"De acordo com Magalhães foi na década de 1910 que se verificou a modernização urbana de Pelotas. Durante quase todo o período, ocupou o cargo de intendente o engenheiro Cypriano Barcellos: ininterruptamente através de dois mandatos, entre 1912 e 1920 (já exercera a intendência entre 1904 e 1908). Foram implementados e consolidados os esgotos e água encanada, luz elétrica e telefone e, quase sempre, mediante a grandes dificuldades. O autor utiliza-se das palavras de Abadie Faria Rosa, para descrever a urbanização da cidade:
Impressionara-me aquele súbito avanço. A remodelação ia-se impondo. Estava já quase completa a instalação da rede de esgotos, preparava-se a próxima inauguração de bondes elétricos, cuidava-se da reforma do calçamento. O mercado apresentava-se outro, na elegância dos seus torreões. A ponte de pedra fora reedificada. Ao lado do Santa Bárbara havia uma praça ajardinada. Para além, o caminho do parque, que dizem agora esplendente, era um novo bairro que se intensificava com as magníficas instalações da Força e Luz. E no coração da urbs, a Praça da República, que sempre fora um encanto na formosa Pelotas, desdobrava-se ainda mais bela, como se vara mágica das Fadas houvesse operado o milagre do embelezar a própria beleza.
(...)
As preocupações com as melhorias urbanas da cidade encontram-se presentes
nos Relatórios Intendenciais da década de 1910. Veja-se, por exemplo, algumas frases
introdutórias do Relatório de 1910, apresentado por José Barboza Gonçalves:
Cada vez mais se firma em meu espírito a conveniência de serem explorados, directamente, pelo poder publico, os vários serviços que interessam á hygiene urbana e á commodidade geral dos munícipes. Entre outros de alta relevância, convem salientar, principalmente, as obras relativas ao abastecimento d’agua, aos exgottos subterrâneos e á illuminação da cidade.
Aparecem, também, nas palavras do intendente que se seguiu a Barboza,
Cypriano Corrêa Barcellos:
Entretanto, desde já, os seguintes mais importantes problemas exigem todo o nosso esforço e para cuja proveitosa solução pratica, dentro do mais curto espaço de tempo possível, despenderei todas as energias de que for capaz: - o estabelecimento de rêde de exgottos, a reconstrução da de águas, com a necessária ampliação, e a instalação dos serviços de electricidade: - bonds, energia e luz, (RELATORIO Intendencial,1912, p.3).
(...)
Magalhães cita como empreendimentos desenvolvidos durante as
primeiras décadas do século XX: plantações de arroz, que tiveram incremento por
iniciativa do coronel Pedro Osório, a partir de 1907 (Loner e Magalhães discordam com
relação ao ano de início da cultura do arroz em Pelotas); Fábrica de Fiação e Tecidos,
inaugurada em 1913; a Força e Luz, em 1912; os bondes elétricos, em 1915; a
remodelação do Mercado, entre 1911 e 1914; a fundação da Faculdade de Direito, em
1912; da Academia de Comércio, pelo Clube Caixeiral, em 1907; do Banco Pelotense,
em 1906, mas com edifício próprio a partir de 1916; do Esporte Clube Pelotas, em
1908; do extinto Tiro Brasileiro, em 1912 e do Escotismo, em 1916.
(...)
No ano de 1913, foram inaugurados, em Pelotas, dois “collegios elementares”
estaduais, o “Felix da Cunha” e o “Cassiano do Nascimento”. A incorporação dessas
instituições ao conjunto educacional da cidade demonstra que, notadamente a partir da
década de 1910, o ensino público teve um incremento. Além disso, nessa mesma
década, Cypriano Corrêa Barcellos encontrava-se bastante satisfeito com a situação da
instrução:
Problema que attrahe e prende a attenção dos dirigentes em todos os paizes, muito principalmente naquelles que, como o nosso, iniciam as primeiras pugnas da grande campanha, não tem a instrucção permanecido estacionaria em nossa terra nem se apresenta em plano inferior. Ao contrario, pode-se affirmar, com justa ufania, que seu útil desdobramento é continuo e de excellentes resultados, tornando-se já conhecidos, dentro e fora do Estado, os nossos estabelecimentos de ensino. Noveis ainda quase todos, offerecem, entretanto, provas inconcussas da bem constituída organisação de que são dotados, (RELATÓRIO Intendencial de 1916, p.19). "
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