A localidade remonta a meados do século XVIII e surgiu, muito provavelmente, após o Tratado de Santo Ildefonso (1777), quando foram redefinidas as fronteiras do sul do Brasil e a Vila de Rio Grande retornou à posse lusa. A partir de então, se iniciou o processo de concessão de terras (sesmarias) na região. Nesta época, antes do fim do século, a área atual de Capão do Leão era conhecida como Serranías del Pabón ou Serranias do Pavão, fazendo parte do distrito de Cerro Pelado, ligado à Comandância Militar de Rio Grande, e compreendia cinco principais sesmarias: Pavão (que pertenceu ao Brigadeiro Rafael Pinto Bandeira), São Thomé, Sant’Anna, das Pedras e do Padre Doutor. Nesta última foi erigido o Oratório de N.S. da Conceição – 1o. templo religioso da região, datado aproximadamente de 1790. Foi também na sesmaria do Padre Doutor (cujo nome era Pedro Pereira Fernandes de Mesquita) que viveu seu mais famoso sobrinho nos anos de sua infância e adolescência: o Jorn. Hipólito José da Costa – Patrono da Imprensa Brasileira. Outros sobrinhos do Pe. Doutor que viveram na estância e tiveram o tio como preceptor de estudos foram: Pe. Felício da Costa Pereira, um dos fundadores de Pelotas; e Saturnino da Costa Pereira, político influente durante o Império e que chegou à presidência da Província do Mato Grosso.
A primeira menção ao nome atual – Capão do Leão – aparece em 1809 e durante a maior parte do século XIX a localidade vai ser uma espécie de ponto de parada e descanso no caminho percorrido pelos tropeiros que traziam gado da Campanha Gaúcha até o núcleo charqueador de Pelotas. O oficial alemão Carl Seidler, em sua obra Dez Anos no Brasil , descreve sua estada em Capão do Leão em 1829, relatando alguns pormenores. Outros relatos aparecem em cartas da época farroupilha, inclusive, um registro de batalha campal no outono de 1836.
Em 1851, houve o princípio da colonização européia não-portuguesa na região e, na área de Capão do Leão, foi criada a Colônia Dom Pedro II – que recebera 300 colonos irlandeses. Apesar de não ter logrado êxito (não durou trinta anos), algumas das famílias permaneceram na localidade, o que pode ser verificado pelos sobrenomes de descendentes.
Após 188, com a instalação da ferrovia Rio Grande-Bagé, que justamente passa por Capão do Leão, a localidade vai tomar certo impulso rumo a uma crescente urbanização. A construção da Estação Ferroviária (1884) vai favorecer que o comércio de serviços e consumo desenvolva-se em torno da mesma. Além disso, a facilidade da ferrovia permitirá que Capão do Leão transforme-se em estação de veraneio para a elite de Pelotas. Excursões de trem, bailes e concertos ao ar livre e piqueniques ao redor de elegantes vivendas e solares de inspiração européia passaram a ser constantes. Os maiores símbolos da suntuosidade desta época romântica são as visitas: da Princesa Isabel e do Conde D’Eu em fevereiro de 1885; do poeta Olavo Bilac em 1916. Em 1893, a importância política e econômica do Capão do Leão já evidente, o converteu à condição de distrito de Pelotas.
No início do século XX, a fruticultura de clima temperado será outra atividade econômica de destaque e fator de progresso e crescimento à vila. Processo que tomou mais intensidade ainda com a instalação da Compagnie Française du Port du R.G.S., em 1909. Esta empresa explorou o granito existente nas pedreiras leonenses até 1914, com a finalidade da construção dos Molhes da Barra do Porto de Rio Grande. Logo após a saída da companhia francesa, as pedreiras do Cerro do Estado passaram a ser exploradas por uma companhia norte-americana, até serem emcampadas definitivamente pelo Estado do R.G.S. Não por acaso, o bloco de granito existente em Capão do Leão, com cerca de 4km de extensão é considerado o 2o. maior do planeta.
O tripé veraneio/fruticultura/pedras sustentou o desenvolvimento da Vila do Capão do Leão até aproximadamente a década de 1950. Desde então, a proximidade com o pólo regional de Pelotas converteu o lugar em foco de atração de migrantes. Novas áreas urbanas (Jardim América, Parque Fragata, etc.) foram sendo criadas e houve significativo acréscimo populacional. No campo econômico, o arroz, a soja, a pecuária leiteira e os frigoríficos despontaram como protagonistas, embora a atividade mineradora ainda permanecera importante. Em 1963, ocorreu a 1a. tentativa de emancipação do Capão do Leão, que fora fracassada. Somente em 1982, em novo processo emancipatório, surgia o município de Capão do Leão, separando-se de Pelotas.
Prefeitos:
· Elberto Madruga (1983-1985) – obs.: faleceu antes de completar o mandato.
· Getúlio Teixeira Victória (1985-1988) – obs.: vice-prefeito que assumiu após a morte de Madruga.
· Manoel Nei Neves (1989-1992)
· Getúlio Teixeira Victória (1993-1996)
· Manoel Nei Neves (1997-2000)
· Vilmar Motta Schmitt (2001-2004; 2005-2008)
· João Serafim Quevedo (atual)
Artigo originalmente publicado na edição 144 do Jornal Tradição, em maio de 2009