domingo, 9 de agosto de 2015

A cidade de Pelotas na visão de um norte-americano na década de 1930

Pelotas na década de 1930. Fonte da imagem: http://www.novomilenio.inf.br/santos/bonden36.htm 

A visão de um norte-americano que visitou a cidade de Pelotas nos anos 30, vindo de trem de Rio Grande. O interessante é que ele estabelece um paralelo entre Pelotas e Rio Grande. Logicamente, seu relato deve ser apreciado com um olhar crítico, sem ser tomado ao pé da letra, afinal era um estrangeiro que chegara a uma terra desconhecida.


Trecho extraído de: NASH, Roy. A conquista do Brasil: edição ilustrada. (trad. Moacyr N. Vasconcelos). Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1939, p. 253.


 "Debruçados sobre a amurada do navio e com a visão barrada pela linha interrompida que oferecem os armazéns do Frigorífico Swift, maldizemos o rigor dos funcionários portuários; depois de uma hora em terra, porém, esquecemo-nos da demora. Rio Grande é uma cidade esquálida, pousada sobre uma planície arenosa. Lugar onde ainda existem sarjetas e fossas e onde não parece que haja o desejo de remover nem o lixo e nem a água estagnada. Duas horas são tempo escasso para vermos alguma cousa de interessante, e, por isso, tomamos o trem para Pelotas, ansiosos por deixarmos Rio Grande.

   Ah! mas Pelotas é bem diferente! Tem uma população urbana de cerca de 50 mil almas possuídas do desejo de dotar a cidade de tudo quanto há de melhor e mais moderno no mundo. Aí encontram-se bondes chegadinhos de novo dos Estados Unidos e nos quais as funções do condutor e do motorneiro são combinadas de forma a forçar tanto o passageiro que entra como o que sai a passar pelos olhos de uma única "autoridade". Indaga-nos então o nosso cicerone se há cousa melhor em Nova York. Somos forçados a confessar que quando o novaiorquino sobe num elétrico, dois empregados logo lhe gritam — sem nenhuma cortesia — "suba depressa". A cidade abriga ainda um cine-palácio para mil pessoas e no Club Comercial, mobiliado pelo Maple, de Londres, vê-se pela primeira e última vez, no Brasil, essa cousa que tanto maravilha o americano: um prédio com aquecimento central. O nosso tempo é curto, mas, basta para nos convencermos de que Pelotas bem merece o título de "Rainha do Sul!"

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