Fonte da imagem: http://poisonli.blogspot.com.br/2010/12/hidraulica-pelotense-e-pedal-curticeira.html |
"A REPRESA DO MOREIRA
As obras da represa do arroio Moreira e do encanamento geral e
distributivo da cidade foram definidas no contrato firmado entre Hygino Durão e a
província. As obras executadas inicialmente consistiram no represamento do arroio,
através da execução de uma barreira de retenção de água (com uma bacia de
acumulação), e na construção de três tanques destinados ao depósito de água
(clarificação), com capacidade para mil metros cúbicos cada.
A contratação da obra com Durão mostrava avanços em relação aos projetos
apresentados anteriormente, como a proposta de Cordeiro e Storry, que previa a
construção de uma represa e de três reservatórios na cidade, com capacidade para
conter três mil metros cúbicos de água. O plano inicial provavelmente foi alterado
levando-se em conta a necessidade de purificação da água pela decantação.
Completavam a obra a rede adutora, o reservatório de ferro, a rede de
distribuição e os chafarizes. O sistema fornecia água bruta (in natura), já que a
primeira estação de tratamento da cidade foi construída no final da década de 1920. O
represamento do arroio foi feito por uma comporta de ferro. As
contenções laterais do curso d’água consistiam em muros executados com alvenaria
de pedra.
O viajante Michael Mulhall esteve em Pelotas nesse período e descreveu, em
suas percepções sobre a cidade, as obras de abastecimento de água potável. Mulhall
destacava que “as ruas são pavimentadas e limpas, e logo que as obras do gás e da
água, já iniciadas forem completadas, a cidade terá um aspecto muito respeitável”.
Mulhall vai perceber e relatar um dos problemas que há décadas preocupava a
Câmara de Vereadores da cidade: a qualidade da água potável. O viajante comentava
que “até agora, o mais sério problema tem sido a falta de água pura, pois a única fonte
é a água do rio São Gonçalo, retirada um pouco acima das charqueadas, que mesmo
assim ainda turvam um pouco o líquido”. Em seu parecer destacava que
o aqueduto agora em construção tem umas 12 milhas de extensão,
trazendo água das colinas que formam um anfiteatro no lado oeste.
[...]. O concessionário do suprimento de água é o senhor Durão, que
avalia em 50 mil libras esterlinas o custo da obra em execução. O
aqueduto consistirá apenas de canos colocados deste ponto até a
cidade de Pelotas, a distância sendo declarada invariavelmente entre
12 e 14 milhas. Perto da Cascata, encontramos uns seis homens
fazendo cabanas para os trabalhadores encarregados da construção
do aqueduto. O capataz [...] espera ele que a água alcance Pelotas
em menos de um ano.
Alguns anos após a passagem de Mulhall as obras já estavam concluídas, e
Echague anunciava, em seu relatório de 1876, as novas obras a serem executadas na
represa. As obras referiam-se a construção de uma casa para o pessoal responsável
pela manutenção da represa e dos tanques e a reposição e reparos dos
danos causados pelas águas no terreno contíguo a represa. Ambas foram contratadas
por empreitada com Carlos Zanotta.
As obras de manutenção da represa foram uma constante nas administrações
posteriores, exigindo intervenções de porte significativo ou, em muitos casos, a
conservação dos serviços já executados."
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