domingo, 20 de dezembro de 2020

Imigração Chilena no Brasil

 


A presença de chilenos no exterior tornou-se um elemento estrutural desse país a partir da década de 1970. Argentina, Estados Unidos, Suécia, Canadá, Austrália, Brasil, Venezuela, Espanha, França e Alemanha são os dez países com maior número deles no mundo. Exilados, foragidos voluntários ou mesmo insatisfeitos com o contexto de então, no total cerca de 500 mil chilenos se deslocaram, durante as três últimas décadas do século XX, a diversos países. Considerando que em 2002 o Chile possuía cerca de 15 milhões de habitantes, é fácil imaginar o impacto disto naquele ambiente. 

No caso específico do Brasil, sua quantidade em 1960 era quase inexistente, não ultrapassando a cifra de 2.000. em 1980, houve um enorme aumento deste número, com quase 18.000 chilenos vivendo aqui. Na década de 1990 já eram 20.000, registrando uma pequena queda no ano 2000, com pouco mais de 17.000 chilenos vivendo no país. Nesse mesmo ano, constavam entre as dez nacionalidades que apresentavam a maior quantidade de imigrantes internacionais residentes no Brasil. 

O Chile passava por um difícil momento político, econômico e social, o que afetava diretamente a vida de seus cidadãos. Durante o período ditatorial chileno, que vigorou entre 1973 e 1990, muitas pessoas foram obrigadas pelo Estado a abandonar o país, pois estavam sendo duramente perseguidas e corriam risco de vida, os chamados “exilados políticos” ou “refugiados”. Ao contrário destes, forçados a deixar o país, muitos saíram voluntariamente, em busca de melhores condições de vida em outros países, tornando-se assim emigrantes/imigrantes: “como duas faces de uma mesma realidade, a emigração fica como a outra vertente da imigração”. 

A maioria dos chilenos exilados foi para países como Austrália, Canadá, França e Suécia, que tinham naquele momento programas governamentais de apoio à recepção de perseguidos políticos. O Brasil não possuía tais programas nessa época, pois também vivia aqui sob governos militares (1964-1985), mas o país apresentava ofertas de trabalho e anunciava o “milagre econômico brasileiro”, o que propiciou a entrada de milhares de estrangeiros, entre eles os chilenos. 

Fonte: FERNANDEZ, Vanessa Paola Rojas. História oral de chilenos em Campinas: dilemas da construção de identidade imigrante. Salvador/BA: Pontocom, 2013, pág. 17-19.

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