domingo, 24 de maio de 2020

O combate da Quinta


"O combate da Quinta

No Rio Grande do Sul encontrámos assim descripto o importante combate da Quinta, travado entre a valorosa columna do illustre coronel Carlos Telles e a horda do ex-coronel Salgado:

'A columna commandada pelo bravo coronel Carlos Maria da Silva Telles, tendo saído de Pelotas para o Rio Grande, por ordem do commando do 6o. districto militar depois de dia e meio de viagem, encontrou á quem da estação da Quinta o inimigo ao mando do ex-coronel Salgado e em numero superior a 500 homens, que procurou impedir a marcha d'aquella columna, arrancando os trilhos da estrada de ferro e oppondo resistencia com vivo fogo de fuzilaria. O inimigo, que occupava posições vantajosas para si, tendo-se entrincheirado nos mattos, que acompanham a linha ferrea, foi descoberto pelos nossos piquetes, ás 5 horas da manhã, proximo áquella estação.

Devido ao nevoeiro, deu-se um lamentavel e tristissimo engano: - O tenente Raymundo Nunes Pereira, pertencente ao corpo de transporte, que fazia a vanguarda da columna, julgando que dirigia-se a um piquete nosso, encontrou-se com um do inimigo, recebendo n'essa occasião tres ferimentos: um de espada e dois de bala, um d'estes grave.

Logo depois, um outro facto semelhante ia acontecendo: o valente capitão José Antonio de Souza, do 5o. regimento de cavallaria, tendo recebido ordem para mandar cessar o fogo na vanguarda, teve um encontro com uma linha inimiga, que o teria matado, si n'essa occasião não lh'o observasse o capitão Avila Ortiz, que estava pouco distante.

D'aquella hora em diante, sempre avançando e restabelecendo a linha ferrea, a columna encontrou forças inimigas que occupavam excellentes posições.

Proximo ao arroio Martins, ás 9 horas da manhã, o inimigo offereceu combate á columna que avançava debaixo de tenaz fogo de fuzilaria.

A vanguarda da columna do coronel Telles, sob o commando do distincto major Bento Gonçalves da Silva, do corpo de transporte, do 21o., 34o. e 37o. corpos provisorios, do contingente do 2o. batalhão da brigada do Estado, sob o commando do bravo major Affonso Massot, da força do 12o. batalhão de infantaria sob o commando do capitão Pinto e de uma companhia do 31o. batalhão de infantaria commandada pelo capitão Corrêa, carregou sobre o inimigo, que fugiu precipitadamente e em desordem.

As cargas de lança foram dirigidas pelos bravos republicanos capitão José Antonio de Souza, do 5o. regimento de cavallaria, coronel Antonio Candido de Azambuja, commandante superior da guarda nacional de Bagé e major Bento Gonçalves da Silva, commandante do corpo de transporte.

O inimigo, que até então resistira tenazmente, fugia agora em debandada, deixando no combate uma mala de roupa, um binoculo, 15.000 cartuchos, cento e tantas armas de repetição, muitas lanças e um estandarte do 25o. batalhão de infantaria, que se acha em poder do capitão Ortiz.

Foram prisioneiros trinta e quatro homens, entre elles um alferes do 25o. de infantaria e 3 marinheiros que pertenceram ao batalhão Francos Atiradores.

Calcula-se o prejuízo do inimigo, entre mortos, feridos e prisioneiros em 200 homens.

Depois d'esse combate, que foi uma victoria alcançada sobre os criminosos que têm assassinado o povo indefeso e depredado a fazenda alheia, a columna do illustre coronel chegou a esta cidade hontem pela manhã, depois de haver reconstruido a linha muito estragada pelos maragatos do ex-coronel Salgado."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 20 de Abril de 1894, pág. 02, col. 04

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