História, Genealogia, Opinião, Onomástica e Curiosidades.Capão do Leão/RS. Para informações ou colaborações com o blog: joaquimdias.1980@gmail.com
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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Feliz Ano Novo 2021!
Bernardino Joaquim da Silva
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Manoel Nunes Brum
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
Diário Popular
Foi fundado por Theodósio Menezes em 27 de agosto de 1890, em Pelotas, Rio Grande do Sul. Em seu site, o Diário Popular se define como: “testemunha fiel da história e porta-voz dos interesses do sul do Estado” e “diretamente ligado ao desenvolvimento de Pelotas e região”.
O Diário Popular surge como um periódico diário, que circulava de domingo a domingo, encadernado em papel, com seis a oito páginas por edição. Sua proposta era ser um jornal “independente”. Contudo, logo nos primeiros meses de circulação, foi vendido ao Partido Republicano Rio-Grandense, o PRR e, dessa forma, como órgão do PRR, tornou-se veículo oficial já em seu primeiro ano.
Nessa condição permaneceu até o início dos anos 1930, quando perdeu o posto para O Liberal, marcando aproximadamente 40 anos de ligação partidária oficialmente declarada, definindo seu perfil inicial e tornando-se especialmente interessante para aqueles que buscam na imprensa escrita de Pelotas algumas definições da ideologia republicana e suas relações com as demais.
O Diário Popular da década de 1920 geralmente dedicava sua primeira página aos fatos políticos de interesse do PRR, diferindo o conteúdo publicado apenas por modificações de enfoque, conforme a orientação da direção do jornal. Contudo, à semelhança de outras folhas da cidade e do estado, também publicava textos de caráter informativo, propagandas e notificações oficiais. Tinha seções dedicadas a assuntos locais (que não eram necessariamente políticos), textos de terceiros, geralmente sem autoria declarada (por vezes “transcritos” de outros periódicos do estado ou do país), propagandas diversas do comércio pelotense (destacando-se o setor varejista e de confecções) e “notícias internacionais”, vindas pelo telégrafo ou “transcritas”, novamente, de outras fontes. Era prática comum republicar artigos e textos de outros jornais.
O Diário Popular passou por quatro diretorias até o início dos anos 1930, todas elas trazendo perfis diferenciados quanto ao tratamento dado aos posicionamentos do jornal. A partir de 1933, quando o adquiriu novo maquinário e adicionou mais duas páginas a composição semanal.
Foi sob a direção de Sallis Goulart (que se tornou diretor do jornal e chefe eleito do PRR em Pelotas em 1927) que o Diário Popular enfrentou também sua maior crise “ideológica” quando se posicionou contrário a Getúlio Vargas em diversos momentos. A crise de compatibilidade política levou a sua desvinculação como órgão oficial em 1930 e a suspensão em 1932, quando Sallis Goulart deixou a direção em nome de Joaquim Luiz Osório. Esta “crise” esteve relacionada a diversos fatores em que o posicionamento do jornal sofreu com a própria situação do PRR gaúcho com a subida do nome de Getúlio Vargas nos quadros internos.
O Diário Popular apoiara o governo instituído de Borges de Medeiros, sendo feroz combatente do federalismo e dos federalistas durante a Revolução de 1923. Seus líderes e principalmente Assis Brasil foram perseguidos e achincalhados pelos anos que se seguiram até a união em torno do nome de Getúlio Vargas, que viria a substituir Borges de Medeiros na presidência do estado. Dessa forma, quando Assis Brasil apoiou a indicação de Getúlio Vargas, o Diário Popular teve de dar “meia-volta” e apoiar os federalistas e, desta forma, os “gênios do assisismo”, foram saudados em 1927 como confrades, ironicamente para a recente história do Diário.
Atualmente, o jornal é impresso em cores, formato tabloide e circula diariamente em Pelotas e em cidades da região (nos 23 municípios da Zona Sul). São oferecidos dois tipos de assinaturas: do impresso e do digital (via web e via aplicativo).
O primeiro site entrou no ar em 1997. O atual, além de transpor para a internet conteúdos do jornal impresso, tem uma seção dedicada ao jornalismo on-line, com enfoque nos fatos da região, do estado, do país e do mundo. O objetivo é manter o portal em constante atualização, reforçando a tradição de ser ponto de referência na cobertura de notícias, serviços e entretenimento na Zona Sul.
O Diário Popular pertence a uma sociedade por quotas formada em 1938. Sucessores de Adolfo Fetter, que presidiu a empresa por 15 anos, detêm a maioria do capital. Os atuais diretores da Gráfica, Virgínia Fetter e Luiz Carlos Fetter, comandam equipes de profissionais de diversas áreas de comunicação num conjunto de mais de 200 funcionários.
