Verão seco e quentíssimo no Capão do Leão! A polvadeira da terra seca não deixava ninguém respirar direito. O sol a pino do meio-dia castigava quem tinha que sair aquela hora para trabalhar. Sendo fevereiro, normalmente as coisas no município começavam a voltar ao normal, depois das costumeiras férias de janeiro (é verdade que alguns tiram férias em fevereiro ou mesmo no inverno, mas isso não nos interessa). A Câmara de Vereadores faz seu recesso em janeiro e volta em fevereiro, por exemplo. E quando volta já decide quem será naquele ano o novo presidente da casa. O mais comum é haver um acerto prévio e a eleição ser apenas um protocolo. O fato é que se escolheu um distinto vereador para ocupar a presidência da casa e preparou-se a sua posse. O próprio fez questão de convidar correligionários, autoridades e meios de comunicação para prestigiar a cerimônia. E este esforço surtiu efeito. De fato, no dia da posse do novo presidente do Legislativo, a casa estava cheia. E foi justamente num dia de muito calor. Imagine-se um monte de gente apinhada (pelo menos mais de 30) no plenário que é pequeno e não comporta mais do que 12 pessoas aproximadamente na platéia. Mesmo assim o ato ocorreu. Discursos de parte a parte, todos procuravam se refrescar tomando bastante água ou outro líquido gelado. Enquanto isso, na assistência, um vereador que tinha cedido a sua cadeira na bancada para uma autoridade convidada, tomava água mineral numa garrafinha pet com grande afã, fazendo do objeto quase que uma mamadeira. Ao seu lado, encontrava-se uma nobre deputada que aguardava a sua vez de ocupar a tribuna, também bebendo água mineral, só que de modo mais recatado: entornava o líquido da garrafinha num copo plástico descartável. A sessão transcorreu e chegou a hora da deputada dar seus parabéns ao novo presidente da Câmara, sendo convidada a passar a tribuna. Iniciando seu discurso, sentira sua garganta secar e foi tentar colocar água novamente no copo que pousara na tribuna, mas percebera que a água tinha acabado. O vereador da assistência que acompanhara a sessão tomando sua água na "garrafinha-mamadeira" não se fez de rogado: prontamente correu até a tribuna e encheu o copo da deputada com um "restinho" que ainda tinha.
A deputada é claro recusou. A história se espalhou e o solidário vereador teve que agüentar durante algumas semanas o incômodo apelido de "Chupetinha".