que chegou até nós muitos dos contos populares portuguezes referidos hoje ainda na lingua geral, mas acclimados ás scenas Amazonenses.

Habita o centro das florestas, quase sempre pelos castanhaes, e faz as suas moradas no ôco dos páos. Convida a gente para vivér no matto, arremeda todos os quadrupedes e aves, e d'isso se aproveita para enganar e attrahir a caçador, que suppondo perseguir um animal, o acompanha. Ás vezes chama os homens encantando-os com o seguinte canto:

Cha uatá, uatá
Ce rapé rupi
Cha uatá, uatá,
Ce rakakuera
Yure uatá, uatá.

Logo que o Korupira o distrahe e o leva para longe, cessa de cantar e deixa-o perdido. Não gosta que se mate animal algum que ande em bandos.

Quando algum individuo, dizem no Rio Negro, depois de tres dias de nada comer, o que e vulgar, mata algum porco do matto, provoca as iras do korupira que dá longos uivos que aterrorisam os matteiros.

Algumas tribos do alto Rio Negro não matam o yakamin nem a anta para não offenderem o korupira. Se por acaso alguem mata, as mulheres se reunem em torno do animal e choram para abrandar as suas iras.

O coração e o figado são as iguarias que mais aprecia. Segundo uns, com essas visceras faz farinha, segundo outros, oleo com que se unta. É inimigo de crianças.

Dizem que se pode chamar o Korupira, mas para isso é preciso ser-se pagé. Quando este quer se entender com aquelle, veste-se com estopa da casca da castanheira, e canta:

Tim tapetim sauètipê
Tupetim sauêtipè
Aituçaui aituçaui

Ás vezes os filhos do Korupira, ouvindo esse canto, illudem a mãe e vem ter com o pagé, repetindo-lhe a cantiga; porém, se a mãe dá por falta delles os vem buscar. Elles transformam-se então em páos ou pedras, e por isso é que aquelles e estas dão logo, quando friccionados ou batidas. 

Esse Korupira, Gonçalves Dias diz que é o espírito máo, que habita as florestas."

Fonte: MUSEU BOTANICO DO AMAZONAS. Vellosia, 1887, volume 1. Manaus/AM: Typographia do Jornal do Amazonas, 1888, pág. 90-94.



Sobrenome Bulhões


"BULHÕES - Os Bulhões seriam originários do ducado de Bouillon, no Reino da França. É seu solar a Quinta dos Bulhões junto a Lisboa, a que deram nome alguns franceses deste apelido, que se acharam na conquista daquela cidade, com El-Rei D. Afonso Henriques e fizeram ali o seu assento. Foi desta família o glorioso Santo Antônio de Lisboa, bisneto de Martim Bulhom, que foi o tronco da família em Portugal.

BULHÃO pode ser um forma contraída de BULHÕES (também a grafia arcaica BULHOM), entretanto, BULHÃO também tem origem toponímica na Galícia, indicando um homônimo com significado completamente diferente."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 22 de Outubro de 1990, pág. 04

O Rio Grande do Sul - A nova Alemanha?


"Os allemães e o Rio Grande

Do Jornal do Rio:

'Tudo nos leva a crer que os allemães não desistiram da idéa de se apoderaram do Estado do Rio Grande do Sul. Pelo menos é isso o que indica um artigo que appareceu simultaneamente nos jornaes Post e Germania.

D'esse artigo damos aqui um extracto:

'Quando ha alguns mezes, dizem esses jornaes allemães, caiu por terra o poder dictatorial e o marechal Fonseca, muitas pessoas, julgando as couas sob o ponto de vista europeu, acreditavam que o Rio Grande do Sul, boulevard principal dos allemães no Brasil e talvez o Estado de Santa Catharina, se destacariam cedo ou tarde da federação brasileira para se constituírem em republica independente. Terá sido isso para o povo allemão um acontecimento de extraordinaria importancia.

Esses territorios são actualmente o centro mais forte e seguro do germanismo na America do Sul, e essa circumstancia teria permittido que os nosso irmãos mostrassem si eram capazes de dirigir a nova Republica. Si houvesse triumphado, a onda da emigração allemã dirigir-se-ia para aquelle ponto.

No Brasil do sul, os allemães têm fornecido desde muito a prova de que o clima e a situação do paiz prestam se maravilhosamente para o desenvolvimento do germanismo. A proporçãoque os inglezes vão occupando territorios em todos os pontos do globo, mais urgente se vai tornando a necessidade para os allemães da creação de uma nova patria, onde possam conservar a sua nacionalidade. A Providencia parece ter falado ao Rio Grande do Sul para ser uma nova Allemanha.

O Rio Grande do Sul conta 100.000 allemães, e o Estado de Santa Catharina 70.000; Podemos, pois, dizer que existem 170.000 allemães sobre 550.000 brancos de origem portuguesa, 100.000 italianos e 75.000 negros. O commercio e a agricultura são exclusivamente allemães, e para propagação do idioma têm elles 14 jornaes.

Isto prova que as sociedades coloniaes e geographicas da Allemanha nunca deveriam perder de vista o Brasil do sul, para onde conviria que dirigissem a cada dos nosso emigrantes."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 27 de Abril de 1892, pág. 02, col. 01
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