Sabe aquelas situações de tão
surreais que parecem mentira se são contadas. Pois é, aí vai uma que foi
protagonizada por vários leonenses que estavam viajando numa excursão até a
cidade de Porto Alegre.
Num sábado, até não muito
tempo atrás, ainda neste ano de 2016, uma excursão saiu do Capão do Leão em
direção à capital gaúcha para participar de um encontro político. O ônibus saiu
cedo e voltou à tardinha. Tradicionalmente como fazem muitas linhas intermunicipais
que percorrem a rodovia BR-116 rumo ao sul do estado, há uma espécie de
intervalo programado no Paradouro Grill, em Cristal, para que os viajantes
possam lanchar e usar os banheiros.
Já era noitinha quando a
excursão chegou no Grill e havia uma movimentação incomum naquele momento na
região. Havia acontecido um acidente fatal envolvendo um ciclista sobre a ponte
do rio Camaquã, fato parcialmente constatado pelos excursionistas ao
visualizarem viaturas da Polícia Rodoviária e a ambulância da concessionária no
local em que se verificou a tragédia.
Ao descerem, alguns
excursionistas leonenses se dirigiram primeiramente aos banheiros do paradouro
e perceberam que havia um grupo de moradores locais em um pequeno grupo
aproximadamente situado na plataforma conversando sobre o fato. Neste momento
parte da conversa não deixou de ser ouvida. Foi daí que diante que as palavras
tomaram um tom cômico e surreal, apesar da elevada seriedade do acontecido.
- Quem morreu foi o Tico!
- O Tico morreu?!
- Caramba, coitado do Tico...
Morreu o Tico!
- O nosso Tico? Não pode ser.
- Sim, o Tico morreu. Uma moto
pegou o Tico na ponte do rio Camaquã. O amigo dele, o Zé, foi lá e reconheceu.
- Ué, eu pensei que fosse o
Tico do João que morreu, foi o Tico do Zé?
- É, foi o Tico do Zé que
morreu. O Tico do João tá vivo.
A vontade de rir de alguns
leonenses que acompanhavam o papo sem querer evidentemente era enorme, mas
diante da situação, se controlaram. Porém, a conversa seguiu e cada vez mais
improvável.
- A moto passou por cima da
cabeça do Tico. Coitado, estava durinho lá em cima da ponte.
- O Tico tava duro?
- Sim, a morte foi súbita. A
ambulância recolheu o Tico, mas o Tico já estava duro quando o colocaram na maca.
Levaram para Pelotas, mas já tinha entrado em óbito. Tem que avisar o Tio
Helmut que o Tico do Zé morreu.
- Caramba, ainda ontem vi o
Tico do Zé lá na arrozeira. Tava faceiro o Tico, tava bem, tava forte!
- Bah, conhecia o Tico desde
pequeno, desde que ele era o Tiquinho! Coitado!
- Pois é, como é a vida não é
mesmo?! Ontem o Tico tava aí bem vivo e ativo, hoje tá morto.
Para concluir, já próximo dos
excursionistas reembarcarem no ônibus, duas senhoras de origem alemã localizadas
próximas à banca de revistas que existe no Paradouro lamentavam uma com a
outra:
- Pois é, né comadre?! O Tico
do Zé morreu e agora o que vai ser daquelas gurias? Coitadas, o Tico era tudo
para elas. A Fulana mesmo?!... Era muito agarrada no Tico!