Sobrenome alemão toponímico, sendo uma aliteração do nome Preischeid - município associado ao município maior de Arzfeld, no distrito de Eifel Bitburg-Prüm, no estado alemão da Renânia-Palatinado.
História, Genealogia, Opinião, Onomástica e Curiosidades.Capão do Leão/RS. Para informações ou colaborações com o blog: joaquimdias.1980@gmail.com
No século X, é anotado o nome arcaico Leobvico, podendo ainda este sobrenome ter raízes patronímicas. Ainda assim, no princípio da formação do Sacro Império Romano Germânico (séculos X e XI) no alto alemão antigo verificava-se o substantivo lubbo que quer dizer mentira.
Por fim, pode ainda ser uma aliteração para lupulus e designar um produtor de lúpulo (no caso das áreas meridionais da atual Alemanha).
Variantes: LUBBE, LUBBEN, LUBENING, LUEBBERING, LÜBBE, LUEBE, LUEBBE.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964.
Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Filmografia (atriz):
1964 - Não Tenha Pena de Mim (inacabado);
1966 - Gentle Rain (EUA/Brasil);
1968 - O Bandido da Luz Vermelha; Noite Sem Homem;
1969 - América do Sexo;
1969/1982 - O Despertar da Besta (Ritual dos Sádicos);
1970 - Os Deuses e os Mortos; Juliana do Amor Perdido;
1971 - Pindorama; Prata Palomares;
1971/1982 - O Rei da Vela;
1972 - Roleta Russa;
1973 - Sagarana, o Duelo; Os Homens que eu tive;
1974 - A Cartomante;
1975 - Pecado na Sacristia; Guerra Conjugal;
1976 - Noite Sem Homem;
1977 - O Cortiço; Barra Pesada;
1979 - Muito Prazer;
1980 - Ave Soja, Santa Soja (CM) (narração);
1981 - O Homem do Pau-Brasil; Amor e Traição (A Pele do Bicho);
1982 - Luz Del Fuego; In Vino Veritas (narração);
1983 - Pena Prisão (CM) (narração);
1990 - Índia, o Caminho dos Deuses (como ela mesma);
1999 - Ano Novo (CM); Sobre os Anos 1960 (CM) (narração); Ano Novo (CM);
2003 - Glauber o Filme, Labirinto do Brasil (depoimento).
Filmografia (diretora):
1982 - In Vino Veritas;
1990 - Índia, o Caminho dos Deuses.
Fonte: SILVA NETO, Antonio Leão da. Astros e estrelas do cinema brasileiro. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010, pág. 341.
Segundo Affonso A. de Freitas esta denominação é "apodo, injúria, insulto, praga deprimente, termo da mais baixa linguagem do idioma francês, com que os companheiros de Villegaignon, vindos ao Brasil em 1555, mimoseavam, por alcunha, os Tupinambás, em agradecimento à generosidade e leal desinteresse com que os que nossos infelizes aborígenes apoiavam as pretensões de domínio dos idealistas fundadores da França Antártica". O mesmo autor, cita a explicação do significado e a origem da palavra bougre dada por Littre em seu Dictionnaire de la langue française, edição de 1885.
O odioso ou desprezível vocábulo bugre, hoje ainda, em grandes partes do Brasil, muito corrente como designação popular dos índios, tendo passado daí a figurar até na nomenclatura, chegou a ser adotado pela etnografia internacional como denominação da tribo jê do município de Blumenau no Estado de Santa Catarina a qual, aliás, é chamada também de Aweikoma, Botocudo e Chocré.
Fonte: BALDUS, Herbert & WILLEMS, Emilio. Dicionário de Etnologia e Sociologia. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1939, pág. 35.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Fonte: LOPES, Nei. Dicionário escolar afro-brasileiro. São Paulo: Selo Negro, 2014, pág. 136.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
A união das mãos: simboliza o socorro mútuo e o laço de fidelidade entre os esposos.