Em editorial de 9 de dezembro de 2017, intitulado “Fazer jornalismo é trabalhar pela comunidade”, o jornal destacou a importância de seu papel de ajudar a contribuir com o desenvolvimento da cidade, “por meio de reportagens que levem a todos o cenário real da população”. Compromisso que destacou ter se consolidado com as comunidades de Pelotas e da Zona Sul ao longo de mais de um século de circulação.
Fonte: LENE, Hérica. Jornais
centenários do Brasil. Covilhã/Portugal: LabCom.IFP/Universidade da Beira
Interior, 2019, pág. 191-193.
População de São José do Norte em 1890
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
Os primeiros municípios do Rio Grande do Sul
O início do estabelecimento das divisões municipais do atual Estado do Rio Grande do Sul se dá a partir da Real Resolução de 27 de abril de 1809, quando as povoações de Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha tornam-se vilas da então Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Entretanto, o documento que efetivamente estabeleceu a divisão político-territorial e administrativa destas terras foi a Provisão Real de 07 de outubro do mesmo ano, a qual definiu as autoridades a serem nomeadas em cada uma das vilas, bem como sua subdivisão em freguesias.
O conceito de vila era utilizado para designar núcleos de povoamento que já possuíam certo contingente populacional. Quando do estabelecimento oficial das quatro primeiras vilas, passa a ser obrigatório que cada uma delas possua uma câmara municipal. As freguesias, por sua vez, eram subdivisões das vilas. Cada freguesia possuía um cartório eclesiástico e um padre que residia permanentemente na igreja.
A criação dos quatro primeiros município sul-rio-grandenses foi proposta ao governo de Portugal pelo governador Paulo José da Silva Gama em uma exposição dirigida ao Príncipe Regente de Portugal, datada de 04 de dezembro de 1803. Esse pode ser considerado um ponto de partida, sendo o primeiro ato no qual fica exposta a intenção de dividir administrativa e judicialmente o território do Estado.
Entretanto, é importante destacar que já havia núcleos de população consolidados no atual território do Rio Grande do Sul nos séculos XVII e XVIII, a partir das iniciativas criadas pelas missões jesuíticas, sendo estes os primeiros grupos de povoamento organizados em áreas então pertencentes à Espanha. Nesse período, surgiram os Sete Povos das Missões: São Nicolau, São Luís Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Francisco de Borja, São Lourenço, São João Batista e Santo Ângelo. As Missões tiveram um importante desenvolvimento, destacando-se pelas práticas agrícolas nelas realizadas, sobretudo na primeira metade do século XVIII. Na segunda metade daquele século, as Missões entraram em declínio até serem efetivamente conquistadas pelos portugueses em 1801.
Antes mesmo das quatro vilas originárias, em 1747 foi criada a Vila de Rio Grande de São Pedro, com delimitações territoriais estabelecidas, sendo essa a primeira povoação a receber tal distinção até aquele momento. Essa vila foi originada a partir da construção de um pequeno forte chamado Jesus-Maria-José, destinado ao apoio da ação dos portugueses contra possíveis invasores interessados na Colônia de Sacramento (então pertencentes a Portugal).
Até o final do século XVIII, o atual território do Rio Grande do Sul ainda era praticamente inexplorado, sendo conhecidas apenas a região missioneira, a do litoral e a do nordeste. A primeira foi fruto da intervenção dos jesuítas espanhóis. Já na região dos altiplanos e no litoral, a passagem dos tropeiros e bandeirantes levando gado para São Paulo formou os primeiros caminhos para o Estado. Nessa região, havia um ponto de registro composto por alguns soldados cuja função era deter o contrabando, numa ocupação que iniciaria a formação do atual município de Santo Antônio da Patrulha. No entanto, as demais regiões, sobretudo o sudoeste, eram desconhecidas dos governantes, sendo habitadas por tribos indígenas.
Em 1780, segundo Fialho, o tenente Antônio Inácio Rodrigues Córdova elaborou a chamada “Planta do Continente do Rio Grande”, na qual o território sul-rio-grandense aparece dividido em quatro províncias (ou regiões): Rio Grande, Viamão, Rio Pardo e Vacaria (ou Cima da Serra). Em 1798, o português Domingos José Marque Fernandes foi enviado pelo governo da metrópole para estudar as terras atualmente pertencentes ao Rio Grande do Sul. O objetivo era apreender sua realidade e posteriormente encaminhar suas impressões e sugestões ao Reino de Portugal. Fernandes retornou em 1804, com uma carta escrita sobre suas impressões do território visitado. Ele ainda retornaria ao Brasil quando do estabelecimento da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro em 1808.
