domingo, 11 de setembro de 2016

A divulgação do Ideb não surpreende a um professor


Na última quinta-feira, 08 de Setembro, o MEC (Ministério da Educação) apresentou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) referente ao ano de 2015. Somente nas séries iniciais do ensino fundamental houve melhora e superação da meta prevista com índice de 5,5 (a meta era de 5,2). Nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio, entretanto, o quadro é de estagnação desde 2011. Nas séries finais do fundamental o índice apresentado é de 4,5, abaixo da meta de 4,7 e, no ensino médio a média segue estagnada desde 2011 com 3,7, mais abaixo ainda da meta proposta de 4,3. A reação do ministro da Educação, Mendonça Filho, é de preocupação com os resultados e o ministro aponta a necessidade de uma reformulação que traga "flexibilização e enxugamento curricular". 

Sinceramente, enquanto professor que já transitou nestes meus treze anos de profissão desde o sexto ano fundamental ao terceiro ano do ensino médio, com passagens também em cursos preparatórios, não me surpreende os resultados apresentados e recebo com certa ironia o sensacionalismo criado em torno do fato. Posso criticar o salário pago aos profissionais de educação, a falta de estrutura adequada das escolas, os métodos de ensino, etc. e etc., mas me reservo o direito de não fazer isso no momento e apontar uma indagação que compartilho com vários colegas professores (que também concordam comigo): até que ponto o sistema está preocupado em se aperfeiçoar?

Faço esta pergunta porque entendo que o próprio sistema educacional brasileiro está preocupado primeiramente em estatística e muito pouco comprometido em qualidade. Podemos inserir a valorização dos professores e o investimento na estrutura básica como fatores também preponderantes, certamente. Todavia, partindo da realidade da escola brasileira, deixando de lado por ora estas questões tão cruciais, o que me incomoda é que o sistema burla as próprias regras que o sistema estabelece. E isso é um fenômeno universal que rege tanto a rede pública (dos municípios e estados) quanto a rede particular (na maioria das vezes, inegavelmente também). Talvez se salve a rede federal que é diminuta e direcionada ao ensino técnico e profissionalizante. Ao menos, tenho esta impressão. Mas vamos ao ponto que quero explicitar: a escola brasileira em sua maioria sofre a pressão por resultados quantitativos mais do que resultados qualitativos. E vários agentes públicos corroboram para este processo.  O que me incomoda não é o pressuposto que a escola tenha que fazer o máximo possível para que o estudante avança, evolua (isso vale para a escola particular, também!), mas que isto é feito de forma corrupta, errada.

Continua...

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