Anel de noivado: a troca de anéis entre prometidos existe desde a Antiguidade. Na época, era um anel de ferro. A diferença entre o anel de noivado e o de casamento apareceu na Idade Média. No século XV, o primeiro passou a ostentar uma pedra preciosa para se diferenciar do segundo, sóbrio e discreto. O hábito de usá-lo no anular da mão esquerda, correspondia a uma crença egípcia segundo a qual um nervo ligava esse dedo diretamente ao coração. A aliança, promessa de fidelidade, simboliza o compromisso mútuo entre esposos. A troca de alianças como signo exterior de responsabilidade conjugal é uma tradição inglesa do século XIX adotada depois no resto do mundo.
Acordo de casamento: é termo nascido no Renascimento para designar a permissão dos pais aos jovens nubentes e a reunião na qual se assinava o contrato de casamento.
Coroa de flores na cabeça da noiva: a tradição é bizantina e tem por função atrair proteção divina. As flores brancas, em particular as de laranjeira, símbolo de virgindade e fecundidade, eram obrigatórias no passado. A França exportou a moda para o Brasil no século XIX.
Dote: conjunto de bens doados pelo pai à filha por ocasião do casamento, doação destinada a compensar a herança dos irmãos. Ele podia compreender mobiliário, louça, roupa de cama e mesa, e joias. No Brasil, entravam no dote escravos, terras e animais de criação. Entre noivas pobres, até mesmo sacos de mantimentos e galinhas o poderiam compor. Teoricamente, as mulheres podiam manipulá-lo, mas cabiam ao marido a gestão e o dever de restituí-lo à família em caso de divórcio. Não foram poucas as esposas que entraram na justiça contra o mau uso que os consortes faziam de sua fortuna.
Lua de mel: tradição adotada no século XIX. É um tradução de honey moon, expressão de origem viking: o hidromel, bebida fermentada feita de água e mel, era bebido durante a semana nupcial.
Sair à francesa: expressão que designava a retirada discreta do casal de nubentes para a lua de mel, sem que ninguém percebesse.
Jogar arroz sobre os noivos: acontecia na saída da igreja e tinha o intuito de dar sorte ao casal. Esse costume já existia na China antiga - é a ressurgência da tradição de lançar frutas secas, símbolo de fecundidade, sobre os nubentes.
Enxoval: dado pelos pais da noiva, era composto de lingerie pessoal e roupa de cama e mesa. Trata-se de um costume antigo. No século XIX, era chamado trousseau.
Corbeille: a palavra refere-se à tradição, popularizada no século XIX, de o noivo oferecer presentes à noiva: rendas finas, lenços bordados e raros xales da Índia, em geral de caxemira; luvas de pele e, sobretudo, joias pequenas e grandes. A ideia era seduzir a jovem senhorita pela opulência. A corbeille era também uma demonstração do poder financeiro do noivo perante o dote da futura esposa, além de um prêmio pela virgindade dessa última. Os presentes podiam ser ofertados em baú, caixa ou pequena cômoda, onde tais pertences eram guardados. Os presentes ficavam expostos, às vésperas do casamento, para deleite e críticas da família e dos amigos. Na vitrine das lojas, ofereciam-se corbeilles completas. No Brasil, os presentes dados aos noivos passaram a ser expostos não necessariamente sobre a cama, mas com destaque para demonstrar, como na França oitocentista, o poder financeiro da família dos contraentes.
O branco no casamento: a moda do branco foi introduzida por Amélia de Leuchtenberg, segunda esposa de Dom Pedro I. Ela adotou o costume que vinha da época do Consulado napoleônico: o vestido de casamento longo, branco e acompanhado de véu de renda, como o que usou Carolina Bonaparte para esposar o general Murat. A seguir, dona Francisca, irmã de Dom Pedro II, casou-se com o Príncipe de Joinville também vestida de branco, em meio às damas de amarelo e verde. A princesa Isabel, ao trocar alianças com o Conde D'Eu, também vestiria filó branco, véu de rendas de Bruxelas, grinalda de flores de laranjeiras e ramos destas no lado esquerdo do vestido.
