domingo, 2 de abril de 2017

Histórias Curiosas LII

Sujeito ladino, contumaz ladrão de gado e de propriedades rurais na região, passou a assolar vários sítios e chácaras na zona da Avenida Eliseu Maciel, no rumo de quem se dirige ao campus Capão do Leão da Universidade Federal de Pelotas. Isso aconteceu por volta da virada do milênio.

Foi então que o sujeito resolveu roubar os fios elétricos de uma chácara à beira da avenida. O vigia da chácara ouviu o barulho à noite, foi ver o que se tratava, mas o ladrão fugiu. Na manhã do outro dia, o vigia percebeu que os fios estavam escondidos numa espécie de cova rasa a poucos metros da entrada principal da chácara. Além disso, um bonezinho vermelho demarcava o local de esconderijo do roubo. Provavelmente, a intenção do ladrão era retornar na outra noite para reaver o butim do crime.

O vigia da chácara, sabendo que nada adiantaria recolher os fios, pois o ladrão daria um jeito de causar algum outro prejuízo à propriedade, bolou uma armadilha para assustar o malandro. Como a fama do ladrãozinho já era conhecida na região, o vigia não se fez de rogado. Conversou com o vizinho da esquerda (a quem o ladrão já havia roubado umas reses), conversou com o vizinho da direita (também penalizado pelas artimanhas do criminoso), conversou com o vigia da propriedade da frente e assim foi, conversando com um e com outro. O plano era toda a vizinhança permanecer em vigília para esperar o ladrão à noite. Evidentemente, todos armados (não havia ainda sido decretada a malfadada Lei do Desarmamento).

Por volta de 0h15min, não deu outra: o ladrãozinho reapareceu no local para pegar o que havia deixado escondido. O vigia da chácara percebeu e imediatamente avisou os outros. A tocaia estava portanto armada! 

O vigia se dirigiu em meio à penumbra, entre algumas folhagens e gritou alto: "Quem está aí?" O ladrãozinho assustado não quis nem saber e disparou ao léu com um tiro que aparentemente parecia ser de um revólver 22. Erro crasso do meliante! O vigia reagiu com outro tiro e se seguiu uma saraivada de balas de todos os lados, com os vizinhos descarregando fogo em cima do infeliz com armas dos mais diferentes calibres e tipos. Parecia uma guerra na madrugada fria da Avenida Eliseu Maciel. Até a cachorrada que latia ao longe cessou diante do tiroteio. Após um quinze minutos de bala zunindo por tudo quanto era canto, não se viu mais rastro do ladrãozinho. Aliás, pelo menos em anos posteriores, o sujeito jamais foi visto novamente pela região.

O susto foi tão grande que o malandro deixou a bicicleta e uma mochila - acessórios que ele planejou usar para poder carregar o fruto do roubo, que no fim não deu certo.

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