"Lê-se no Correio Mercantil de Pelotas, de 3 do corrente:
NO QUE DÃO AS ADIVINHAÇÕES. - A cartomante, a adivinha, que tem-se regalado de pilhar os cobres aos papalvos e ridiculos de espírito que abundam por esta cidade, acaba de passar por uma estrondosa decepção.
Alguns pandegos de bom gosto vestiram com os costumeiros trajos femininos um esbelto rapaz de 13 annos e apresentaram-lh'o para que prophetisasse o seu futuro ou lêsse a sua sina, como lá se diz.
A bruxa, que é mesmo uma bruxa no physico e no moral, porem que de bruxa tem apenas a esperteza necessaria para extorquir o dinheiro do proximo por meios illicitos e reprovaveis, não deu pelo logro, porque realmente estava perfeitamente preparado, e, acerca do rapaz que suppunha rapariga, fez correr as cartas.
E falla assim:
- Ha de casar com um moço rico e bonito, porém ao fim de vinte dias passará pelo desgosto de perder um parente. Ha de ter cinco filhos, que por sua vez também serão muito felizes.
Quando a bruxa fallou em filhos, os espectadores cahiram na gargalhada.
E seguio-se uma interessante scena, cheia de episodios curiosos, como é facil imaginar-se, entre alguns gaiatos e uma velha estonteada.
Calcule-se que descalabro para a cartomante.
Tambem nesse dia, que foi ante-hontem ás 3 horas da tarde, suspendeu os trabalhos e deliberou não mais adivinhar para mulher sem certificar-se que não era homem.
Eis ahi o que é a adivinha, a cartomante, a feiticeira, que tem explorado á vontade e com o consentimento da policia as algibeiras dos ignorantes e fanaticos.
Que a lição aproveite e sirva de exemplo, é o que desejamos.
Aos autores da brincadeira - um bravo."
Fonte: DIARIO DO RIO DE JANEIRO, 14 de Junho de 1877, p.03, c.01-02
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