Traje da noiva: eis um exemplo de "toilette de noiva" publicado em setembro de 1859, no jornal feminino O Espelho: "um saiote aberto na frente, cercado de fofos, mas mangas muito largas cercadas de fofos como os do saiote, o corpinho é fechado com cabeção que vem até o cinto onde se prende por um laço de fitas, cujas pontas prendem ao comprido do vestido. O véu preso à cabeça pela coroa de noivas cai pelos ombros".
Fonte: DEL PRIORE, Mary. Conversas e histórias de mulher. São Paulo: Planeta, 2013, pág. 36-37.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964.
Fonte: FAUSTO, Boris. Crime e cotidiano: a criminalidade em São Paulo (1880-1924). São Paulo: Brasiliense, 1984, pág. 67-68.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
Fonte: HERÁLDICA PORTUGUESA, Lisboa, 1960.
8 - AGOSTO
(...)
1808 - Na povoação de Assú, hoje cidade, provincia do Rio Grande do Norte, ouve-se pelas 8 horas da manhã um grande estrondo vago, á maneira de um trovão subterraneo, que se dirigia de léste a oeste, e em seguida sente-se tremer a terra por algum tempo, abalando de tal modo as pessoas que mal podiam suster-se em pé, causando choque, nos vidros e louças, que perdiam o equilibrio. Esse terremoto foi sentido em todo o sertão do Assú, desde a costa até vinte leguas para o interior e ao longo da costa até o sertão do Piauhy, onde se attribuiu o terremoto o castigo por haveream alli umas mulheres torrado uma criança pagã, pondo-a dentro de um tacho sobre bruxas, para fazerem feitiçaria com as suas cinzas!
Esse facto é referido pelo juiz de direito João Valentino Dantas Pinagé, citado na Selecta Braziliense, pág. 268.
Fonte: GAZETA DE NOTÍCIAS (Rio de Janeiro/RJ), 08 de Agosto de 1880, pág. 02, col. 06
Hontem, ás 7 horas da noite, vinha uma grande malta de capoeiras, fazendo as costumadas tropelias, pela rua da Conceição.
Chegando ao largo de S. Francisco de Paula, foi perseguida pela policia.
Mas esta, infelizmente, só conseguio pôr a mão no chefe da malta, Antonio Ferreira Chaves de Oliveira, que estava armado com um estoque.
A malta deixou vestigios de sua passagem ferindo um pacifico cidadão que teve a infelicidade de encontrar-se com ella. Foi o Sr. Manoel Martins Pereira.
Fonte: DIARIO DE NOTICIAS (Rio de Janeiro/RJ), 04 de Novembro de 1885, pág. 02, col. 07
Sobrenome brasileiro de origem toponímica. Remete a uma antiga fazenda no Ceará.
Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964.
O sub-intendente do 1o. districto, tenente-coronel João Leite Pereira da Cunha, fez hontem uma diligencia á rua Sá Brito, n. 9, onde tem sua residencia um feiticeiro conhecido por Tio Pedro.
Cercada a casa por força publica, a auctoridade penetrou no interior do antro do feiticeiro, encontrando ahi muitas bugigangas e correspondencia de pessoas que recorriam aos sortilegios do embusteiro. D'esta nos foram confiados uma carta e um bilhete, que inserimos a seguir, a título de curiosidade, si é que, de um d'elles, pelo menos, não tire a policia algum subsidio em prol da justiça.
Eis a carta, conservadas a orthographia e a pontuação original:
Snr. Pedro.