Tanto a formação como o desmembramento dos municípios foram predominantemente condicionados ao fator “povoamento”. Pelo entendimento de Salvia e Marodin, é possível dividir o território rio-grandense em três porções com padrões de formação diferenciados. Em um primeiro momento, o povoamento deu-se nas áreas de campo pela população luso-brasileira, que possuía a pecuária como atividade econômica principal. Nesse período, a formação dos municípios ocorreu principalmente nas regiões de campos de pastagens, gerando unidades com grandes extensões territoriais, baixas densidades populacionais e poucas subdivisões de núcleos populacionais. Essa região ocupava mais da metade da superfície do Estado, com a quantidade de municípios crescendo de forma lenta, com tendência à estabilização.
Fonte: ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Genealogia
dos municípios do Rio Grande do Sul. Porto Alegre/RS: Secretaria de
Planejamento, Governança e Gestão, Depto. de Planejamento Governamental. 2018,
pág. 10-12.
Felippe Canessa
domingo, 27 de dezembro de 2020
A Festa de São Benedito dos índios
Su Bia ao sertão guerea
Matar passarinhos
Su Bia ao sertão
E também souroucoucou
M. Biard dans la montagne
Désire tuer petits oiseaux,
M. Biard dans la montagne
Cherche aussi serpentes dangereux
Ficaram todos admirados de me ver rir a bandeiras despregadas dessa cantiga que me homenageava, embora com suas pequenas imperfeições. Afinal chegara o momento ansiosamente esperado: surgiram duas figuras importantes. A primeira era um índio alto, revestido de uma túnica branca a lembrar um pouco o roquete de um coroinha e tendo na mão um guarda-chuva vermelho ornado de flores amarelas; na outra mão trazia uma bandeja que também se pendurava de um velho chale de franjas amarrado à cintura como um talabarte. Dentro da bandeja vinha São Benedito, que, não sei por que, é preto, todo cercado de flores. Ali se colocam as ofertas feitas ao santo. A segunda personagem, digna de fazer parte do exército do imperador Soulouque, cingira uma farda azul celeste toda enfeitada de chita em xadrez encarnado; usava dragonas como as do general La Fayette, e na cabeça um chapéu de pontas, fenomenal no tamanho e encimado por um penacho que já fora verde. Como emblema ostentava uma rodela com três cerejas bem vermelhas. Esta última figura é o comandante. Para se merecer essa graduação torna-se indispensável possuir umas pernas de resistência superior à de todas as outras da Terra, pois durante as cerimônias o capitão não cessa de dançar. Ele precede ao cortejo, sempre num passo de dança, com uma baliza nas mãos. A princípio, pensei tratar-se de um círio. Atrás dele vai o homem de guarda-sol vermelho, levando o santo; depois os músicos em duas fileiras, e em torno da imagem as velhas devotas no seu cancã. Meio escondidas nos postigos ou nas portas se surpreendem jovens e bonitas cabeças. Diante de cada pessoa convidada para o banquete, o cortejo parava; o capitão entrava, a dançar, e dava uma volta pelo interior da habitação. Dali se passava a outra casa e, nesse passo, chegaram à igreja toda enfeitada com palmeiras; a iluminação era feita por meio de cabaças cheias de azeite. Fora preparada a mesa defronte do altar; por precaução estenderam-lhe por cima uns panos sem dúvida com receio de investidas das aranhas e de outros bichos malfeitores. Trancaram São Benedito na caixa, após terem retirado as ofertas, e nós então voltamos.
Em caminho vim imaginando o desenho dessa festa grotesca, mas para leva-lo a efeito precisava de pormenores que só me seria dado obter com o auxílio do Sr. X. Dessa vez ele me cedeu um dos seus índios. Digo assim porque é costume na província do Espírito Santo tomar-se conta dessas criaturas desde meninos, embora pertençam a alguma instituição orfanológica; comprometem-se a cria-los e vigia-los até uma determinada idade, não como escravos, mas apenas como empregados. A começo obtive generosamente um modelo para meu quadro, porém depois tudo transcorreu como anteriormente: os pormenores, o chapéu de sol vermelho, os tambores, a vestimenta, o chapéu de dois bicos com o emblema cor de cerejas, nada pude obter e tive de suspender o trabalho.
Fonte: BIARD, Auguste François. Dois
anos no Brasil. Brasília/DF: Senado Federal, 2004, pág. 86-88.
