sexta-feira, 16 de março de 2018

Famílias estabelecidas na Colônia Santo Antônio de Pelotas no século XIX


"Até 1886, novos lotes foram sendo incorporados ao núcleo francês inicial, desta vez juntando-se os seguintes alemães: Hannemann, Konrad, Mielke, Reinhardt, Mohnsan, Milach, Schiller, Schubert, Klug, Berg, Felbilac, Ulrich, Ehlert, Ketz, Erbitch, Gueiritch, Tessmann, Bernt e Lange. Também algumas famílias italianas: Ferrari, Peverada, Larroque, Cazari, Romano e Bachini. E uma família de moradores das Ilhas Canárias: Postigos. Ainda soubemos de outras famílias francesas, suíças e italianas que teriam passado pela colônia mas que não se fixaram, entre elas algumas também vindas de São Feliciano: Eugênio Vannuer (francês), Augusto Cousie (francês), Emílio Cousin ou Chosen (francês), José Rosso, italiano nascido em 1839, viúvo de Ana Francisca Duranda. Mudaram-se para a colônia Maciel ainda no início da colônia francesa, João Rosso (italiano), Domenico Duranda (italiano) e Clemente e José Zurschmitten (suíços).

(...)

Charnaud: François Charles Charnaud, vindo da França com a esposa Amelie Josephine Renault, viveu na colônia Santo Antônio e decidiu voltar para a França. Quando estavam no Rio de Janeiro para embarcar, a esposa morreu com febre amarela e François resolveu retornar para a colônia em Pelotas onde casou em segundas núpcias com Fanie Bernard, natural dos Hautes Alpes na França de onde veio com a irmã Marie Bernard casada com Pierre Escallier. François e Fanie tiveram os filhos: Maria Agostinha, Luiz Romeu e Alfredo.

Magallon: Auguste François Magallon casou em São Feliciano com Marie Françoise Colomby e eram proprietários de 22 hectares. Tiveram uma menina falecida em São Feliciano, Cecília Emabelie, Maria Agostinha, Augusto (que herdou as terras do pai, do sogro e adquiriu outras totalizando 65 hectares), Maria Luiza e Leontina.

Conte: Jean Conte, nascido na Itália, mas considerado imigrante da França, veio para o Brasil com pelo menos um irmão. Casou em São Feliciano com Josephine Isabelle Gerard vindo para Pelotas onde tiveram os filhos: Luiz falecido criança e duas filhas casadas: Sophia com Augusto Magallon e Maria Francisca com Francisco Ney.

Ney: Victor Ney casou em Camaquã com Alexandrine Colomby. É provável que Victor Ney tenha vindo solteiro para o Brasil, sabe-se que deixou um irmão que era militar na França. Foram proprietários de 40 hectares em Santo Antônio. Tiveram os filhos: Francisco, Alexandrina, Luiz, Vergínio, Eugênia casada com o italiano Nicolau Larroque Filho, Augusto, Maria casada com um alemão, Victor Francisco e José casado com Angelina Colomby.

Gerard: Saturnen Gerard, italiano, viúvo de Sophia Mési, veio para o Brasil com três filhas: Josephina Isabelle, Maria Agatha e Angelina, pelo menos duas eram casadas. Saturnen era um leigo que às vezes fazia a encomendação de corpos nos enterros pois não havia padres na colônia, e somente Saturnen sabia rezar em latim.

Tourin: Isidore Tourin, francês, adquiriu 6 hectares de terras na colônia, depois desta já ter alguns anos de formada, mas acabou vendendo as terras ao antigo dono e ainda solteiro retornou a França logo após terminada a Primeira Guerra Mundial. Segundo Lino Ribes, um morador na Colônia francesa, ele ainda escreveu algumas vezes para os franceses em Santo Antônio.

Colomby: Joseph François Andre Colomby casado na França com Marie Angelique Thoby, emigraram pelo porto do Havre em 1873, sendo um dos primeiros a chegarem em São Feliciano. Tiveram os filhos: Marie Françoise casada com Auguste Magallon, Louis Alexandre casada com Angeline Gerard, Alexandrine casada com Victor Ney. Augusta casada com Bichet, Louis Théophilo casado com uma brasileira, Marie Angelea e Andre Thomaz.

Bichet: Claude François Bichet, natural do departamento de Doubs na França, casou em Camaquã com Augusta Colomby, moraram em Santo Antônio, mas mudaram-se em 1899 para a Colônia Maciel. Tiveram os filhos: Luiz, Eduardo, Luiza casada com o francês Emílio Guiot que também moraram algum tempo em Santo Antônio; Eloy; Ernesto; Josephina casada com o italiano Ricardo Aldrighi, Julia e Izolina.

