Informam-nos que ha poucos dias foi barbaramente espancado na cadêa, com ordem e na presença da autoridade policial, um escravo que tivera a infelicidade de incorrer no desagrado de seu senhor.
O paciente foi amarrado e castigado, até que, exhausto de forças e com as carnes trituradas pelo açoite, cahio sem sentidos!
Apezar d'isto, porém, o carrasco recebeu ordem para proseguir na sua repugnante tarefa!
Foi então que o inferior que commandava a guarda da cadêa, indignado por tanta crueldade, impedio que o espancamento continuasse, dizendo que preferia soffrer as consequencias de seu acto, por mais duras e penosas que fossem, a permittir que continuasse um castigo tão bárbaro.
As consequencias a que alludia o generoso militar não se fizeram esperar, pois que, segundo tambem nos informam, foi elle rebaixado de posto em castigo por ter poupado as dôres de um seu semelhante.
Voltamos, pois, aos bons tempos em que as cadêas eram simples succursaes das senzalas e dos eitos.
E, mesmo diante d'estas scenas de deshumanidade e vergonha, ainda ha quem preste apoio á causa maldita da escravaria!"
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 27 de Janeiro de 1886, pág. 02, col. 04
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