Fonte: LUZ, Milton. A história dos símbolos nacionais: a bandeira, o brasão, o selo, o hino. Brasília: Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 1999, 1a. ed., 2005, p. 21-25.
"O VERDE - Do Verde, como cor distintiva de um povo há referências que remontam a mais de dois mil anos. Segundo velhas crônicas, os antigos lusitanos arvoraram uma bandeira quadrada branca, servindo de campo a um dragão verde. O curioso é que esta figura mitológica, vencendo as barreiras do espaço e do tempo, iria aparecer no projeto da nossa primeira Bandeira Nacional, criada por Debret, em 1820. E mais: perduraria até os nossos dias, como emblema regimental dos nossos Dragões da Independência.
Por que o verde fora escolhido pelos lusitanos, uma aguerrida raça de pastores, simples, mas ardorosos amantes da liberdade, os mais forte dentre os mais fortes dos iberos? Seria a lembrança natural da cor dos ramos que por primeiro agitaram como insígnia? Ou dos majestosos carvalhos das encostas da Serra da Estrela, onde o legendário Viriato comandara a heróica resistência de seu povo contra as legiões romanas? O certo é que o verde, desde aqueles tempos ancestrais, lembra as lutas libertárias, as grandes conquistas e, acima de tudo, a esperança e a liberdade.
Na sua agitada guerra contra os mouros, os portugueses adotaram o verde primitivo dos lusos como suas cores nacionais, e este era o matriz da famosa 'Ala dos Namorados', a destemida vanguarda de sua Cruzada. Verde era igualmente o estandarte de Nuno Álvares, arvorado na batalha de Aljubarrota.
Verde seria, muito tempo depois e nestes sertões do Novo Mundo, o pendão do nosso bandeirante Fernão Dias Pais Leme, o Governador das Esmeraldas.
O AMARELO - Desta cor se sabe que passou a figurar, a partir de 1250, no brasão de armas de Portugal, logo depois da conquista do Algarve. Assim, em ouro (amarelo), são os castelos que representavam as fortalezas tomadas aos mouros. O amarelo recorda, ainda, as cores do Reino de Castela, ao qual, por muito tempo. Portugal pertenceu, até a sua independência. É uma esfera armilar de ouro sobre campo azul vem compor as armas do Reino do Brasil.
Em 29 de setembro de 1823, o nosso agente diplomático junto à Corte de Viena descrevera a Metternich a bandeira do novo Império do Brasil. Sobre as suas cores dissera que D. Pedro I escolhera o verde por ser esta a cor da Casa de Bragança; e amarela, 'a Casa de Lorena, de que usa a Família Imperial da Áustria'. A Casa de Bragança procedia de D. Pedro I, antes mesmo do rei, quando ainda simples mestre da Casa de Avis. Aquela Casa reinaria durante 270 anos, desde 1640 até o fim da monarquia portuguesa, em 1910.
O verde é a cor da figura principal do nosso primeiro brasão, as Armas do Estado do Brasil - inspirado na árvore que lhe deu o nome.
O AZUL E O BRANCO - A referência mais antiga sobre estas cores vem de fins do século XI, quando foram adotadas como cores do Condado Portucalense, fundado em 1097. D. Henrique de Borgonha criou, como insígnia, uma bandeira também chamada Bandeira da Fundação: uma cruz esquartelando um campo branco em partes iguais.
São estas mesmas cores que o seu filho, Afonso Henriques, levará à batalha do Ourique, arvoradas na bandeira paterna. Após as primeiras vitórias sobre os mouros, Afonso Henriques lhe modifica o desenho mas mantém as cores, o mesmo azul-e-branco que Luís de Camões defendeu como soldado e exaltou como poeta, 'braços às armas feito, mente às Musas dado'.
Nos séculos XV e XVI, as naus portuguesas ostentam, ao lado da bandeira oficial, muitas outras de caráter mais restrito: além da bandeira da Ordem de Cristo, a mais importante é a do Comércio Marítimo, que consta de um campo azul com cinco besantes de prata. Besantes são figuras heráldicas que assim se chamam por simularem as 'moedas de Bizâncio', as antigas moedas de ouro e prata. Esta bandeira - a do Comércio Marítimo, ou das Quinas - aparece em um dos primeiros mapas do Brasil, feito em 1534.
O azul entra na história de nossa heráldica por meio de brasões dos nossos capitães feudais. Assim, o blau (azul) é o esmalte das armas de Aires da Cunha, o infortunado donatário do Maranhão (cunhas azuis sobre ouro); e das de Pero de Góis, donatário da capitania de São Tomé (lises azuis sobre prata). Daí por diante, azul-e-branco serão frequentes nos nossos símbolos. Por exemplo: estarão presentes, quase sempre como cores exclusivas, nas bandeiras, insígnias, pavilhões, flâmulas, listel e escudo da Armada do Brasil - estrelas de prata sobre campo blau.
Segundo o Cerimonial da Marinha 'as estrelas usadas nas bandeiras-distintivos e nas bandeiras-insígnias são, sempre, de cinco pontas e seu número não variará com as alterações que venham a ocorrer na divisão política do território nacional."
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