Aristoteles Luiz Gomes de Abreu
sábado, 26 de dezembro de 2020
Escravizados no Rio de Janeiro em 1826
Importam-se anualmente no Rio de Janeiro, de 20 a 30 mil escravos, na maioria vendidos na cidade e suas cercanias. Este negócio tem tido ultimamente grande animação, porque, de acordo com as disposições do tratado entre Portugal e Brasil, concluído sob garantia da Inglaterra, por Sir Charles Stuart, a importação de negros só será permitida até 1830. Por essa mesma razão, o preço dos escravos também subiu consideravelmente. Ao tempo de minha chegada, podia-se comprar um negro bronco, entre 15 e 20 anos, por 150 mil-réis. As raparigas eram um pouco mais baratas. Um ano depois, esse mesmo negro valia já 200 mil-réis, sendo de prever que os preços, após o cumprimento do referido tratado, subirão muito mais, embora pareça improvável que jamais esse comércio possa ser estancado no hemisfério meridional.
Os traficantes de escravos são considerados os negociantes mais ricos da cidade. Habitam quase exclusivamente as ruas do Valongo, do Aljube e algumas outras, nas proximidades do porto. Muitas de suas casas, que podem ser consideradas verdadeiros palácios, têm a mesma disposição no andar térreo: largo vestíbulo dando para pequenos pátios, onde nada se vê além de bancos baixinhos. São o chamado armazém de depósito de escravos, geralmente muito limpo, de chão varrido e lavado várias vezes por dia. A fresca brisa do mar sopra por toda a parte, de maneira que, mesmo quando cheio de negros, pouco se sente o mau cheiro que caracteriza as cadeias e casas de correção da Europa.
(...)
Por mais cuidado que se tenha no tratamento dos negros durante a travessia do oceano, eles chegam ao Rio de Janeiro aparentemente em petição de miséria, todos magros e quase sem exceção acometidos duma espécie de sarna, que lhes cobre a pele com escamas branquicentas e torna sua cor, preta e lustrosa, em cinzenta suja. Os alimentos a que não estavam habituados e o uso do sal, completamente desconhecido a muitas tribos africanas, devem ser as causas principais dessa enfermidade, que não tem consequências nocivas, tanto que a maioria dos escravos é vendida antes mesmo de estar completamente curada.
Ao chegar ao porto, dá-se a cada escravo do sexo masculino ou feminino, um pano azul e um barrete vermelho, pois viajaram em trajes do Paraíso. Com essas tangas e barretes, veem-se longas filas de negros levados como rebanhos de ovelhas para os armazéns dos traficantes, onde as transações continuamente se realizam, feitas com a mesma cautela com que na Alemanha se compra um cavalo. Quando se pede um escravo de determinada nação e idade, o negociante enfileira todos os que correspondem ao pedido, escolhendo-se entre eles um ou dois para um exame mais acurado. Verificam-se, para começar, mãos e pés. Mandam-se fazer vários movimentos, para ver que não têm defeitos. Examinam-se os dentes e o tórax. Afinal, levam-no repentinamente do escuro para a claridade, a fim de provar a sua vista. Não será preciso dizer que esse exame não é feito com muita delicadeza nas escravas. Mas essa raça queimada pelo sol desconhece o pudor. Meninas e mulheres descobrem qualquer parte do corpo com a mesma ingênua naturalidade com que uma senhora europeia descalça a luva.
(...)
Os escravos mais forçudos trabalham nas ruas como carregadores. Andam nus com uma simples tanga amarrada à cintura, que mal cobre as coxas. Levam todas as cargas à cabeça. Às vezes, bastam seis e mesmo quatro para carregar depressa uma caixa de açúcar do peso de 2.200 libras. Esses mariolas entregam aos seus amos uma diária certa e eles próprios satisfazem as suas necessidades de vida. O mesmo se dá com as jovens pretas, que vendem frutas e outras miudezas, obrigadas a entregar de 16 a 20 vinténs ou meio táler por dia. O que ganham a mais lhes pertence. Como estas últimas praticam também outro ramo de negócio, muitas possuem elevados capitais.
Trajam-se elegantemente. O níveo vestido amolda-se aos membros roliços dum brilhante pretume. O turbante vermelho esconde-lhes a carapinha, única coisa que numa preta acho excessivamente feio. Um ombro fica meio descoberto. Do outro cai um pano de cores variegadas. Conduzem as mercadorias à cabeça e as apregoam em voz alta, fazendo das suas até altas horas da noite, pelas ruas e praças da cidade.
Uma lei antiga proíbe aos escravos e escravas o uso de sapatos ou qualquer outro calçado pelo qual se distinguem deles os negros livres. Excetuam-se lacaios e cocheiros dos nobres e altos funcionários do Estado, que, de meias de seda, roupa branca e chapéu de três bicos, ficam de pé na traseira das carruagens de seus amos ou, com botas enormes, conduzem, montados, as mulas que se atrelam geralmente a esses veículos. É raro encontrar cria dos brancos. Onde existem, assumem uma atitude de superioridade, que se reflete prejudicialmente sobre o resto da criadagem.
