sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Histórias do Pavão: O Balseiro



Trecho extraído de: PAZ, Martim. Gado de Corte (contos e artigos). Pelotas: Armazém Literário, 1995.

“Lembro dele engatinhando à beira do rancho do finado pai, o Isidro, ali mesmo junto ao Passo, na época em que este atendia a balsa mantida pelos donos da Ilha com o propósito de cruzar o arroio em direção às invernadas. Naquele tempo eu era bem mais novo e costumava acompanhar o pessoal nas tropeadas. Participava com gosto, em um picaço que eu tinha, da campereada sem igual que consiste em tocar arroio adentro a novilhada trazida a meio galope desde boa distância.
Encontrava freqüentemente o balseiro e gostava da prosa dele, aceitando com agrado o mate que a mulher cevava com o jeito humilde que mostram os dependentes quando o patrão vai-lhes à casa. (...) Sempre pareceu acomodado à vida que levava, atravessando mansamente aos que se cotizavam para lhe pagar o mísero ordenado que o forçava, ainda ao dever, esse mais árduo, de dar auxílio com um caíque à cruzada das tropas. Pode não representar, mas é preciso decisão para dar conta do recado, enfrentando com qualquer tempo o risco da correnteza atrás das reses desgarradas”. (p. 20)

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