Trecho extraído de: Diário de Notícias, 25 de Julho de 1958, pág. 10
"Poloneses em Pelotas
A bela, culta e hospitaleira 'Princesa do Sul', recebeu os imigrantes poloneses embora em menor número, na mesma época que os recebeu a vizinha cidade do Rio Grande. Em 1898 encontramos, ali, perfeitamente radicadas, cêrca de 30 famílias debaixo da tutela espiritual do Revdo. Padre Jan Zblewski. Em 1924 residiam em Pelotas cêrca de 300 poloneses, segundo nos informa o ex-consul, Dr. Kazimierz Gluchowski, o que sem dúvida, constitui um grupo muito menor do que na vizinha cidade portuária. Não obstante tal fato, foi organizada, também, uma sociedade cultural, sob o nome do consagrado escritor de fama universal Henryks Sienkiewicz, que agrupou, inicialmente 14 famílias residentes na cidade. Embora o patrimônio da referida sociedade fosse na época, apenas de Cr$ 2.000,00, eram bastante ativas e originais às suas atividades, segundo veremos pelo relato pessoal feito em junho do corrente ano, pelo ex-presidente Sr. Leonardo Klemowski: 'A Sociedade Henryk Sienkiewicz', teve seu início em 1904. As poucas famílias existentes em Pelotas, compunham-se na sua maior parte de operários, tais como: tecelões, marceneiros, mecânicos, carpinteiros, etc. que prestavam os seus serviços profissionais às diversas indústrias e empresas espalhadas pela cidade.
A idéia de uma sociedade surgiu em face do natural desejo de se reunirem em grupo, afim de evocarem as suas tradições e concorrerem, dentro de suas modestas possibilidades econômicas, para auxiliarem o Governo Polônes no exílio, cuja sede, se encontra na cidade suíça denominada Rapesville. A iniciativa desta campanha fora feita pelos Srs. Antonio Wolski, Jan Dobrzynski, Piotr Olendzki, que costumavam reunir-se na casa do Sr. Teodor Brzeski. Embora em pequeno número, porém movidos por uma causa nobre ou seja pela liberdade de sua pátria, que nesta época era subjugada e tiranizada por cruéis invasores - aquêles bravos pioneiros, nunca esmoreceram ante as dificuldades ou desilusões. Organizaram festas, reuniões e bailes em casas dos amigos e parentes, cada vez em outro local. Dêste modo surgiu definitivamente a 'Sociedade Polonêsa Henrique Sienkiewicz', com estatutos e séde própria. Vivem dias de intensa atividade social e cultural, apresentando festivais, teatros, organizando recepções a visitantes ilustres como o foram Sua Excelência Reverendíssima Dom Dr. Teodor Kubina, famoso e prestigioso prelado polonês, e Dr. Tadeusz Grabowski, que fôra Ministro Plenipotenciário e Enviado Extraordinário da Polônia no Brasil.
Lamentavelmente, durante a campanha de nacionalização, sem motivo algum, passou a vegetar, até o corrente ano. Há poucos meses ressurgiu novamente, com a séde reformada, e com estatutos também modificados de acôrdo com a época e a realidade nacional. Merecem destaque especial as atividades desenvolvidas há meio século, pelos Srs. Stanislaw Szafarski, Josef Lugowski, Roman Murowaniecki, Ludwik Skrzesinski e Wladyslaw Nasilewski, Stefan Lange, bem como do nosso informante, Sr. Kleinowski.
A séde própria, sómente tornou-se realidade em 1920, graças à generosidade e cooperação de tôda a colonia radicada em Pelotas.
No pequeno cenário da etnia polonesa no sul do Rio Grande, projetam-se, ainda, o prof. SILVIN DERENGOWSKI, na qualidade de lente da cadeira de Geometria Descritiva e Desenhos da 'Escola Eliseu Maciel' e o professor CZESLAW MARJAN BIEZANKO, do qual nos ocuparemos em especial, numa reportagem separada. O prof. DERENGOWSKI, falecido em 1937, segundo informações prestadas pelo ilustre Eng. Agrônomo Biezanko: 'deixou uma gratíssima lembrança entre os seus colegas e alunos. Os seus filhos concluíram brilhantemente as escolas militares e pertencem hoje, ao patrimônio ativo do Exército Nacional."
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