Tem por fim esta communicar-vos á triste e desagradavel noticia que hontem me fizéra sabedôra o noivo de J. dizendo que o irmão delle (Snr. J.) decidiu-se muito breve seguir para a Europa logo que venda a casa de negocio ou mesmo ja que elle não venda, elle segue e deixa os negocios aqui (não quer é demorar-se creio ou pelo dicto do B., nem mais um mez elle pretende demorar-se aqui. Más eu como tenho muita fé na Nossa Senhora Sta. Bárbara estou certa que elle não partirá d'aqui sem cazar-se comigo comforme o Snr. dissera que era minha sôrte. Espero que o Snr. faça com que elle não parta d'aqui sem cazar-se comigo, ao que pesso que me responda ao que aqui eu mando pedir-lhe com bastante fé na Nossa Senhora Sta. Bárbara.
Recomende-me á todos de casa e acceite as mesmas de todos aqui da casa.
Esperando vossa resposta sua criada obda. - C.A.C.
(Julgamos conveniente, quanto aos nomes envolvidos n'esta carta, conservar-lhes apenas as iniciaes; assim tambem relativamente á assignatura, por extenso, da supersticiosa e leviana creatura que confiou a sua sorte á magia grosseira de um negro ignorante; deixamos-lhe apenas aas iniciaes.)
✥✥✥✥✥
O signatario do bilhete foi mais cauteloso: um simples L, eis tudo quanto elle poz no final de sua laconica e tenebrosa missiva, que aqui vai reproduzida:
O portador deste é um Preto que se em carega de fazer de zaparecer o sogeito o por uma vez o a borecer porém não lhes pagues nada sem o serviço feito e a dispeza que fizeres eu Pago o que eu quero é verme livre dele.
Comversa com ele e trata de Por as cozas em andamento Saio amanhã.
teu L.
✥✥✥✥✥
Entre os acessorios da feitiçaria de Pedro foram encontrado trapos, camisas de homem e de mulher, tudo cheio de nós apertados.
✥✥✥✥✥
Fonte: A FEDERAÇÃO/RS, 10 de maio de 1895, pág. 02, col. 04
Filmografia:
1935 - Bonequinha de Seda; 1936 - O Jovem Tataravô; João Ninguém; 1939 - Anastácio; Aves sem Ninho; Um Apólogo - Machado de Assis (1839-1939) (CM); 1948 - Poeira de Estrelas; É com este que eu vou; 1949 - Não me Digas Adeus (No Me Digas Adiós) (Brasil/Argentina); Escrava Isaura; 1950 - O Noivo da Minha Mulher.
Fonte: SILVA NETO, Antonio Leão da. Astros e estrelas do cinema brasileiro. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010, pág. 111.
Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964.
Crôa-Canga
(Por Maciel de Alverne)
Há uma lenda muito interessante
nos campos da minha terra:
méte mêdo ás creanças,
assustando os seus crentes,
- uma coisa que nem mesmo sei dizer o que é. -
Só aparece de noite,
Crôa-Canga, é o seu nome.
É de fôgo, e não queima,
não tem aza, mas vôa,
não tem vida e, no entando,
corre atraz do novilho
e do homem tambem.
Muita gente acredita
que é cabêça de velho,
que tem néto
e bisnéto.
Crôa-Canga não é nada,
mas é tudo, no campo.
O vaqueiro não anda sosinho de noite.
Ele acha que a bicha
é Mãe-d'agua que sae do riacho encantado.
Crôa-Canga não existe,
mas a gente do campo acredita em sua vida.
E ninguem a convence
de isso ser fôgo-fátuo.
Essa lenda que vem de milenios,
está firme:
O cabôclo acredita,
tal e qual o politico baixo,
- Crôa-Canga que é de poder,
que por mais derrotado que seja,
com a derrota jamais se convence.
Crôa-Canga é a politica "dele"
que o ilúde, o convence, o engana,
como aquele cabôclo do campo
que por mais que se explique a verdade,
vive cégo e enganado na vida
crendo firme na lenda encantada
que a desgraça da tal Crôa-Canga,
foi na vida, mulher de algum padre.
