"Manifestações abolicionistas
Ante-hontem mesmo soube-se aqui da passagem e sancção da lei libertadora.
Durante o dia o movimento era desusado; a notícia foi recebida com grande alegria e espalhada por toda a cidade.
Havia agglomeração de povo nas ruas, principalmente junto ás redacções dos jornaes.
A' noite todas as folhas iluminaram.
A imprensa organisou então uma passeata que, sahindo do Jornal do Commercio, começou por saudar o Mercantil, representando na pessoa do seu proprietario, o sr. João Cancio Gomes; este agradeceu em breves palavras a manifestação que lhe era feita.
Depois do Mercantil foi saudado o Jornal do Commercio, seguindo o prestito encorporado para o Conservador, Federação e Reforma, fallando novamente o sr. Aurelio de Bittencourt, dr. Domingos dos Santos, pelo Conservador, dr. Adriano Ribeiro de uma das janellas da Reforma, e um dos redactores d'esta folha, do nosso escriptorio, correspondendo ao comprimento.
Na Ladeira foi saudada a Folha da Tarde, respondendo ao comprimento o sr. João J. Cesar, proprietario d'aquella folha, em um enthusiastico discurso.
Em frente á casa do coronel Salgado, que se achava illuminada, parou o prestito, orando de uma das janellas o dr. Torres Homem.
No palacio da presidencia fallou em nome da imprensa o nosso collega Aurelio de Bittencourt, respondendo o dr. Villanova, que disse congratular-se com os seus compatriotas por ver que a reforma se fizera sem abalos, desejando que a riqueza e a tranquilidade annunciadas correspondessem aos bons desejos e ás esperanças de todos.
Seguindo, a multidão penetrou no palacio epicospal, sendo calorosamente saudado o sr. bispo diocesano, que, em palavras repassadas de commoção, expressou o seu contentamento por não haver mais brazileiros escravos.
O prestito, sahindo do bispado, percorreu ainda diversas ruas ao som de musicas, dissolvendo-se em seguida.
(...) [Nota nossa: retiramos essa parte por se tratar basicamente de felicitações e oratórias]
Durante toda a festa reinou a maior ordem.
Os edificios publicos e as redacções dos jornaes estavam illuminados, bem como algumas casas particulares.
A camara municipal convidou os habitantes a illuminarem, durante tres dias, a frente das suas casas e manda amanhã, ás 11 horas do dia, cantar um Te Deum solemne em acção de graças."
Fonte: A FEDERAÇÃO, 15 de maio de 1888, pág. 02, col. 04
Os edi
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