Fonte: SCHLICH THORST, C. O Rio de
Janeiro como é (1824-1826): uma vez e nunca mais: contribuições de um
diário para a história atual, os costumes e especialmente a situação da tropa
estrangeira na capital do Brasil. (trad. Emmy Dodt e Gustavo Barroso).
Brasília/DF: Senado Federal, 2000, pág. 135-139.
População da cidade de Rio Grande em 1891
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Sobrenome Cazumbá
Sobrenome brasileiro de origem banto. Cazumba ou Cazumbá é o boi magro, esquelético, próximo da morte, mas também é uma denominação para a própria carcaça do animal já depois de morto. Possivelmente é um sobrenome que surge em referência ao aspecto fisionômico do indivíduo. O primeiro portador documentado deste sobrenome foi José Pereira Cazumbá, natural da freguesia de São José das Itapororocas, salteador da região do Recôncavo Baiano, que fez parte do bando de Lucas da Feira, inclusive tendo entregue o seu chefe às autoridades em 1848.
O sobrenome é encontrado em diversas cepas familiares principalmente na Bahia.
Fonte adaptada: SILVA, José Bento Rosa
da. Cazumba & Cazumbá: história, narrativa e as ‘fronteiras identitárias’
no Recôncavo Baiano (séculos XIX-XXI). In: Saeculum – Revista de História, n.
37, João Pessoa/PB, jul./dez. 2017, pág. 59-78
Nicolau Alves Pitombo
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Feliz Natal 2020!
Tipos de antropônimos
Prenome – antropônimo que distingue o indivíduo dentro dos grupos sociais de maior intimidade. Antecede o sobrenome e pode ser simples, composto ou justaposto.
Sobrenome – antropônimo que identifica o pertencimento do indivíduo a uma família. Geralmente provêm dos genitores e sucede o prenome.
Agnome – antropônimo que indica uma relação de parentesco com outro indivíduo, via de regra, por via patrilinear.
Apelido (ou alcunha, ou cognome) – antropônimo que se atribui a um indivíduo geralmente por outra pessoa e que costuma aludir a uma característica física ou intelectual ou ainda a um fato ou comportamento social.
Hipocorístico – antropônimo formado a partir de uma alteração morfológica (abreviação, diminutivo, aumentativo, etc.) de outro antropônimo. Geralmente criado em ambientes de maior intimidade.
Pseudônimo – antropônimo empregado por um indivíduo em lugar do seu nome civil e escolhido pelo próprio portador do nome próprio.
Codinome – antropônimo empregado para ocultar a identidade de um indivíduo. Pode ser escolhido pelo próprio portador ou por outrem e frequentemente possui traço negativo.
Heterônimo – antropônimo atribuído a um indivíduo fictício, criado pelo portador de outro antropônimo.
Nome artístico (e nome de palco) – antropônimo empregado por um indivíduo em lugar do seu nome civil e pelo qual se faz conhecido em sua atividade profissional, especialmente em áreas como música, cinema, teatro, televisão e afins.
Nome de guerra – antropônimo
empregado como substituto do nome civil em ambientes restritos, especialmente
no meio militar, na maçonaria, na prostituição e no crime organizado.
Nome religioso – antropônimo empregado por membros de comunidades religiosas em lugar do nome civil.
Nome social – antropônimo pelo qual a pessoa, especialmente transexual e travesti, se identifica e é reconhecida socialmente.
Nome de urna – antropônimo escolhido pelo candidato às eleições proporcionais para registrar-se na Justiça Eleitoral.
Nome parlamentar – antropônimo escolhido pelo indivíduo eleito a cargo legislativo para ser usado em documentos oficiais da casa legislativa.
Fonte: AMARAL, Eduardo Tadeu Roque & SEIDE, Márcia Sipavicius. Nomes próprios de pessoa: introdução à antroponímia brasileira. São Paulo: Blucher, 2020, pág. 100.
Salustiano Coutinho
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
A primeira instituição de saúde mental do Brasil
A vinda da família real em 1808 e a Independência em 1822, bem como a decadência da velha lavoura, estimularam o aumento progressivo da importância das cidades; embora no decorrer do século XIX a população urbana continuasse muito menor que a rural e a economia permanecesse essencialmente agroexportadora e baseada no latifúndio, o centro de poder deslocar-se-ia para os espaços urbanos.
Desde então, principalmente nas capitais, cada vez mais reclamos chegariam ao poder público para que tomasse providências enérgicas e retirasse de circulação os desocupados ou desordeiros. Na época, a prisão era o destino comum dos criminosos, arruaceiros, vadios e loucos; e, nos casos mais evidentes de desarranjo mental, estes eram levados às enfermarias dos hospitais da Irmandade de Misericórdia – conhecida associação filantrópica leiga católica – o que não significava tratamento médico algum.
