terça-feira, 6 de setembro de 2016

Histórias de Vida I

Entre 2004 e 2008, eu na condição de pesquisador e depois colunista do Jornal Tradição, talvez tenha entrevistado mais de 100 pessoas moradoras de Capão do Leão para, por meio de suas histórias de vida, poder contar a história local. Muita coisa eu transcrevi em textos, outras eu tinha gravado em fita cassete e uma pequena parte em cd-rom com áudios oriundos daqueles primeiros celulares que tinham o tal recurso. Infelizmente, eu perdi muito material na fatídica enchente do verão de 2009. Todavia, aquelas que possivelmente eu pude recuperar, revisitando arquivos antigos, pretendo compartilhá-lhas aqui no blog com todo o respeito e deferência que merecem.

Entrevista com o Sr. Paulo Ribeiro
Realizada pelo autor em 19-05-2006
Referência: Antiga Subprefeitura do Capão do Leão

            “O Sr. Paulo Ribeiro argumenta, no início desta entrevista, que talvez não saiba muita coisa a respeito do prédio que abrigou a antiga subprefeitura do Capão do Leão. Diz que comentou isso com o Patrão do CTG Tropeiros do Sul, o Sr. João Luís Villar e, particularmente, acredita que este saiba mais a respeito, aliás, por ter sido morador daquela casa. Entretanto, mostrou-se solícito e afirmou que iria ajudar com o que podia.
            A primeira pergunta foi se ele era do Capão do Leão. O Sr. Paulo responde que se criou na Hidráulica, mas morou e mora na sede atualmente. Veio em 1973 para a sede quando foi contratado como motorista da subprefeitura, na época do subprefeito Sidney Brião. Acrescenta que este não terminou o período que deveria cumprir – ‘saiu antes’ -, sendo sucedido por Rui Victória. Em seguida, por volta de 1974 ou 1975, a sede da subprefeitura foi transferida do prédio antigo (do CTG, atualmente) para o atual prédio da Secretaria de Educação.
            Inquirido sobre os funcionários que ele conheceu trabalhando na subprefeitura, o Sr. Paulo Ribeiro enumera os seguintes: Leopoldo Martins da Luz, Hugo Albuquerque, Júlio Knopp, Manoelzinho, Osmar Müller, motorista mais antigo e Olício da Silva, sogro de Jalcy Azambuja.
            Passando ao prédio da antiga subprefeitura, o Sr. Paulo Ribeiro relata a existência, ao lado da figueira, de uma casa de material muito antiga. ‘Casa grande’ – segundo sua exclamação. Relata também a existência de galpões no entorno do prédio e que continuaram funcionando mesmo após ter sido realizada a transferência da subprefeitura para a atual Avenida Narciso Silva. Solicitado sobre informações sobre a funcionalidade da subprefeitura, o Sr. Paulo Ribeiro esclarece que se utilizava aquela repartição para pagamento de imposto predial, no caso, os moradores do Capão do Leão. A subprefeitura, no que tange aquilo de concreto que fazia no distrito, isto incluía a manutenção de estradas e serviços na zona rural. Retornando sobre a questão do entorno da casa, o Sr. Paulo acrescentou que havia uma proteção que ia da ‘última’ paineira (no caso, à esquerda) até onde se encontra, atualmente, a cozinha do CTG Tropeiros do Sul. No tocante à rua que dá hoje acesso ao CTG (saguão), ele finaliza afirmando que se trata da mesma.
            Outro aspecto importante lembrado pelo Sr. Paulo é o fato que o Sr. João Viegas fora o último a acumular as funções de subprefeito e subdelegado, tendo sido posteriormente separadas estas funções por uma lei que passou a vigorar na época. Sobre a disposição interna da casa, o Sr. Paulo lembra-se do assoalho de madeira e do forro. Recorda-se também da primeira sala, que servia para o atendimento da população e da sala à direita, gabinete do subprefeito. Nas peças dos fundos, morava o Sr. Hugo Albuquerque. Havia uma divisória para que as peças fossem separadas. Isto é, quem precisava entrar na repartição pública acessava o local pela frente (porta) sem ter que depender do Sr. Hugo Albuquerque. Para complementar, todos os funcionários da subprefeitura atendiam o público na repartição.
            Concluindo, perguntei ao Sr. Paulo como era o movimento dos trabalhadores no subdistrito. Ele relata que manifestações, naquela época, nem podiam e mesmo quando se fazia, o ‘pessoal’ preferia ir a Pelotas fazer.”
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