Fonte: O COMBATE/MA, 11 de Outubro de 1933, pág. 03, col. 01
Com o crescimento populacional e com a chegada de barcos, os construtores passaram a se preocupar com materiais mais sólidos, como, por exemplo, a pedra. A primeira notícia de uma construção de pedra no Brasil parece ter sido a da torre de Olinda, em Pernambuco, construída pelo seu donatário Duarte Coelho Pereira, que utilizou argamassa com cal extraída de conchas e sambaquis.
Quando chegou à Bahia em 1549, Tomé de Souza e seus homens trouxeram um código ou regimento mandado elaborar por D. João III, o qual incluía instruções relativas às edificações. O governador deveria mandar... fazer sua fortaleza e povoação grande e forte em lugar conveniente no sítio em que se encontrava o estabelecimento do donatário Francisco Pereira Coutinho, ou perto dele. Deveria também levantar, sem demora, uma estacada de madeira ou muro de barro e trazer consigo pedreiros, carpinteiros e oleiros para a fabricação de tijolos e telhas. No interior dessa estacada, construíram-se os primeiros edifícios de Salvador: uma casa de câmara provisória e um armazém de madeira e barro coberto com folhas de palmeira. Dois anos depois, as construções haviam sido substituídas por edifícios maiores de pedra, cobertos com telhas.
Depois de inspecionar a costa do Brasil em 1553, Tomé de Souza voltou à Bahia e escreveu a D. João III sobre "as honradas casas de pedra e cal" que tinha visto em São Vicente. Ao instalar o seu governo na Bahia, obrigou os proprietários rurais a construírem casas robustas (torres). A mais notável delas é a Casa da Torre, de Garcia d'Ávila, criador de gado, situada em Tatuapara, Bahia. A casa forma um retângulo de cinquenta metros de comprimento pelo frontispício sul que dá para o mar, disposta à volta de um pátio de pouco mais de 14 metros de frente circundado por arcadas. Parcialmente arruinada, nela podemos ver procedimentos construtivos usuais na Colônia, com a ênfase dada ao trabalho de cantaria nos cunhais, nos vãos, nos arcos e nos entablamentos. As paredes são feitas de alvenaria, destinadas a receber revestimento de argamassa. Para o assentamento das pedras, usava-se cal extraída de ostra. O ponto alto de seu conjunto é a capela de forma hexagonal, com paredes e abóbadas revestidas de tijolo e a presença de arestas. A residência de Garcia lembra, por sua robustez, as congêneres do norte de Portugal, particularmente da região do Minho e Douro donde, igualmente, são designadas por torres. Inicialmente ele a batizou de São Pedro de Rates, provavelmente em honra de Tomé de Sousa, cujo pai era ligado a Rates, localidade perto de Braga, ao norte de Portugal. Dessa região vieram tradições de arquitetura doméstica que predominavam no período colonial, em Minas e interior, assim como no litoral.
Fonte: BATTISTONI FILHO, Duílio. Pequena história das artes no Brasil. Campinas: Átomo, 2020, pág. 12-13.
Fonte: FURTADO, Nelson França. Vocábulos indígenas na geografia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Champagnat, 1969, pág. 126.
Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964.
Segundo Affonso A. de Freitas Aimoré significa em tupi "flauta ruim", sendo composto de aíua: ruim, contraído em ai, e de mboré: flauta. Observa o mesmo autor: "A denominação Aimoré, aplicada aos Botocudos, provém do hábito desse povo de, na impossibilidade de tocarem o boré, soprando-o pela boca, em consequência da deformidade do beiço inferior e da adaptação do batoque, fazerem-no pelas narinas, arrancando do instrumento sons que, por certo, não serão maviosos".