Na verdade, no que se refere às enfermarias de alienados da Santa Casa imperial, parece que não havia vantagens com relação à Cadeia Pública. Em sua tese de doutoramento (graduação em medicina) Considerações gerais sobre a alienação mental (1837), Antonio Luiz da Silva Peixoto descreveu o local como sem “regimen, limpeza, polícia e caridade”, considerando “calabouço” um nome mais apropriado ao lugar.
Além da Santa Casa da Corte, desde o início do século XIX, outros hospitais de caridade das principais cidades brasileiras mantiveram, de forma inconstante e sob as mesmas condições miseráveis, divisões destinadas aos insanos, que precederam a criação de hospícios exclusivos para alienados. Vale ressaltar que, nos documentos daquele século, os termos “asilo”, “hospício” ou “hospital” eram usados indistintamente como sinônimos, no sentido de hospedagem destinada àqueles que dependessem da caridade pública, como os órfãos, os expostos (recém-nascidos abandonados), os mendigos, os lázaros, etc.
Tais hospitais poderiam contar com uma assistência médica precária e eventual, mas sua principal intenção era caritativa: dar aos necessitados abrigo, alimento e cuidados religiosos. O mesmo se deu com relação aos estabelecimentos destinados ao recolhimento de alienados pobres, que surgiram bem antes da psiquiatria nacional constituir-se como uma disciplina médica delimitada, quase sempre fundados a partir de estruturas asilares das Santas Casas de Misericórdia – conforme se pode concluir da análise de documentos oficiais, como os relatórios dos presidentes de várias províncias brasileiras (Maranhão, 1841-1887; Pará, 1848-1889; Pernambuco, 1846-1888; Rio Grande do Sul, 1852-1885; São Paulo, 1848-1889).
Como se sabe, o primeiro destes hospícios exclusivos foi fundado pelo imperador Pedro II que, como ato filantrópico comemorativo ao dia de sua sagração, resolvera “criar um hospital destinado privativamente para tratamento de alienados”, anexo ao Hospital da Santa Casa de Misericórdia da Corte (Decreto no. 82, de 18 de julho de 1841).
O Hospício Pedro II levou cerca de dez anos para ser construído, e o suntuoso edifício da Praia Vermelha foi inaugurado em 1852. Tanto as articulações políticas que levaram ao decreto da fundação, quanto a mobilização social em torno da construção do hospício foram conduzidas por José Clemente Pereira (1787-1854), magistrado português de destacada atividade política no Primeiro e Segundo Reinados. Na dupla condição de ministro do Império e de provedor da Santa Casa, Clemente Pereira conseguiu levantar o hospício com dotações públicas e ainda com o dinheiro de loterias e da concessão de títulos nobiliários em troca de doações para a obra. Dinheiro este que, segundo a implacável pena de Machado de Assis, o próprio ministro chamaria de “imposto sobre a vaidade”.
Durante o Segundo Reinado (1841-1889), foram ainda criados hospícios exclusivos para alienados em São Paulo, Pernambuco, Pará, Bahia, Rio Grande do Sul e Ceará. Entretanto, apesar da criação desses asilos específicos, somente perto da proclamação da República os alienistas ocupariam tais espaços de forma significativa, deslocando as poderosas administrações leigas das Santas Casas e as ordens religiosas que prestavam serviços nesses locais. Ainda assim, os médicos demorariam até o início do século XX para tomar efetivamente a direção dos hospícios de alienados, que passaram então por um processo de secularização.
Fonte: ODA, Ana Maria Galdini Raimundo
& DALGARRONDO, Paulo. O início da assistência aos alienados no Brasil ou
importância e necessidade de estudar a história da psiquiatria. In: Revista
Latino-americana de Psicopatologia Fundamental, ano VII, n.1, mar. 2004,
pág. 129-131.
Passo da Micaela, Pelotas/RS
A Imprensa no mundo em 1891
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
A primeira epidemia de febre amarela no Brasil
Quando os conquistadores chegaram às Antilhas, entraram em contato, conforme acabamos de relatar, com uma doença nova para eles: a febre amarela.
Todavia o mesmo não aconteceu com os colonizadores que vieram para o Brasil. Nas crônicas da época, não se encontram referências a qualquer doença que nos permita identificar como sendo o mal amarílico. É preciso ressaltar ainda, que a moléstia, com sua dramática sintomatologia, dificilmente teria passado despercebida aos historiadores se ela acometesse os indígenas ou os primeiros colonizadores portugueses.
M. Kinlay, citado na Cronologia de Béranger-Féraud, referiu-se, em 1852, à ocorrência de febre-amarela no Brasil em 1640. Entretanto relatou Kinlay apenas que, de acordo com os documentos consulares de Pernambuco, podia-se admitir que a febre-amarela reinava no Recife naquele ano.
