O districto de Antonio Olyntho entregue á sanha dos criminosos
O interior do Brasil, como vamos tentar demonstrar, devido, principalmente á inepcia dos nossos governos, que não sabe dar á policia, o prestigio que ella precisa e ao contrario, prefere favorecer a baixa politicagem, dando mão forte ao capanguismo, que prolifera como planta damninha, está se transformando num grande 'far-west', perigoso ao socego publico.
Lampeão não é um caso unico. Criminosos impunes e da mesma especie existem por todo o Brasil.
A policia se mostra impotente e ás mais das vezes sem meios de acção nada faz contra verdadeiros bandidos, que iniciam a era do crime e da revanche que nos torna igual aos paízes onde a lei é o trabuco.
O districto de Antonio Olyntho, municipio de Rio Negro, no Paraná, é uma terra infestada por bandidos perigosissimos, que ali praticam os mais hediondos crimes.
Ainda ha poucos dias foi barbaramente trucidado um moço e o criminoso lá continua impune, zombando da acção da justiça e das ameaças de vingança por parte dos irmãos da victima.
UM ASSASSINIO REVOLTANTE
Lindolpho de Paula, redondenzas, fôra convidado por Domingos Gonçalves, vulgo Domingos Marinho e um irmão deste, de nome Manoel Marinho, para retirar uma mula que se encontrava na propriedade destes ultimos. Attendendo ao convite, Lindolpho de Paula dirigiu-se a um vizinho, onde emprestou um cabresto para esse fim e aproximou-se do local onde se encontrava o animal.
Nesse momento, ouviram-se tres tiros e em seguida mais um, tombando Lindolpho ao solo.
Nessa occasião, passava pelo local o jovem Miguel Zatesko, que accorreu aos gemidos da victima, que ainda poude pronunciar as seguintes palavras: 'fui ferido pelo Manoel Marinho... vá a casa de Chico Matheus e diga para vir me soccorrer'...
Zatesko correu immediatamente á casa mais proxima, afim de trazer curativos, porém, quando voltou 20 minutos depois, encontrou a victima sem vida.
O sub-delegado de policia, Paulo Burckmann, só no dia seguinte tomou conhecimento do facto, limitando-se sómente a lavrar o auto de corpo de delicto.
A victima, que contava aproximadamente 23 annos de idade, apresentava quatro ferimentos por projectil de arma de fogo, sendo tres de revólver calibre 38 e um de espingarda.
Os criminosos continuam impunes e ameaçando constantemente a vida dos habitantes daquella zona, inclusive o moço Miguel Zatesko, unica testemunha do occorrido, que já foi ameaçado de morte, devido as declarações que prestou.
Domingos e Manoel Marinho e o pae destes, Antonio Marinho, acham-se entrincheirados em casa de uma viuva e dispostos a matar a quem quizer prendel-os.
Os irmãos da victima, que não confiam na acção da policia, estão dispostos a vingar a morte de Lindolpho de Paula, fazendo justiça por suas proprias mãos.
Esses factos vêm-se repetindo na localidade, trazendo a intranquillidade á população e servindo de exemplos a outros bandoleiros que têm o seu campo de acção em outros municipios."
Fonte: DIARIO NACIONAL (SP), 06 de Novembro de 1928, pág. 01, col. 03-06
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