domingo, 7 de junho de 2015

A Imigração Italiana no Rio Grande do Sul: visão geral

Trecho extraído de: PANIS, Marcelo & OLIVEIRA, Melissa Ramos da Silva. Paisagem e arquitetura rural: o caso da região pelotense (RS). IN: Revista Labor & Engenho, Campinas/SP, v.2, n.1, 2008, p. 04.  

NOTA MINHA: a imigração espontânea de italianos foi o fenômeno que percebemos em Capão do Leão de 1880 até aproximadamente 1930. O grande número de italianos que tivemos na época da Companhia Francesa é um exemplo. Vide: Trabalhadores na Pedreira do Cerro do Estado e Italianos em Capão do Leão

"A vinda de imigrantes europeus não-portugueses para o Brasil, durante o século XIX, correspondia a uma demanda de mão-de-obra, de um lado, para as fazendas de café na região de São Paulo e, de outro lado, para as pequenas propriedades no Rio Grande do Sul, pela necessidade de se produzir gêneros alimentícios que suprissem o mercado interno local. 
É a partir da necessidade da produção de alimentos que os alemães vieram ao Brasil, por volta da década de 1820, motivados pelas campanhas de imigração do Governo Imperial. Estes se instalaram nos vales das principais bacias hidrográficas da região norte do estado do Rio Grande do Sul, com maior destaque para a Região do Vale dos Sinos, pertencente à atual Região Metropolitana de Porto Alegre. A segunda parte do processo seria a vinda dos imigrantes italianos a partir da década de 1870. 
O interesse do Governo Imperial estava voltado para a agricultura e a produção de alimentos que atendessem ao mercado interno. Neste sentido, a campanha de imigração do Brasil na Europa, trabalhar nestas terras, procurava apenas por agricultores de profissão, o que fazia com que muito imigrantes mentissem a profissão somente para poder vir para o Brasil e fugir da Itália em crise, por conta do processo de industrialização do norte, reflexo da segunda revolução industrial (DE BONI e COSTA, 1984, p. 83). 
Especificamente, a vinda dos italianos para o Brasil aconteceu de duas formas: a imigração espontânea e a imigração organizada. A primeira ocorria desde o final do primeiro quartel do século XIX. Baseava-se na vinda de famílias e indivíduos isolados que tentariam a sorte nas cidades que cresciam em população, território, verticalidade e demanda de serviços, devido à modernização – contavam para tanto com seus conhecimentos adquiridos na Europa (PEIXOTO, 2003, p. 8). Foram estas famílias de imigrantes, conforme destaca Anjos (1999, p. 40) que, instalados em Pelotas, passaram a dominar a rede de hotéis do município, os quais utilizavam, da mesma forma, para reuniões das famílias, como forma de garantir o fortalecimento da identidade cultural. 
A imigração organizada, promovida por particulares ou pelo próprio governo, consistia no sistema de parcerias, como caso das fazendas de café, e no trabalho assalariado, considerado mais rentável e mais produtivo do que a mão-de-obra escrava e, também, na venda da terra pelo governo para famílias de imigrantes, com o objetivo de estes produzirem alimentos para as cidades locais (PANIS, 2007, p.67)."

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