“El criollo empezó a comprender y admirar aquellos hombres inmutables que no se arredraban ante el trabajo y los sacrificios, que lo trataba como a um igual, que empezó a vestir como el, a comer como el, porque el basco se fue identificando com el gaucho”.
(Orlando Arbiza)
A boina utilizada por muitos tradicionalistas atualmente é considerada alienígena aos nossos costumes pelo MTG, que a identifica como peça estranha à indumentária gaúcha sul-rio-grandense. O que é deveras discutível, se levarmos em conta que ninguém questiona a propriedade da bombacha. À parte estas considerações, a boina chegou às terras ao norte do Rio Jaguarão provinda do Uruguay. Também não era própria daquele país, porém uma peça que se tornara popular devido a forte presença de imigrantes bascos da Espanha e França em “tierras orientales”.
Os bascos abundaram na região do Prata, principalmente no século XIX, onde foram atraídos pela possibilidade de fazer fortuna fácil. No período 1825-1842, particularmente, o Uruguay foi invadido por bascos provenientes da França, conforme estudos de Marianela Tafernaberry da Silva. Eles vieram para trabalhar com agricultura, pecuária e construção civil, mas sobretudo nos “saladeros” (charqueadas). Deve-se lembrar que a escravidão foi extinta no país vizinho já na década de 1820 (período da independência) e com isso tornou-se necessária mão-de-obra especializada na indústria do charque. Ora, os bascos na Europa conheciam o processo de salgação de carne como nenhum outro, sendo considerados especialistas na arte. Trouxeram, além disso, técnicas novas e dinamizaram os “saladeros” uruguaios. O que isso tem a ver conosco?
Desde a época da Revolução Farroupilha, várias levas de bascos franceses do Uruguay migraram para o Rio Grande do Sul, principalmente para as regiões charqueadoras. Klaus Becker afirma que a partir de 1843 um bom número de franceses chegou à Pelotas, naquele momento uma cidade semi-abandonada devido à guerra. Segundo Fernando Osório, eles teriam organizado, inclusive, a 1a. loja maçônica que se têm notícia na cidade. Estes “franceses”, em sua grande maioria, não vieram diretamente da França, mas do Uruguay sacudido por distúrbios políticos, e eram mormente bascos franceses, de acordo com Otto Guipúzcoa. Ainda na década de 1840, surgem as primeiras charqueadas em Pelotas baseadas no sistema platino (mão-de-obra livre) e que importam “carneadores e peões bascos franceses” do Uruguay. Essa migração não cessará até pelo menos a década de 1880, quando a pecuária gaúcha estará dando sinais de clara estagnação.
Capão do Leão fazia parte de Pelotas e indissociavelmente esteve implicado neste processo. O que prova isto são alguns sobrenomes bascos que se lêem em documentos do final do século XIX e que remetem à nossa localidade: Eztia, Vantorindaguy, Berry, Behocaray, Gardey, Salaberry, Ecosteguy, Etchepary, Etchegaray, etc. É provável que outros tenham passado por aqui, principalmente no Pavão que foi área de charqueada.
O mais notório basco francês de nossa localidade, a que temos notícia, fora João Vantorindaguy, “comissário de tropeadas”, também conhecido como João Ruivo. Sua ocupação consistia comprar lotes de gado bovino para charqueadores, observando “no olho” características como: qualidade do animal, quantidade de gordura por boi, propabilidade do uso de couro e chifre, entre outros. Negociava levando gado dos arredores até à Tablada, em Pelotas.
(Orlando Arbiza)
A boina utilizada por muitos tradicionalistas atualmente é considerada alienígena aos nossos costumes pelo MTG, que a identifica como peça estranha à indumentária gaúcha sul-rio-grandense. O que é deveras discutível, se levarmos em conta que ninguém questiona a propriedade da bombacha. À parte estas considerações, a boina chegou às terras ao norte do Rio Jaguarão provinda do Uruguay. Também não era própria daquele país, porém uma peça que se tornara popular devido a forte presença de imigrantes bascos da Espanha e França em “tierras orientales”.
Os bascos abundaram na região do Prata, principalmente no século XIX, onde foram atraídos pela possibilidade de fazer fortuna fácil. No período 1825-1842, particularmente, o Uruguay foi invadido por bascos provenientes da França, conforme estudos de Marianela Tafernaberry da Silva. Eles vieram para trabalhar com agricultura, pecuária e construção civil, mas sobretudo nos “saladeros” (charqueadas). Deve-se lembrar que a escravidão foi extinta no país vizinho já na década de 1820 (período da independência) e com isso tornou-se necessária mão-de-obra especializada na indústria do charque. Ora, os bascos na Europa conheciam o processo de salgação de carne como nenhum outro, sendo considerados especialistas na arte. Trouxeram, além disso, técnicas novas e dinamizaram os “saladeros” uruguaios. O que isso tem a ver conosco?
Desde a época da Revolução Farroupilha, várias levas de bascos franceses do Uruguay migraram para o Rio Grande do Sul, principalmente para as regiões charqueadoras. Klaus Becker afirma que a partir de 1843 um bom número de franceses chegou à Pelotas, naquele momento uma cidade semi-abandonada devido à guerra. Segundo Fernando Osório, eles teriam organizado, inclusive, a 1a. loja maçônica que se têm notícia na cidade. Estes “franceses”, em sua grande maioria, não vieram diretamente da França, mas do Uruguay sacudido por distúrbios políticos, e eram mormente bascos franceses, de acordo com Otto Guipúzcoa. Ainda na década de 1840, surgem as primeiras charqueadas em Pelotas baseadas no sistema platino (mão-de-obra livre) e que importam “carneadores e peões bascos franceses” do Uruguay. Essa migração não cessará até pelo menos a década de 1880, quando a pecuária gaúcha estará dando sinais de clara estagnação.
Capão do Leão fazia parte de Pelotas e indissociavelmente esteve implicado neste processo. O que prova isto são alguns sobrenomes bascos que se lêem em documentos do final do século XIX e que remetem à nossa localidade: Eztia, Vantorindaguy, Berry, Behocaray, Gardey, Salaberry, Ecosteguy, Etchepary, Etchegaray, etc. É provável que outros tenham passado por aqui, principalmente no Pavão que foi área de charqueada.
O mais notório basco francês de nossa localidade, a que temos notícia, fora João Vantorindaguy, “comissário de tropeadas”, também conhecido como João Ruivo. Sua ocupação consistia comprar lotes de gado bovino para charqueadores, observando “no olho” características como: qualidade do animal, quantidade de gordura por boi, propabilidade do uso de couro e chifre, entre outros. Negociava levando gado dos arredores até à Tablada, em Pelotas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário