<<Será possivel que n'este século de luzes e de adiantamentos se deixem vêr em certos povos actos de selvageria como o que vamos narrar?
<<Eis aqui o que se passou:
<<Acontece todos os annos, em dias da semana santa, na povoação de Medinas, uma das mais adiantadas da província de Tucuman, que no dia de sexta-feira santa, na procissão, sahe acompanhado o padre da localidade por uma numerosa concurrencia, entre a qual vai um grande numero de homens nús, usando um lençol em fórma de chiripá, os quaes com um silicio em uma mão, cheio de tachas nas pontas, vão dando nas costas continuos golpes, a tal extremo que fazem jorrar sangue por todo o corpo.
<<Cada vez que pára a procissão, um homem absorve um bom trago de cana e borrifa as costas ensanguentadas dos pobres penitentes, limpando com uma mão as feridas e dando com a outra fortes palmadas sobre as carnes nuas que se ouvem a grande distancia.
<<Sem entrarmos em mais commentários sobre estes actos de barbarismo, deixaremos ao publico sensato que faça os juizos que lhe pareçam mais prudentes, e só nos limitaremos a dizer ao padre d'essa localidade que nem entre os mouros se vê fanatismo semelhante, e que por seu Deus não permitta mais esses escandalos.>>"
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 06 de Junho de 1885, pág. 01, col. 02
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