"Fazendeiro (mais propriamente, senhor de engenho), que se notabilizou como revolucionário em 1684. Nascido em Lisboa, era filho de pai alemão e mãe portuguesa, donde o seu nome. Estabeleceu-se com seu irmão Tomás em São Luís do Maranhão, fazendo-se proprietário do Engenho Mearim. Muito popular e benquisto, tinha o apelido de Bequimão e ele mesmo assim escrevia o seu nome, aportuguesando-o. Contudo, segundo o costume da época, utilizava indígenas para o trabalho forçado em seu engenho, e por isso vivia em desavenças contínuas com os jesuítas, que protegiam os nativos. Por interferência do jesuíta Pe. Antônio Vieira, resolveu Portugal fundar em 1682 a Companhia do Comércio do Maranhão, através da qual pretendia importar escravos negros, que substituiriam os indígenas; além disso, a Companhia recebia o monopólio de inúmeros produtos, controlando-lhes os preços. Os maranhenses irritaram-se com a fundação dessa Companhia (a lei que instituíra automaticamente proibia a escravização dos índios, que lhes interessava mais que a compra de escravos negros; e o controle de preços lhes era igualmente prejudicial); com apoio dos carmelitas e franciscanos, rivais dos jesuítas, puseram-se em pé de guerra: em 24 de fevereiro de 1684, Manuel e Tomás Beckmann à frente de seus homens prenderam o Capitão-Mor Baltasar Fernandes; no dia seguinte apoderaram-se dos armazéns da Companhia de Comércio e organizaram uma Junta Geral, representada por membros do clero, da nobreza e do povo. Logo foram presos e remetidos para Portugal vinte e sete jesuítas e Tomás embarcou para Lisboa, a fim de pedir a aprovação das medidas aqui tomadas.
Em Portugal, contudo, Tomás foi preso e recambiado ao Maranhão na expedição que trazia o novo governador da Capitania, Gomes Freire de Andrade. Manuel Beckmann fugiu, mas, traído por um seu afilhado, Lázaro de Melo, foi preso: em 02 de novembro de 1685 enforcaram-no, bem como a um outro membro da Junta, Jorge Sampaio (Tomás Beckmann foi deportado para Pernambuco).
Essa revolta é importante porque se constituiu no primeiro movimento de reação aos processos da Metrópole, contribuindo para a formação da nacionalidade brasileira."
Fonte: Dicionário Cívico-Histórico Brasileiro, 1980.
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