"Rio Grande do Sul - Datas até 17.
(...)
Diz o Correio Mercantil de Pelotas:
- Nestes ultimos dias apenas tem havido no Sangradouro dous e meio palmos d'água. Alem de diversos hiates, alli estão encalhados o Mirim, Palmar e Guarany, os primeiros com destino a Jaguarão e o ultimo da mesma procedencia. Por estas extraordinarias seccas, de que não conhecemos exemplo ha muitos annos se pôde calcular os prejuízos immensos que por ahi vão na agricultura e na industria bovina.
- Lê-se no Diario de Pelotas:
<<Começam a sentir-se os terríveis effeitos da extraordinaria secca na presente estação.
Em toda a campanha os campos, que atravessavam a estação calmosa sempre verdejantes, offerecendo assim excellente pasto para o gado bovino, que faz a maior industria da provincia, estão hoje completamente despidos de relva. Os legumes e as fructas fenecem a olhos vistos, com verdadeiro sentimento daquelles que desse ramos tiram os meios de subsistencia.
Enfim, a falta d'água e notavel em toda parte de nossa provincia. E tal é ella, que já tem forçado a retirada de algumas tropas de gado da Tablada, as quaes em procura desse elemento alimentício, vão a algumas leguas de distancia, o que importa em grande transtorno. Atravessamos, pois, uma quadra verdadeiramente lamentavel.
Hoje mais do que nunca e que podemos aquilatar os beneficos resultados que nos tem dada a companhia hydraulica. Si não dispuzessemos desse poderosíssimo recurso, a quantas dificuldades e privações não estaria sujeita a população pelotense!
Temos edificantes exemplos em epochas não muito remotas, em que se chegava a offerecer 320 a 400 rs. por um pequeno barril d'água, e, note-se, em occasião em que a secca não era tão grande como a presente.>>"
Fonte: O MONITOR (BA), 30 de Janeiro de 1877, pág. 02, col. 05
"A sêcca no Rio Grande - Diz o Correio Mercantil, folha que se publica em Pelotas:
<<Estão, por assim dizer, interrompidos os trabalhos da principal industria desta cidade. A falta de gados na Tablada, em consequencia das terriveis seccas que assolam os campos do interior da provincia, tem sido origem de grandes prejuizos e produziu séria desanimação entre os xarqueadores, que se acham com seus capitaes e os braços de que dispoem para o trabalho completamente paralysados.
<<Todos devem comprehender e sentir o grande alcance desta lamentavel situação. E' indubitavel, porém, que o unico remedio possivel para similhante soffrimento é - a resignação. E resignados estão todos a quem directa ou indirectamente affectam esses males, porque é o unico recurso que lhe resta na esperança de verem, de um momento para outro, melhorar este tristissimo estado de cousas.
<<Pelo que respeita a productos bovinos importado do interior e á exportação de generos de consumo para a campanha, tambem se nota a mesma paralysação e descontentamento.
<<Não entram carretas, porque não podem transitar nessas longas campinas por falta de pastos e aguadas. As poucas que apparecem são logo fretadas por preços altos, e só assim dificilmente se pode ir attendendo por alguma forma ás necessidades urgentes dos consumidores nas proximas localidades centraes, accrescendo que para além de Bagé não ha carreteiro que se disponha a fazer viagem, com receio de vêr morrer a sede e a fome os animaes de seu trabalho.
<<Quantas privações devem estar soffrendo os habitantes do interior pode-se bem avaliar verificando que neste anno não tem entrado nem a terça parte das carretas que transitaram nos anos anteriores.
<<N'uma occasião destas, principalmente, é que se reconhecem as vantagens de uma estrada de ferro e o quanto é urgente reclamar sua construcção. Porém que! - todos estão na expectativa, á espera que do alto lhes venha o maná da salvação. Esperam o impossível.
Escreveram de Sant'Anna do Livramento:
<<O arvoredo, as plantações, as pastagens, as fontes, os arroios, tudo enfim está completamente secco!
<<O gado emmagrece e morre de uma forma espantosa! A miséria é enorme e os negociantes vivem completamente abatidos>>.
Ultimamente, entretanto, recebera-se na capital um telegramma do interior da província, noticiando terem cahido algumas chuvas em Alegrete, Uruguayana, Itaquy e S. Borja."
Fonte: O MONITOR (BA), 14 de Fevereiro de 1877, pág. 02, col. 02
"A sêcca no Rio Grande - Diz o Correio Mercantil, folha que se publica em Pelotas:
<<Estão, por assim dizer, interrompidos os trabalhos da principal industria desta cidade. A falta de gados na Tablada, em consequencia das terriveis seccas que assolam os campos do interior da provincia, tem sido origem de grandes prejuizos e produziu séria desanimação entre os xarqueadores, que se acham com seus capitaes e os braços de que dispoem para o trabalho completamente paralysados.
<<Todos devem comprehender e sentir o grande alcance desta lamentavel situação. E' indubitavel, porém, que o unico remedio possivel para similhante soffrimento é - a resignação. E resignados estão todos a quem directa ou indirectamente affectam esses males, porque é o unico recurso que lhe resta na esperança de verem, de um momento para outro, melhorar este tristissimo estado de cousas.
<<Pelo que respeita a productos bovinos importado do interior e á exportação de generos de consumo para a campanha, tambem se nota a mesma paralysação e descontentamento.
<<Não entram carretas, porque não podem transitar nessas longas campinas por falta de pastos e aguadas. As poucas que apparecem são logo fretadas por preços altos, e só assim dificilmente se pode ir attendendo por alguma forma ás necessidades urgentes dos consumidores nas proximas localidades centraes, accrescendo que para além de Bagé não ha carreteiro que se disponha a fazer viagem, com receio de vêr morrer a sede e a fome os animaes de seu trabalho.
<<Quantas privações devem estar soffrendo os habitantes do interior pode-se bem avaliar verificando que neste anno não tem entrado nem a terça parte das carretas que transitaram nos anos anteriores.
<<N'uma occasião destas, principalmente, é que se reconhecem as vantagens de uma estrada de ferro e o quanto é urgente reclamar sua construcção. Porém que! - todos estão na expectativa, á espera que do alto lhes venha o maná da salvação. Esperam o impossível.
Escreveram de Sant'Anna do Livramento:
<<O arvoredo, as plantações, as pastagens, as fontes, os arroios, tudo enfim está completamente secco!
<<O gado emmagrece e morre de uma forma espantosa! A miséria é enorme e os negociantes vivem completamente abatidos>>.
Ultimamente, entretanto, recebera-se na capital um telegramma do interior da província, noticiando terem cahido algumas chuvas em Alegrete, Uruguayana, Itaquy e S. Borja."
Fonte: O MONITOR (BA), 14 de Fevereiro de 1877, pág. 02, col. 02
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