'Pedimos providencias a quem competir, para o facto que vamos expôr e que depõe muito contra nosso fóros de civilidade. Ha neste municipio, e para os lados de Camaquam, um negro mina, que se diz curandeiro, feiticeiro, adivinho e parece-nos até que suppõe-se infallivel. Abusando da credulidade de muitas pessoas fracas e ignorantes, tem receitado medicamentos venenosos a uns, tirado feitiços a outros e cantado a nigromancia aos incautos, que vão pagando regularmente o que lhes é exigido, e deixando um triste attestado de sua lastimosa estupidez.
O tio Candido, que assim se chama o celebre feiticeiro, tem extendido sua clinica até dentro d'esta villa, cujo cemiterio já guarda os restos d'uma de suas victimas; e não satisfeito, ainda agora, traz a parda Clara em quasi estado de loucura. É o caso que, Clara sentindo enxaquecas de dores de cabeça, mandou consultar o adivinho, o qual responde ser uma grande obra que ella tinha nos miolos, e que esta, quando se enroscasse, levaria a pobre Clara á sepultura; assim é que a doente ouviu o canto do reptil na cabeça e está em vésperas de perder o juizo. Aconselhada, a infeliz vai pedir soccorro ao bandido do negro, que lhe dá 4 garrafas de beberagem, pelo insignificante preço de 16$000 cada uma!!
Ora, como são repetidos estes factos, pedimos á auctoridade competente para tomar cobro de semelhantes abusos d'um individuo digno de figurar em exposição nas grades da cadêa."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 10 de Novembro de 1891, pág. 02, col. 01
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