domingo, 7 de fevereiro de 2021

Tremor de terra em Jaguariaíva



"Tremor de terra

O Diario da Tarde, de Curitiba, relata este curioso phenomeno:

'No dia 28 do mez findo deu seu um phenomeno bastante assustador entre Jaguariahyva e Assumguy de Cima, no logar denominado Conceição, Districto do Cruzeiro. Os habitantes dos arredores até hoje estão aterrorisados e não sabem explicar o acontecimento.

Em hora que não nos foi indicada foi ouvido naquelle local um estouro semelhante ao de um canhão monstro.

Saindo algumas pessoas para ver o que seria, depararam na propriedade do sr. João Francisco com grande parte do terreno abatido e a tão grande profundidade que as copas dos pinheiros ficaram razas com o chão!

O proprietario, sr. João Francisco, recebu tal emoção que caiu doente e até agora conserva-se no leito.

O terreno abatido tinha grande plantação de cereaes.

Os habitantes dos arredores, que nunca viram um tal phenomeno, tomaram-n'o como 'um aviso do annunciado fim do mundo!' A verdade, porém, é que desses phenomenos tem havido em muitas partes e não são mais do que resultados de commoções que se passam diariamente no seio da terra."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 27 de Novembro de 1899, pág. 01, col. 04

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Sublevação de escravos em Cacimbinhas



"O
Jornal do Commercio da referida cidade de Pelotas dá a seguinte noticia:

'Na capella da Luz (Cacimbinhas), segundo informação de pessoa fidedigna, descobrio-se uma sublevação de escravos, projectada a estalar no dia 7 de setembro e tendo por fim, conforme confessam alguns dos escravos presos, assassinarem os senhores, roubar-lhes o dinheiro e as filhas e seguirem a unir se ás forças revoltosas de Entre-Rios, tendo antes assaltado as principaes casas. O plano, porém, felizmente, não surtio efeito, porque foi a tempo frustrado. Foram presos 15 a 20 escravos dos indiciados no barbaro crime os quaes seguiram para Piratiny, em cuja cadeia se acham retidos. As autoridades de Piratiny tratam de syndicar a respeito, e com a maior energia."

Fonte: DIARIO DE PERNAMBUCO (Recife/PE), 29 de Setembro de 1873, pág. 01, col. 03

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A Lenda da Flor da Corticeira



"Flor da Corticeira

DANTE DE LAYTANO

A revista Querência, no. 1, que se publicou em Pôrto Alegre traz um versão da Lenda da Corticeira, no Rio Grande do Sul:

'Tem-se como certo que a flor da corticeira é a própria alma da índia Anahi, a mais feia e desgraciosa de tôdas as mulheres de uma determinada tribo. Mas se Anahi não possuía dotes físicos, em compensação, tinha uma voz maviosa e doce, que fazia inveja às pombas silvestres. Feita prisioneira, certa vez, matou, as sentinelas de guarda. O inimigo, enfurecido, condenou-a a morrer queimada. Colocada sôbre as ramas de uma árvore baixa e de folhas largas, o fogo, em labaredas, lambeu-lhe a carne, transformando-a, aos poucos, numa forma estranha e rubra, como se fôsse a própria alma do fogo. Quando raiou a madrugada, estava a árvore coberta de flôres escarlates, da côr do sangue, e do fogo. Ela beberra, pelas raízes, o sangue de Anahi..."

Fonte: O PIONEIRO (Caxias do Sul/RS), 19 de Dezembro de 1959, pág. 12

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

O caso da linguaruda de Pelotas



"Refere uma folha de Pelotas, que na noite de 27, ás 8 1/2 horas da noite, aproveitando-se do quasi isolamento das ruas por causa do pessimo tempo, alguns individuos embuçados, encontrando nas proximidades da praça Municipal uma senhora de nacionalidade franceza, antiga tintureira, alli ha longos annos domiciliada com sua família, despirão-na completamente e com grude pegárão-lhe depois nas costas um grande cartaz com este distico:
'Toma juizo, velha gaiteira, e não sejas tão linguaruda'."

Fonte: JORNAL DO COMMERCIO (Rio de Janeiro/RJ), 12 de Maio de 1882, pág. 01, col. 02

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Rio de Janeiro em 1895



"Um jornal fluminense diz que, salvo alguma omissão, a cidade do Rio de Janeiro tem 1097 ruas, 1 grande campo, 185 travessas, 43 praças, 61 beccos, 40 ladeiras, 9 avenidas, 43 largos, 39 morros, 38 praias, 1 aldeia, 8 villas, 1 lagôa, 21 ilhas, 13 caminhos, 10 fortalezas, 5 boulevards, 16 cáes, 2 serras, 5 grandes jardins, 7 cemiterios, 6 prados de corridas, 2 bellodromos, 3 frontões, 12 theatros, 1 praça de touros, 1 jardim zoologico, 1 mercado, 2 muzêus, 15 bibliothecas, 1 pedagogium, 5 conventos, 5 escolas superiores, 70 igrejas catholicas e 1 synagoga."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 18 de Fevereiro de 1895, pág. 01, col. 02

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Mestre Batista


 
Neives Batista ou simplesmente ‘Mestre Batista’ – nasceu em 27 de junho de 1936. 

Mestre Batista é notadamente uma figura clássica e rememorada no carnaval pelotense. Com passagens por escolas como Estácio de Sá, Academia do Samba e General Telles, Batista foi quem trouxe novamente o uso do sopapo nas baterias das escolas de Pelotas. 

Em 2007, Mestre Batista foi reconhecido pelo governo federal como ‘Mestre Griô’. 

‘Tudo que se refere à cultura me agrada. Sou negro em movimento. Sou feliz’, disse o Mestre Batista, em depoimento ao Museu da Pessoa. Um dos últimos sonhos dele, e talvez o que mais queria fazer ainda em vida, é uma grande homenagem aos lanceiros negros. 

Pedia ajuda aos orixás pra realizar esse desejo. Está registrado aqui, mestre. Você fez, com toda a sua vida. 

Batista não queria ‘deixar morrer’ esta história. Nós também não podemos deixar morrer a que aprendemos e tivemos com ele. No sopapo, a memória de um povo inteiro está viva na batida de um tambor. Mestre, tamboreiro, griô, fiel companheiro, para nós também um legítimo lanceiro negro lutando por suas raízes e sua libertação. 

Dizia que ‘o Sopapo oferece som grave’, e era mestre na confecção. A técnica praticamente desaparecida, foi resgatada por ele através do projeto Cabobu – Encontro dos Tambores – designação que homenageia os carnavalescos Cacaio, Boto e Bucha. Ao final dos anos noventa, o pelotense Giba Giba conseguiu apoio do governo gaúcho e viabilizou o projeto. Foram duas edições, ambas em 2000, com apresentações de talentos como Naná Vasconcelos, Djalma Corrêa, Paulo Moura, Chico César. Baptista integrou-se à iniciativa – em 1999. Na ocasião, ele confeccionou quarenta instrumentos resultado de oficinas abertas, ao público ministradas no Colégio Pelotense, que foram distribuídas para personalidades da música e entidades carnavalescas. 

Para Baptista, mais do que a sonoridade que distinguia o Carnaval de Pelotas, o tambor é instrumento espiritual e equivale ao ‘atabaque-rei’. Ele acrescenta: ‘O tambor é o som sagrado dos orixás’. 

Mestre merecedor de toda a nossa reverência, e nosso agradecimento!

Fonte: Ícones Inesquecíveis. Pelotas/RS: Conselho da Comunidade Negra/Prefeitura de Pelotas, 2019. (folder de divulgação cultural)


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