Lahut: Emile Lahut ou Lahude casou na França com Cezarine Beauvalet, provavelmente uma irmã de Arthur Beauvalet. Lahut era proprietário de 32 hectares em Santo Antônio e aqui chegou com os filhos: Jean, Amelie e Marguerite. Ainda não nos foi possível rastrear seus paradeiros, sabe-se apenas que saíram ainda no início da colônia.

Beauvalet: Arthur Achilles Beauvalet, casado na França com Louise, tudo indica que não passaram por São Feliciano, pois em 1873 já viviam em Pelotas. Sendo jardineiro, Achilles fez um bom trabalho de embelezamento da praça da cidade (hoje Praça Coronel Pedro Osório). Costumava comentar que fez um trabalho onde ninguém mais poderia ter feito, provavelmente dizia isso porque o vão central onde hoje é a praça era um local muito alagadiço e intransitável. Os Beauvalet possuíam 36 hectares na colônia Santo Antônio e para cá vieram trazendo os filhos: Blanche, Edouard e Ernesto que trabalhou como jardineiro na Quinta de Ambrósio Perret.

Bétemps: Jean François Bétemps, natural da Savoia italiana, viúvo de Marie Monique Claudine Claupe-Vevey, veio para o Brasil na companhia dos filhos: Melanie; Alexis, casado com uma catarinense, esteve por vários anos morando na Argentina antes de vir para o Brasil; Jermain; Félix, casado em São José do Patrocínio com Maria Francesca Fiou, mudaram-se para Pelotas em 1881, fabricava vinho e registrou sua cantina em 1924; Baptistine, Joseph; Marie; e Victor Jean, que casou com uma brasileira e moraram na cidade de Rio Grande.

Bertholon: Eram dois irmãos, Alexandre e Felix Bertholon. Chegaram da França em 1873 e vieram diretamente para Pelotas, onde trabalharam como ferreiros nas 'Três Vendas' antes de irem plantar parreiras na colônia francesa. Faleceram solteiros e suas terras foram herdadas por Jean Capdeboscq.

Raffi: Jean Raffis, ou Raffy, como ficou o nome, ao aportar no Brasil, depois de ter estado em Buenos Aires. Casou em São Feliciano com a brasileira Generosa da Silva. Em Santo Antônio, adquiriu 30 hectares onde viveu com os filhos: Flor casada com Hermenegildo Pinheiro Cardozo, e Modesto casado com Alexandrina Ney.

Lourant: Louis Lourant ou Laurent, casado com Catarine ou Cezarine Steinner, possuíam 36 hectares em Santo Antônio, aqui tiveram três filhas: Paulina casada com Pedro Bohns; Josephina casada com Augusto Frecu; e Maria casada com Mario Sacco sendo este último proprietário de uma fábrica de 'gasosa' em Pelotas. As terras de Louis Lourant foram vendidas para Modesto Raffy. Junto com Lourant morava um cunhado, Joseph Steinner ou Steinle, natural da França que faleceu solteiro e sem descendentes.

(...)

Carret: Louis Modest Carret casado na França com Jeanne Micheaux. Vieram para o Brasil com a primogênita, eram proprietários de 44 hectares em Santo Antônio. Tempos depois o casal voltou para a França acompanhado do filho Augusto, mas breve retornaram ao Brasil ficando por lá o Augusto que faleceu lutando na Primeira Guerra Mundial. Tiveram os filhos: Rossete; João Luís; Emílio; Augusto; e André.

Wahast: Oscar Wahast, casado com Silvie Octavie Lesarge, veio com a família em dezembro de 1880 para a colônia Santo Antônio, onde havia comprado 30 hectares. Anos depois vendeu suas terras para Augusto Pastorello e foi morar em Sanga Funda, município de Canguçu, onde contam que ambos foram assassinados durante um assalto. Tiveram os filhos: Amelie, Oscar, que fazia serviços de enfermagem e era casado com Louise Ribes; Emílio (assassinado) e Blanche que foi noiva de François Charnaud e faleceu de sarampo aos 20 anos de idade.

Martim: Jean Martim casou com Rosa Jouglard, francesa dos Alpes, vieram para São Feliciano e dali partiram entre os primeiros para Santo Antônio, chegando nesta colônia em 19 de setembro de 1880, sendo o dia seguinte considerado da fundação da colônia. Tiveram os filhos: Jean; Marius; Rosa, casada com Julio Chollet; Pedro, casado com Amelie Wahast; Leon, casado com Rosete Carret; Julio; Hipolito; Adelaide, casada com um brasileiro; e Augusto, casado com Emília Pastorello.

