Minha mãe e meu pai, popularmente chamados de Angel e Cacá, mas não por mim, porque eu chamo de pai e mãe, acho de última chamar pai e mãe pelo nome ou apelido, fecha parêntese, conheceram-se no dia dos 15 anos dela. Cacá estava passando férias em Capão do Leão na casa de um tio e resolveu visitar parentes (primos em segundo grau que ele ainda não conhecia) em Pelotas, cidade próxima, no dia 23 de fevereiro de 1967. Marisa, a prima que ele não conhecia, foi até a casa de Angélica (a senhora minha mãe) para ajudar com os preparativos e contou que a estava visitando um primo de Porto Alegre que É um pão. Angélica, mais minha mãe que nunca, resolveu ir conferir. E era. Um pão. Convidou Betinho (meu pai, que é Carlos Alberto, só virou Cacá 25 anos depois) para a festa. Ele, então com 17, mas de uma formalidade absolutamente incompatível com os anos rebeldes, disse que não tinha levado roupa condizente. No entanto, entusiasmado com os olhos verdes da guria, resolveu ir até Capão do Leão buscar a fatiota. *** Pra vocês entenderem: Capão do Leão continua um fiofó de mundo até hoje, há 35 anos atrás então... vixe. Só tinha um ônibus pela manhã e outro à tarde. *** Betinho, nosso herói, pegou o único ônibus da tarde, saltou na primeira parada da cidade e correu até a casa dos tios para pegar a roupa e tomar o mesmo ônibus, que daria a volta na praça, para voltar para Pelotas. Disse, ao adentrar esbaforido à casa: Tia, separa o meu terno (vá saber porque cargas d´água o demente tinha levado terno numa viagem de férias!) que eu encontrei a mulher da minha vida! Deu tempo de fazer tudo e tomar o ônibus. Betinho foi ao aniversário. Festa de 15 anos no final dos anos 60. Clima reunião dançante, Bítels, Renato e seus Blue Caps, Roberto Uma Brasa Mora Carlos, Tremendão, Jerry Adriani. Os guris de cabelo uma coisa assim Paul, George, Jonh, Ringo, bota bico fino. Betinho, super desinserido no contexto, de cabelo curto com Glostora (filho da Gomalina, pai do Gumex), de terno. Angélica, a estrela da noite, atucanada recepcionando convidados, parentes, pretendentes, nem tchuns pro portoalegrense. Betinho sentiu o revés. Precisava fazer um grau, urgente. Foi para a porta da casa e ficou lá, olhar distante, triste. Ela percebeu, claro, é minha mãe, que cês tão achando, e foi ver se estava tudo bem. Dor no joelho, ele disse. Ahn... Conversaram. Ele voltou para Porto Alegre, se escreveram (cartas, né?), trocaram fotinhas e no ano seguinte ele voltou para passar o carnaval. Ela de namorado, terminou tudo assim que soube que ele estava por chegar. Namoraram de 68 a 72. Casaram em outubro. Eu nasci em março de 73, mas meu parto prematuro é outra história.
Fonte e Link: http://www.naodiscuto.com/index.php?itemid=206
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