Trecho extraído de: VARGAS, Jonas Moreira. Capitães, comendadores, negociantes: a primeira geração de charqueadores em Pelotas e sua elite (1790-1835). In: Revista Latino-Americana de História. São Leopoldo/RS, Unisinos, vol. 3, n. 11, set. 2014
"A primeira geração de charqueadores pelotenses e a sua elite
Como Helen Osório já demonstrou, a elite mercantil estabelecida em Rio Grande, no último quarto do setecentos, era proveniente de diferentes lugares do Império português. Além disso, muitos deles inverteram seus ganhos mercantis na montagem das primeiras charqueadas da região (OSÓRIO, 2007). Neste sentido, não causa surpresa que boa parte dos charqueadores desta primeira geração possuía origens semelhantes. Pesquisando em diferentes fontes foi possível verificar a presença de pelo menos 62 charqueadores em Pelotas entre os anos 1790 e 1835.Localizei a informação da naturalidade dos mesmos para 48 deles (77,5%). Destes, 23 eram nascidos na América portuguesa, 22 em Portugal, 2 na Colônia de Sacramento e 1 na Espanha. Dos luso-brasileiros, 3 eram mineiros, sendo um de Diamantina e outro de Mariana, 2 eram do Rio de Janeiro e 1 era de Recife. Os demais eram nascidos na capitania sul-rio-grandense. Entre os reinóis, a metade era formada por minhotos,3 vieram de Lisboa e 2 de Coimbra.Apenas 1charqueador era proveniente das Ilhas. A predominância dos minhotos num grupo com forte caráter mercantil foi comum na época, como atestaram outros autores.9 Portanto, eram homens de diferentes locais do Império português e um nascido na Espanha. Trata-se de um perfil um tanto distinto dos saladeiristas de Montevideu e Buenos Aires, uma vez que nenhum estrangeiro de língua inglesa ou francesa foi proprietário de uma charqueada pelotense no período, algo muito comum entre os empresários das duas cidades platinas (VARGAS, 2013)." (p. 42-43)
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