Esta referência e outras, também igualmente vagas, não passam de meras suspeitas, sem qualquer fundamento que nos permita confirma-las ou que nos autorize a considerar aquelas supostas ocorrências como os primeiros casos observados no País.
Aliás, Ferreira da Rosa nos deixou uma observação, pela qual podemos deduzir da improcedência daquelas informações, quando, em 1691, declarou: “Em Pernambuco, há sete anos assiste-se uma grave doença, a qual nunca jamais nele se viu”.
Assim, devemos admitir que a primeira epidemia de febre-amarela conhecida no Brasil, foi a que irrompeu no Recife, no ano de 1685.
O nome e a procedência do barco que trouxe a febre-amarela para o Recife não ficaram esclarecidos. A versão de que foi a nau francesa “Oriflamme” procedente do Golfo de Sião (Ásia) não é exata, pois nesta viagem somente chegou ao Recife em 1690, isto é, cinco anos após a eclosão da epidemia, dali zarpando para Martinica. Provém desta versão o nome de “mal do Sião”, com que durante muito tempo a doença foi conhecida, embora esta febre fosse desconhecida no Sião.
Nessa viagem para as Antilhas, segundo o padre Jean Baptiste Labat, o “Oriflamme” transportou a febre-amarela do Recife para aquela ilha.
Henry Carter admitiu a possibilidade de a febre-amarela haver sido trazida das ilhas de Cabo Verde (África) pela frota de Gomes Freire de Andrade. Esta frota, que na sua rota para o Brasil perdeu muitos homens, chegou ao Maranhão em 1685, seguindo mais tarde para o Recife. Todavia Eustáquio Duarte, em estudo que fez baseando-se nos depoimentos existentes, em vista do baixo percentual de mortalidade e da duração do morbo, relativamente longa, concluiu que estes fatos por si só afastam qualquer hipótese de identificação da doença com a febre-amarela.
Outra suposição é que a infecção amarílica tenha sido trazida para o Recife por um barco vindo da África.
Tão convencidos estavam todos da sua procedência africana que o Governador de Pernambuco, Marquês de Montebelo, quando recomendou todas as cautelas com as pessoas acometidas dos males em terra ou a bordo, o fez, sobretudo, para que esta doença não se perpetuasse entre nós, “e não se constituíssem as povoações do Recife e Olinda um São Tomé”. A procedência africana da infecção também não merece ser aceita por falta de fundamentos. O francês Barbot, que esteve na ilha de São Tomé entre 1684 e 1686, escreveu a respeito das doenças que grassavam naquela ilha, porém não se referiu a nenhuma que se parecesse com a febre-amarela. A hipótese mais plausível é a de que o barco tenha vindo de São Tomé (África) com escala em São Domingos, nas Antilhas, onde grassava a enfermidade, e de onde foi trazida para o Brasil.
Ao contrário do que geralmente sucede, não existem referências sobre a doença em algum barco antes da eclosão da epidemia, ou que tenham desembarcado no porto tripulantes ou passageiros doentes. Quando a encontramos já estava na zona portuária, fazendo a sua primeira vítima na pessoa de um empregado que conferia a mercadoria importada. De fato, contam as crônicas da época que, a 28 de novembro de 1685, no Recife, um tanoeiro ao abrir uma das barricas de carne, já podre, procedentes de São Tomé, adoeceu subitamente, passando a doença a quatro ou cinco pessoas que moravam na mesma casa, na rua da Praia.
Podemos deduzir da violência da epidemia, quando Miguel Dias Pimenta nos relata que, de 25 de dezembro até 10 de janeiro, foram enterrados “no Arrecife e em Santo Antônio perto de seiscentas pessoas todos homens brancos, uma dezena de mulatos, mui poucas mulheres, poucos negros e menos meninos”. Em seguida, diz ele, o surto amainou, atingindo preferentemente as pessoas que de fora chegavam à cidade. Chamavam-no de males, porque parecia incluir em si todos os males.
Morava então em Lisboa o médico João Ferreira da Rosa (nascido em Gafete, Beira-Baixa) e formado em 1684 pela Universidade de Coimbra. Tendo conhecimento da epidemia que grassava no Brasil, fez uma petição ao rei de Portugal, D. Pedro II, em 19 de março de 1687, para que o autorizasse a servir na sua profissão, na Capitania de Pernambuco.
O único médico que clinicava no Recife havia falecido nos primeiros dias da epidemia, vitimado por ela.
O pedido de Ferreira da Rosa foi deferido e ele recebeu a comenda de Santiago, uma pensão de vinte mil réis e uma ajuda de custo de cinquenta mil réis, tudo sob a condição de servir por seis anos.
