sábado, 5 de setembro de 2015

Companhia Hidráulica Pelotense - Represa Moreira

Fonte da imagem: http://poisonli.blogspot.com.br/2010/12/hidraulica-pelotense-e-pedal-curticeira.html


Trecho extraído de: SILVEIRA, Aline Montagna da. De fontes e aguadeiros à penas d'água: reflexões sobre o sistema de abastecimento de água e as transformações da arquitetura residencial no final do século XIX em Pelotas-RS. São Paulo: Tese de Doutoramento do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da USP (Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Mugayar Kühl), 2009, p. 156-158.


"A REPRESA DO MOREIRA 
As obras da represa do arroio Moreira e do encanamento geral e distributivo da cidade foram definidas no contrato firmado entre Hygino Durão e a província. As obras executadas inicialmente consistiram no represamento do arroio, através da execução de uma barreira de retenção de água (com uma bacia de acumulação), e na construção de três tanques destinados ao depósito de água (clarificação), com capacidade para mil metros cúbicos cada. 
A contratação da obra com Durão mostrava avanços em relação aos projetos apresentados anteriormente, como a proposta de Cordeiro e Storry, que previa a construção de uma represa e de três reservatórios na cidade, com capacidade para conter três mil metros cúbicos de água. O plano inicial provavelmente foi alterado levando-se em conta a necessidade de purificação da água pela decantação.
Completavam a obra a rede adutora, o reservatório de ferro, a rede de distribuição e os chafarizes. O sistema fornecia água bruta (in natura), já que a primeira estação de tratamento da cidade foi construída no final da década de 1920. O represamento do arroio foi feito por uma comporta de ferro. As contenções laterais do curso d’água consistiam em muros executados com alvenaria de pedra. 
O viajante Michael Mulhall esteve em Pelotas nesse período e descreveu, em suas percepções sobre a cidade, as obras de abastecimento de água potável. Mulhall destacava que “as ruas são pavimentadas e limpas, e logo que as obras do gás e da água, já iniciadas forem completadas, a cidade terá um aspecto muito respeitável”. Mulhall vai perceber e relatar um dos problemas que há décadas preocupava a Câmara de Vereadores da cidade: a qualidade da água potável. O viajante comentava que “até agora, o mais sério problema tem sido a falta de água pura, pois a única fonte é a água do rio São Gonçalo, retirada um pouco acima das charqueadas, que mesmo assim ainda turvam um pouco o líquido”. Em seu parecer destacava que
 o aqueduto agora em construção tem umas 12 milhas de extensão, trazendo água das colinas que formam um anfiteatro no lado oeste. [...]. O concessionário do suprimento de água é o senhor Durão, que avalia em 50 mil libras esterlinas o custo da obra em execução. O aqueduto consistirá apenas de canos colocados deste ponto até a cidade de Pelotas, a distância sendo declarada invariavelmente entre 12 e 14 milhas. Perto da Cascata, encontramos uns seis homens fazendo cabanas para os trabalhadores encarregados da construção do aqueduto. O capataz [...] espera ele que a água alcance Pelotas em menos de um ano.  
Alguns anos após a passagem de Mulhall as obras já estavam concluídas, e Echague anunciava, em seu relatório de 1876, as novas obras a serem executadas na represa. As obras referiam-se a construção de uma casa para o pessoal responsável pela manutenção da represa e dos tanques e a reposição e reparos dos danos causados pelas águas no terreno contíguo a represa. Ambas foram contratadas por empreitada com Carlos Zanotta.
As obras de manutenção da represa foram uma constante nas administrações posteriores, exigindo intervenções de porte significativo ou, em muitos casos, a conservação dos serviços já executados."   

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