Os descendentes vivos dos Aimorés, mais tarde chamados de Botocudos, são os índios Krenak do rio Doce em Minas Gerais e Espírito Santo. Na obra aparecida em 1867 Von Martius anota a respeito do número dos Aimorés: "Foram calculados, na totalidade de seu território que se estende do rio Preto, afluente do norte do Paraíba, até o rio Patipe (de 22o a 15o. 30' de latitude sul) e ao oeste até a orla do mato da segunda, cordilheia (Serra do Espinhaço), em 12 a 14.000 cabeças, o que, talvez, seja exagerado; dizem que desse número, cerca de dois mil moram perto do rio Jequitinhonha.
Fonte: BALDUS, Herbert & WILLEMS, Emilio. Dicionário de Etnologia e Sociologia. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1939, pág. 20-21.
Fonte: SERAINE, Florival. Relação entre os fatos históricos e a onomástica no Brasil. In; Revista do Ceará, 1964.
O jogo de bola-de-gude parece ser um divertimento infantil muito generalizado em todo o Brasil. Pelo menos em Pernambuco pode-se dizer que é praticado pela gurizada patrícia - embora naquele Estado do Nordeste eu não tivesse a feliz lembrança de observar as suas características. Como a cirandinha, a amarelinha, o papagaio e o balão, o jogo de bola-de-gude é um brinquedo dos mais vulgarizados entre nós. E não há garoto brasileiro que não tenha feito as suas briguinhas na rua por sua causa. Nem há homem que não tenha feito as suas briguinhas na rua por sua causa. Nem há homem que não se preze de, em moleque, ter sido um dos fervorosos adeptos do delicioso joguinho.
Em Petrópolis, Estado do Rio, o divertimento denomina-se, como em algumas regiões, jogo de bola-de-gude. Participam do brinquedo quanto meninos queiram, inclusive jogando de parceria, isto é, os adversários se intercalando, cada um com uma bola de vidro. O jogo é realizado tendo por campo o chão de terra, sobre o qual se fez um único orifício denominado búlica. Será corruptela de "bula", no sentido de "habilitação"? Possivelmente, pois só depois de conseguir atingi-la é que o jogador fica apto, com movimentos mais livres, para atacar o adversário. Após entrar na búlica é que, realmente, tem início o jogo. Nenhum participante pode matar a bola do companheiro sem que antes alcance a búlica. A uma distância estabelecida da búlica - geralmente cinco metros - ficam os garotos. A preferência é jogar por último, pois se o primeiro participante conseguir boa posição, dificilmente alcançável pelos adversários, estes não jogarão suas bolas em direção do orifício. Antes, preferirão arreá-las onde eles se encontram, a cinco metros da búlica. E aquele que terá que procurar matar uma ou mais bolas dos concorrentes partindo dessa distância. Mas o primeiro pode achar conveniente não se afastar do orifício, onde forçosamente as bolas dos companheiros poderão se colocar por perto, numa jogado mal feita ou de azar. Nestas condições não será difícil para o primeiro jogador matar as bolas dos amigos - ainda mais que as matanças sucessivas, se as posições o favorecerem, poderão fazer com que as distâncias demasiadas ou perigosas, de umas bolas em relação às outras, sejam eliminadas. A cada falha de lance o jogador colocado mais próximo à búlica tem ocasião de preparar o seu jogo.
Acrescente-se que matar uma bola é vê-la deslocada do seu lugar, pelo contacto proposital da bola jogada por quem tem a vez de atirá-la. Isto é, o jogador tem de, com a sua própria bola, mover a bola do companheiro. A palavra tem o mesmo sentido em São Paulo e Pernambuco. Matar mais de uma bola em um só lance - naturalmente, quando há mais de duas bolas em jogo - é considerado erro.
Marráio parece ser corruptela de "marralho", do verbo "marralhar", que significa insistir. Ou melhor, o jogador "marralha", insiste em ser o último a jogar, em direção da Búlica. "Marralho", ou "eu marralho" dever-se-ia dizer. O termo Marráio é também vulgarizado em Barra Mansa, Estado do Rio.