Escallier: Pierre Escallier casado com Marie Bernard estiveram em São Feliciano e depois em Santo Antônio onde compraram 40 hectares. Vieram da França com os filhos: Jean Joseph, Elisia Paulina, Pierre; Marie, casada com um italiano de nome Francisco Cuoco. Em São Feliciano, nasceram os filhos Josefina e Julia. Na colônia Santo Antônio nasceu outro filho: Julio Pedro, que depois se mudou para o município de Canguçu.

Crochemore: Auguste Alphonse Crochemore e Rosaline Felicite Goutier vieram para o Brasil com o filho: Alphonse Elisèe Felix Crochemore, que casou três vezes e deixou vários descendentes de seu primeiro matrimônio com a francesa Elísia Paulina Escallier, sendo proprietários, inicialmente de 35 hectares, mas no ano de 1933 já possuíam 60 hectares. Seus descendentes mudaram-se para a Vila Nova, localidade do distrito do Quilombo, divisa da colônia francesa, onde tinham uma olaria.

Ribes: Auguste Antoine Ribe, que no Brasil foi acrescentado um 's' ficando 'Ribes', partiu do departamento francês de Drome com sua esposa Eugenie Rebour e seus filhos para a colônia de São Feliciano, vindo a ocupar um lote de 20 hectares em Santo Antônio, colônia para a qual seu filho Gustave havia se transferido em 1880. Vieram da França com os filhos: Gustave; Lucie Marie, casada com o suíço Joseph Zurschmiten que veio da França, com a família Ribes e depois se mudaram para o município de Canguçu; Eugene Louise; Alcides; Louis, que comprou terras próximo ao arroio Andrade e construiu uma represa e um moinho que acionava uma famosa serraria geradora de lucros que lhe possibilitaram erguer o único sobrado da colônia francesa; Marie Hortense; Louise e Rezeda Pauline. Em São Feliciano tiveram ainda os filhos: Dedimah e Adolpho.

Gaumme: Aristin Gaumme, francês, casou-se em São Feliciano com a brasileira Maria da Silva, eram proprietários de 8 hectares em Santo Antônio.

Capdeboscq: Jean Capdeboscq, natural da Bretanha, casou em São José do Patrocínio com Marie Jeanne Renard, natural da cidade de Lyon. Veio para Pelotas com outros companheiros onde comprou 33 hectares em Santo Antônio. Jean criou uma Quinta onde fabricava vinho e que depois deixou para o filho Daniel indo para a cidade de Pelotas, onde fundou o Hotel Colonial. Pais de Maria Luiza, nascida em São Feliciano e Daniel, que foi subprefeito, subdelegado de polícia, juiz distrital, fabricante de vinhos, licores e compotas. E ainda os filhos: João Luiz, Amely, casada em segundas núpcias com Rodolpho Bonat e Pedro Augusto que era afilhado de Pedro Osório, ilustra figura na política pelotense.

Arbey: Joseph Arbey ou Harbet, ou ainda Harbes, era um francês casado com Marie Louise que imigrou para a Argentina com uma filha, Marie Louise. Na Argentina tiveram um filho, Luís Achilles. Quando de passagem pelo Uruguai tiveram dois filhos: João José e Francisco José. Ao chegarem ao Brasil tiveram o último filho de que se tem notícia, Gustavo. Em Santo Antônio tinham 32 hectares de onde retiram-se em maio de 1886 para se estabelecer definitivamente na colônia Maciel, recebendo estas escrituras em junho de 1888.

Palavet: Jules Palavet e Marie Celestine Delarme, estiveram de passagem pela colônia Santo Antônio; não pudemos comprovar se eram proprietários, mas tiveram duas filhas: Francisca e Celestina; casada com Joseph Cousin ou Chosen, que possuía 19 hectares em Santo Antônio, em 1933.