Chegando ao Brasil foi morar em Olinda, dedicando-se ao combate à febre-amarela e ao tratamento dos enfermos.
A situação era de tal gravidade que, conforme ele registrou, quando alguém chamava o cirurgião, logo este perguntava se o enfermo botava ferrugem pela boca, e se lhe dissesse que sim, se escusava de visita-lo, e mandava preparar seu enterro por não lhe considerar esperança de vida.
O Marquês de Montebelo, que chegara ao Recife a 1 de junho de 1690, adoeceu dez dias após seu desembarque, quando de um dos recrudescimentos que de ordinário se seguiam à chegada da frota. A princípio esteve sob os cuidados do médico Domingos Pereira da Gama que viera com ele de Portugal. Porém o doente piorava e, no terceiro ou quarto dia da moléstia, o prognóstico era tremendo: tinha vômitos negros e oligúria. Se os sintomas persistissem por mais vinte e quatro horas o Marquês morreria. Talvez porque faltasse ao médico recém chegado o tirocínio da “doença da terra”, lembraram-se de chamar Ferreira da Rosa que há uns três anos lidava com os males.
Dessa forma ocorreu a aproximação entre o Governador e o médico.
Não guardou segredo a respeito do seu cliente. Contou que já haviam aplicado no Marquês muitos remédios de sangrias, purgas, cordiais, clisteres. A sede era tanta que desejava ter mais perto a Serra da Estrêla (vinho tinto português) para mitigar a sua secura. Tinha vômitos e não só lançava os alimentos, mas os cordiais e todo o gênero de alexifármacos de qualquer modo recebidos; vomitava humores atrabiliários. Urinava com dificuldade, “com ardor das águas que por pingas destilava”. E “soluçando e arrotando sempre, se achava tão inquieto como se pode conjeturar de um doente assistido de tantos sintomas e tão graves”.
Deu tratos à mente e concluiu que o humor do estômago de seu nobre paciente estava frio e cru. O remédio teria de ser de calor intenso contra a falta de calor natural, para que melhor se pudesse “cozer e regular” a natureza do humor. E por isso receitou “água de escorcioneira com quanta quentura pudesse sofrer-se, desfazendo-se nela confeição de alquermes”.
Apesar dos protestos do Marquês que preferia água de neve, o medicamento lhe foi ministrado, inclusive à noite, e no dia seguinte ele apresentou melhoras tomando o Santíssimo já sem nenhum receio de vômito.
O Marquês sarou apesar do tratamento. Nos encontros havidos posteriormente entre o Governador e o médico ficou assentado, em 1690, que este apresentaria a relação das providências a tomar para a prevenção da doença. Daí resultou, no ano seguinte, a primeira campanha sanitária posta em prática, oficialmente, no Novo Continente.
Fonte: FRANCO, Odair. História da
febre-amarela no Brasil. Rio de Janeiro/GB: Ministério da
Saúde/Departamento Nacional de Endemias Rurais, 1968, pág. 08-11.
Gabriel Martins Fay
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Os chineses do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
O século XVIII parece ter sido o marco temporal do contato entre o Brasil e os chineses. Foram escravos, segundo alguns autores, os que aqui primeiro desembarcaram. Contudo, o projeto do cultivo do chá verde no início do século XIX na Fazenda Imperial de Santa Cruz e naquela que mais tarde seria batizada como Jardim Botânico Real foi, de fato, o primeiro esforço sistemático e alicerçado pelo Estado no sentido de se importar asiáticos. Neste esforço, D. João VI autorizou a vinda de 2.000 chineses. Vieram, entretanto, cerca de 300. Seria a primeira imigração livre para nosso país.
Contudo, estes trabalhadores não se adaptaram à mudança de clima e às condições de vida e trabalho (maus tratos, privações, etc.) e vários conseguiram retornar à terra natal. É digno de nota, para compreender o cenário dramático destes imigrantes, a denúncia de um deputado inglês, em 1834 (portanto, mais de vinte anos desde o episódio da importação de trabalhadores), de que após o fracasso das plantações de chá “alguns desses chineses teriam sido abandonados nas florestas do Rio de Janeiro para serem perseguidos por esporte por caçadores”. Embora não conste registro probatório desta denúncia, sabe-se, todavia, que, em razão da fuga da fazenda imperial, dois chineses do Jardim Botânico foram caçados, com o auxílio de cavalos e cães, pelo filho de D. João VI.
Fonte: ARAUJO, Marcelo. Chineses no Rio
de Janeiro: O século XX e a migração em massa. In: Encontros, Depto. de
História do Colégio Pedro II, Rio de Janeiro, ano 13, n. 25, 2º. Sem. 2015,
pág. 69-70.