"Cabide" possivelmente seja deformação de "cabida", no sentido de aceitação. O jogador pedir ao companheiro ou aos companheiros para ler "cabida" e solicitar que o deixem jogar depois do "último" e do "marraio"...
O jogo realizado entre companheiros leais é feito com bolas de tamanhos e pesos iguais ou aproximados. Quando realizados por criaturas pouco leais, tem sempre bolas de tamanhos e pesos diferentes. Todavia, os pesos e os volumes nem sempre são produtos da má fé, dependendo, mesmo, das bolas que cada um possui como propriedade. A bola muito apreciada em Petrópolis é aquela feita do caroço do coco-de-catarro, o caroço da macaíba (Acocomia sclerocarp, Mart.), também conhecida por macaúba, macajá e bocaiúva. A bola é pequena e leve. É mais difícil de ser atingida pela bola do adversário, por ser minúscula, e como é leve oferece facilidade para ser atirada à grande distância. Isto é, favorece a técnica e os numerosos truques... Há uma espécie de bola de vidro, de tamanho médio, colorida e que muito agrada os jogadores: é a bola que possui três ou mais cores diferentes, formando desenhos diversos em forma ondulada, Essa bola, tão apreciada, tem o curioso nome de "Olho-de-boi".
Fonte: A GAZETA (São Paulo/SP), 04 de Outubro de 1961, pág. 06
A peonada tinha que se alimentar bem, mas a quantia semanal de carne, várias vezes, não era suficiente. Arroz tinham em abundância, algum feijão e temperos. Além dos ovos em profusão.
Final de semana chegava e os peões gostavam de reunir os amigos dos arredores para apreciar alguma coisa alcoólica e fazer um jantar improvisado. Só que carne mesmo não tinham muita, mas havia muito arroz. Então, o prato principal dos ajuntamentos era arroz, impreterivelmente. Daí cada um contribuía com algo para o arroz, seja que carne que fosse: guisado (carne moída), sobrecoxa de galinha, um pedaço de agulha, bacon, uma linguiça calabresa, etc. Não tinha jeito, o arroz virava um entreverão. Só que mesmo com a contribuição de cada peão e dos amigos, muitas vezes o arroz ficava pobrinho, com um naco de qualquer carne sendo encontrado ora aqui ora acolá.
Pois bem... como que se podia tornar aquele arroz mais robusto, nutritivo? O que eles tinham muito eram ovos de diversas aves, portanto, cozinha-os e vai também. E igualmente tinham muito queijo. Rala-se o queijo e coloca-se por cima. O que importava era o arroz ficar nutritivo, saboroso e forte.
Essa então é a origem do Arroz de Cabanheiro, que aqui registramos para que não se perca.
Ingredientes
Arroz (o quanto baste)
Óleo de soja
Sal
Temperos
Cebola a gosto
Alho a gosto
Pimentão a gosto
Molho ou extrato de tomate
Carnes
Uma porção picada de carne bovina de segunda
Uma porção picada de carne suína
Uma porção de sobrecoxas de frango cortadas em pedaços
Uma tira de bacon cortada em pequenos pedaços
Linguiça calabresa picada
Preparo do arroz
Fritam-se as carnes na panela com o óleo até ficarem bem cozidas. Sal a gosto. Acrescentam-se os temperos gradualmente e, em seguida, o molho ou extrato de tomate. Após esperar o tempo normal de cozimento das carnes com temperos, coloque a porção de arroz que deseja, a água e espere finalizar.
Finalização com o queijo e os ovos
Uma porção generosa de ovos cozidos e picados de galinha, pato e ganso
Uma porção generosa de queijo colonial ralado
Após o arroz estiver pronto, acrescente as porções de ovos picados e queijo ralado. Misture, aproveitando a caloria do arroz recém pronto.
Pão d'água, pimenta e vinho são acompanhamentos recomendados.