Pastorello: Domenico Pastorello, casado com Catarina Constantina Augeri, eram italianos radicados na França. Em Santo Antônio, possuía inicialmente 18 hectares. Em 1900, fundou a primeira fábrica de conservas em Santo Antônio. Fabricavam vinho e faziam compotas de pêssego e conservas de ervilha. Eram pais de Emília Margarida; Irineu; Maria Julieta, casada com Emílio Ribes cujos descendentes seguiram com a Quinta Pastorello até 1972; e Augusto, nascido na França, que fez vários trabalhos em escultura e litogravura, recebendo encomendas para o Clube Caixeral, a Prefeitura de Piratini, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, e alguns bustos e placas comemorativas que ainda hoje estão embelezando praças e vias públicas de Pelotas. Foi também Augusto Pastorello quem projetou o obelisco erguido pelos franceses em 1930 para comemorarem os 50 anos de fundação da colônia francesa.

Fouchy: Simeon Fouchy e Marie Antoinete Magdalena Thoma, franceses da região parisiense, estiveram em Curitiba e em São Feliciano, onde deixaram uma filha casada com Gustave Ribes, antes de viram para terras de Domásio Moreira no Passo do Retiro. Quando os franceses, incluindo o genro Gustave Ribes, vieram para fundar a colônia Santo Antônio, em 1880. Seu filho Franquilim Fouchy já seguiu com eles, e tempos depois toda a família se transfere para a colônia francesa e ocupa 22 hectares que haviam comprado. Os Fouchy tiveram os filhos: Marcelina casada com Gustave Ribes; Isidore, casado com Marie Hortense Ribes; Franquilin Alexandre, casado com Eugenie Louise Ribes; Angelea Delphinia, casada com Jules Albert Longchamp; e, por último Jules Clement casado com Henriqueta Arnoldt.

Fuzeri: Bartholomé Fuzeri ou Fugieri, italiano, veio com os Pastorello e também esteve em São Feliciano. Solteiro não teve filhos e está sepultado no túmulo da família Jouglard no cemitério da colônia francesa.

Jouglard: Pierre Celestin Jouglard, casado com Marie esteve em São Feliciano e veio para Santo Antônio em 1880 onde tinham 44 hectares de terras. O casal Jouglard construiu sua casa com pedras encontradas nas proximidades, e foi a primeira casa construída na colônia (1886); as paredes eram de cascalho grosso, pedras não muito grandes, apenas os cantos das paredes e o alicerce eram de uma pedra maior para firmar. Hoje esta casa não existe mais, mas existem outras que mostram este estilo seguido em outras moradias construídas conforme o desenvolvimento econômico da colônia. Antes as casas eram ranchos rústicos com poucas aberturas e cobertos com palha, possuíam um porão com porta para a rua, que servia para armazenar vinhos e colheitas, muitas vezes aproveitando o desnível do terreno. O alicerce das casas era feito de pedras e formava as paredes do porão, as pedras, sem o cuidado com as formas eram apenas sobrepostas. Os Jouglard aqui chegaram apenas com sua primogênita, Marie Louise, tendo nascido posteriormente, os filhos, Pedro, Julio e Celestino.

Jacob: Luiz Jacob, casado com Philomene eram proprietários de 20 hectares, saíram muito cedo da colônia e ainda não nos foi possível descobrir seus destinos. Tiveram os filhos: Cecília, Emílio, Luiz e Vitório.

Longchamp: Jules Albert Longchamp, francês de Marselha, veio com os pais Lucien Longchamp e Veronique Dephilet para o Brasil, e tudo indica que não passaram por São Feliciano; alguns dizem que passaram por outros lugares antes de virem para o Rio Grande do Sul, mas isto não foi comprovado. O certo é que Lucien ou Lucio Longchamp já morava com dois filhos. Chiebaud Louis e Aristin ou Aristides Longchamp, no Monte Bonito, perto da colônia francesa em 1886. Chiebaud, dizem, morreu tragicamente por má digestão ou engasgado com algo e Aristin foi expulso do convívio familiar, ou fugiu com uma negra para o Capão do Leão, onde trabalhou nas pedreiras deste lugar. Já Jules Albert Longchamp casou com Angelea Fouchy e foi morar na colônia francesa tendo os seguintes filhos: Albertina, casada com Daniel Capdeboscq; Alfredo, Clotildes e Leontina Marcelina. Após ter enviuvado, Jules Albert casou em segundas núpcias com Marie Hortense Ribes, viúva de seu cunhado Isidore Fouchy, tendo os filho: Maria Hortência, Otília Leonor e Julio Alberto."

Fonte: BETEMPS, Leandro Ramos.Aspectos da colonização francesa em Pelotas. In: História em Revista, UFPel, v.5, 1999, (não tivemos acesso ao número das páginas).

Link para o artigo original: https://wp.ufpel.edu.br/ndh/files/2017/02/05.-Leandro_Ramos_Betemps.pdf

Agradecemos a colaboração do autor!


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