Passou hontem, o dia consagrado ao trabalho e as sociedades operarias commemoraram-a gloriosa data.
A União Operaria festejou-a, condignamente, approveitando a significação da data, para festejar a realidade das 8 horas de trabalho - importante questão que a vinha agitando, ha mezes e angariando-lhe sympathias.
Ante a posição sympathica da Imprensa local e a attitude dos poderes municipaes, protegendo a nobre tentativa, resolveu a commissão encarregada da questão das 8 horas promover uma imponente manifestação á Imprensa diaria e ao dr. José Barbosa Gonçalves, intendente municipal.
De facto, ás 7 1/2 horas da noite, saiu a manifestação da séde social, á rua Andrade Neves, á luz de fogos de bengala e acompanhada da banda musical Lyra Artistica; indo buscar, em suas residencias, os jovens Victor Russomanno e João Carlos Machado.
D'ali os manifestantes, já em grande numero, se dirigiram ás redacções, sendo saudado em eloquente oração, o Correio Mercantil pelo nosso talentoso amigo, o academico Victor Russomanno.
Em nome do Correio, respondeu, brilhantemente, o dr. José Souza Lobo, que foi muito applaudido.
O Diario Popular e a Tribuna, foram saudados pelo academico de direito, João Carlos Machado, tendo respondido, pelo Diario, o reporter do mesmo jornal, Povóas Junior e pela Tribuna, o joven Manoel Guerreiro Victoria.
A Opinião Publica, por sua vez saudada pelo joven Antolim Moreira Junior, respondeu pela palavra do academico de medicina e nosso amigo Victor Russomanno, que reafirmou a solidariedade desta folha com o operariado pelotense. Disse que outra palavra não bastaria, senão olhar para o passado d'A Opinião, para ver como ella vindo de alma popular, se identificou com este povo collocando-se, sempre na dianteira dos seus interesses.
Falando da liberdade da imprensa, que os regimens, verdadeiramente republicanos acceitam e acatam e que a imprensa moderna tem por norma, disse o orador que, de facto, A Opinião tem procurado se elevar á altura dessa concepção de liberdade da palavra escripta, sem resvalar, comtudo, para o terreno lamacento das paixões pequeninas.
Por isso A Opinião, concluiu o nosso amigo, está ao lado do povo e do proletariado.
Sempre acompanhado de grande numero de operarios, aos vivas e applausos, regressaram os manifestantes á séde da União Operaria, onde se realisou a sessão festiva, que foi presidida pelo sr. João Sequeira.
A tribuna foi occupada pelo orador official, sr. Rodolpho Xavier e outros, sendo todos muito applaudidos.
Encerrada a sessão, foi offerecido um copo d'água aos presentes.
A manifestação ao dr. Intendente Municipal não foi levada a effeito, por ter este adoecido, repentinamente.
A Opinião, felicitando á commissão promotora dos festejos, reaffirma a sua solidariedade amiga com a distincta classe operaria.
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Na séde da estimada sociedade Liga Operaria, teve logar, ás 7 horas da noite, uma sessão de assembléa geral, afim de ser dada posse á nova directoria da digna associação.
Ás 7 horas da noite, presente grande numero de socios, o sr. presidente da directoria transacta abrio a sessão, após haver explicado os fins da mesma.
Lida e approvada a acta da sessão anterior, deu-se a chamada dos novos directores, os quaes foram enthusiasticamente acclamados pela assembléa.
O estimavel sr. Augusto Vergez, presidente eleito, ao assumir esse cargo, usou da palavra para agradecer a prova de confiança que lhe fôra dada pelos seus associados, promettendo fazer todo o possivel para corresponder a essa mesma confiança.
Fallou ainda o sr. Manoel Fernandes Vieira, fazendo donativo á Liga Operaria das acções que possuia da divida interna.
Foi então encerrada a sessão, sendo os presentes convidados a passarem a uma outra sala, onde foi servida farta mesa de doces e liquidos, trocando-se, por essa occasião, amistosos brindes.
A Opinião fez-se representar.
Á nova directoria da Liga Operaria desejamos prosperidades."
Fonte: A OPINIÃO PÚBLICA (RS), 02 de Maio de 1911, pág. 01, col. 05-06
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